ANDRÉ KOSTERS/ Lusa/Expresso
- “(…) Na semana passada, segundo fim de semana do mês de setembro, todas as urgências de obstetrícia da Margem Sul do Tejo estavam encerradas. De novo. Razão? Falta de tarefeiros. Os sete médicos contratados afinal não existiam. Esperámos que a ministra aparecesse a dar explicações. E apareceu. Disse que a culpa era das suas equipas, que a tinham enganado. Estaria a falar de Pedro Azevedo, o jovem médico sem experiência em gestão hospitalar mas cartão de militante do PSD de Almada que entrou na limpeza partidária levada a cabo por Ana Paula Martins nas administrações hospitalares com a função geral de ser para-raios da ministra. A culpa nunca é dela. Ou é dos seus antecessores, ou dos seus subalternos. (...) Apesar de terem traído a sua confiança, de tal forma que teve de o denunciar ao País, a ministra não anunciou a demissão de ninguém das suas equipas. Nem a sua, apesar de reiteradamente nomear pessoas que deixam ficar mal a sua indiscutível competência. Ana Paula Martins preferiu passar logo para a polémica seguinte, entrando em guerra com os médicos. Não sei se a ministra tem razão na proposta de obrigar os médicos do Barreiro a irem fazer uma perninha ao Garcia de Orta. Já foi feito por Pizarro, que tentou enviar os obstetras de Santa Maria (por razões um pouco mais compreensíveis, já que o bloco de partos estava em obras) para São Francisco Xavier. Houve várias demissões e a saída de seis médicos. À confusão não terá sido estranha a então pouco diplomata administradora do hospital. Uma tal Ana Paula Martins. Sei que uma ministra que, ao longo de dois anos, nunca assumiu qualquer responsabilidade pelo seu mandato desastroso, atirando sempre as culpas para baixo ou para trás, não lidera coisa alguma. E que um governante irresponsável (no sentido literal do termo) nada pode exigir aos que dirige. Ana Paula Martins não devia ser ministra desde as últimas eleições. Só o é porque a oposição é liderada por um partido inconsequente e outro deprimido. O primeiro está sempre aos gritos, levando o governo a trabalhar na aparência das coisas. O segundo está sempre a sussurrar, levando o governo a ignorá-lo. A má oposição faz o mau governo, sempre se disse. Nunca foi tão evidente. Quanto à grande prioridade da ministra, que é o dano à sua própria carreira política, podemos estar descansados. Por pior que seja a revisão da lei laboral proposta pela sua colega Maria Rosário Ramalho, o emprego de Ana Paula Martins está seguro. Para os ministros deste governo, nem o despedimento por justa causa é aceitável. Evidentemente, nunca se demitem.» Daniel Oliveira, O despedimento por justa causa não toca a Ana Paula Martins – Expresso 23set2025. Via Entre as brumas da memória.
- “Admiro o meu avô que na primeira metade da minha vida foi também o meu melhor amigo. Era preciso uma coragem fora de série para no inícios dos anos 60 se fazer frente ao poder de uma das cinco famílias que mandavam em Portugal e nas colónias (neste caso, a mesma família que ainda hoje gere - mal - os recursos dos eucaliptais pelo país fora). Estas acusações sobre as condições de vida nas roças em Angola foram dirigidas pelo meu avô ao presidente da empresa, Manuel Queiroz Pereira - que dois anos antes o tinha contratado-, numa carta à administração da Companhia Angolana de Agricultura em 1964: “Sabe que nesta "linda e bem tratada SANZALA" da B.E., há quartos em que dormem a monte seis e mesmo oito nativos? Sabe q. para a população nativa da Sanzala há apenas dois chafarizes e estes de água imprópria para consumo? Já viu as instalações, ditas, sanitárias dela e das outras Sanzalas fora da Sede? Já viu o mobiliário delas? Sabe que a habitação para nativos e seu trastejamento é obriga tório por Lei e não generosidade humanitária da Companhia? Sabe q. a Companhia está aquém do q. a Lei determina em assistência médica, hospitais e postos sanitários para os trabalhadores? Já viu q. no Hospital "modelo" da B.E. não há câmaras de desinfecção nem de desinfestação? Sabe que a casa do casal nativo Manuel Cabral-Celestina q. costuma ser mostrada às visitas é a única habitada por um casal nativo? Sabe q. algum pessoal - v.g. tractoristas nativos e praticantes de campo recebe salários inferiores ao q. a Lei determina? Sabe q. trabalhadores nativos com 15 e mais anos de casa ganham 15$00 diários "secos" e descontam mensalmente dois dias de trabalho para pagamento da farda com que têm de se apresentar ao serviço? Sabe q. nos fundos da Companhia GIRAM PARA CIMA DE MIL CONTOS DE SALARIOS NÃO RECLAMADOS, pertença moral dos trabalhadores rurais (…)” “Esclareço que a minha carta de 10 Abr. 1964 foi enviada aos Exmos Srs. Pinto Balsemão, Dr. Correia Mendes, Eng Guedes de Sousa não o tendo sido ao Presidente do C. de Adm., Exmo Sr. Manuel Queirós Pereira por o mesmo Sr. não ter querido tomar conhecimento do assunto por meu intermédio e de viva voz, na devida altura (9.3.64) e no próprio local (Boa Entrada Angola)” “Entrei ao serviço da Companhia por convite do Excelentíssimo Presidente do Conselho de Administração da C.A.D.A. por carta-contrato de 11 de Junho de 1962, depois de submetido a um interrogatório e inquérito exaustivo ao meu curriculum vitae. (…) Devo confessar abertamente que talvez devido à minha educação militar - de que muito me honro - e à falta de treino no convívio com homens de negócio e da alta finança, não tomei igual precaução (…)” Convidado pelo presidente da CADA, Queiroz Pereira, para um cargo de direcção em Angola, o major João Henrique Vieira Branco - meu avô - enfrentou as hierarquias e os administradores e fez críticas que lhe custaram o emprego e a carreira em Angola. Depois de dois anos em que conheceu as condições de vida nas roças no interior, voltou a Portugal, desempregado. Talvez para irritar o prepotente Queiroz Pereira, o ministro do Interior nomeou o meu avô, no mesmo ano em que voltou de Angola, para um cargo público (presidente da câmara de Faro, cargo de que foi demitido sete anos mais tarde, em 1971, por críticas públicas ao governo - entre outras, mandou colocar numas obras na cidade que se arrastavam há anos um cartaz a dizer “O atraso deve-se à falta de verbas do Governo Central”). Miguel Szymanski, As velhas e novas famílias que mandam em Portugal.
- Atualmente, 157 dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestino. O Reino Unido, a França, o Canadá, o Luxemburgo e a Austrália reconheceram recentemente a soberania palestina, mas continuam a enviar armas e equipamento militar a Israel. Fonte.
- A empresa norte-americana Uber enfrenta uma crescente campanha de boicote após anunciar um investimento multimilionário na empresa israelita de entregas por drones Flytrex. De acordo com o jornal israelita Haaretz, a parceria visa integrar a tecnologia de drones da Flytrex no serviço de entrega de comida da Uber, o Uber Eats. Fonte.
- O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado a cinco anos de prisão por conspiração num caso envolvendo o financiamento líbio da sua campanha eleitoral de 2007. Fonte.
- Trump arrecadou US$ 8 milhões para os sobreviventes do furacão Helene. Para onde foi todo esse dinheiro? A campanha presidencial criticou a FEMA enquanto usava financiamento coletivo para doar a organizações sem fins lucrativos evangélicas. Fonte.


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