Raphael Machado, Telegram. Trad. O’Lima.
Membros da unidade especial da polícia militar detêm suspeitos de tráfico de drogas durante uma operação policial contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, Brasil, na terça-feira. Aline Massuca/Reuters/CNN
O governo estadual do Rio de Janeiro, liderado pelo governador Cláudio Castro, lançou uma grande operação policial nas favelas dos complexos da Penha e do Alemão. A operação mobilizou a Polícia Militar (com suas forças especiais, como o BOPE e o Choque) e a Polícia Civil (com sua força especial CORE) com o objetivo de cercar as favelas em questão para executar centenas de mandados de prisão. A mobilização envolveu 2.500 policiais e estima-se que nas favelas visadas houvesse mais de 500 membros da facção criminosa Comando Vermelho, a segunda maior do Brasil.
O Comando Vermelho é, entre as grandes facções criminosas do Brasil, a mais antiga ainda em operação, tendo surgido durante o período do regime militar. Hoje, a essência das suas operações concentra-se na ocupação territorial e na possibilidade de monetizar essa ocupação: os narcoguerrilheiros cobram rendas dos residentes, cobram “taxas” das empresas e monopolizam o fornecimento de TV a cabo, gás, eletricidade, etc. Dadas essas fontes de receita, o papel das vendas a retalho de maconha e cocaína no rendimento da facção diminuiu em importância.
As forças policiais do Rio de Janeiro cercaram as favelas e «empurraram» os criminosos para uma floresta densa. Os narcoguerrilheiros, no entanto, não esperavam que o BOPE estivesse à sua espera ali mesmo. O uso dessa tática explica a disparidade no número de vítimas entre traficantes e policiais, com 4 policiais mortos na operação e 132 narcoguerrilheiros mortos. Além disso, outros 113 narcoguerrilheiros foram presos e, até o momento, mais de 90 espingardas (cada um custando milhares de dólares) foram apreendidas.
Mas uma peculiaridade da resistência do Comando Vermelho durante a operação policial foi o uso generalizado de drones. Testemunhou-se que os narcoguerrilheiros usaram drones FPV para vigilância/inteligência, bem como para lançar granadas sobre a polícia. O uso de vários drones para esses fins, bem como a maneira como foram usados, lembra bastante o uso de drones na Ucrânia.
Na verdade, já havíamos relatado essa informação anteriormente:
Os cartéis brasileiros de drogas estão a enviar soldados para atuarem como mercenários na Ucrânia. Com isso, esses soldados podem adquirir conhecimentos militares atualizados, especialmente no uso de novas tecnologias militares, como drones. E há uma forte possibilidade de que, por meio dessa “troca”, estejam a ser construídas pontes para o tráfico de armas entre o narcotráfico e a Ucrânia.
Um exemplo é o “ex-mercenário” Pedro Ramaldes, que teria passado um ano na Ucrânia e também tem postagens indicando filiação ao Comando Vermelho e atuação na Penha e no Alemão, os mesmos locais da operação policial desta semana. Não há, porém, informações indicando o paradeiro do narco-mercenário: morto, preso ou foragido.
Curiosamente, o senador Flávio Bolsonaro sublinhou que o Comando Vermelho está a enviar soldados para treinar na Ucrânia e que isso precisa ser investigado com urgência pelas autoridades brasileiras, destacando também a necessidade de investigar essa onda de «envio» de brasileiros para lutar pela Ucrânia, devido à suspeita de ligações criminosas.
Tudo indica que já existe um esforço, impulsionado por algumas figuras das esferas policial, política e jornalística, tentando identificar e mobilizar o governo brasileiro contra esse esquema de recrutamento de mercenários no Brasil.
Através de fontes privadas, consegui identificar a partida de aproximadamente 45 brasileiros para a Ucrânia só nos últimos dois meses, com forte possibilidade de que entre eles haver pessoas ligadas ao tráfico de drogas.
Hoje já podemos começar a avaliar até que ponto o regime de Zelensky representa uma ameaça de desestabilização generalizada, não só para o sudoeste da Eurásia, mas também para a América Latina.
A troca de treino e equipamento com cartéis de tráfico de drogas pode impactar as frágeis democracias locais, que geralmente – com exceção de El Salvador – não demonstram capacidade para eliminar as organizações criminosas que proliferaram.
Além disso, no futuro, poderemos acabar por testemunhar o fluxo inverso, especialmente após uma potencial derrota de Kiev, com paramilitares ucranianos a fugir e a encontrar emprego em cartéis de droga no Brasil, na Colômbia ou no México, e o mercado negro ucraniano a tornar-se potencialmente a principal fonte de armas para organizações criminosas aqui.

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