Os Orangemen católicos do Togo e outros conflitos que conheci (16)
“Há também o facto, infelizmente inevitável, de os governos africanos serem corruptos - todos eles, em maior ou menor grau. Isto não quer dizer que os governos ocidentais não sejam corruptos - claro que são, todos eles, em maior ou menor grau. Mas os governos africanos são mais corruptos. Porque é que são mais corruptos, e de quem é a culpa, abre-se um outro leque de questões muito interessantes, abordadas de vez em quando neste livro. Mas a triste verdade é que os governos africanos são profundamente corruptos e, por isso, entregar-lhes simplesmente grandes quantidades - que ascendem a milhares de milhões de libras - do erário público britânico a título de ''apoio orçamental'' não é uma política que vá parecer ao cidadão comum como sendo claramente sensata.
O DFID argumentaria, com alguma justiça, que depois acompanha cuidadosamente as despesas do governo africano e a realização dos objetivos dos programas, para se certificar de que o dinheiro está a ser bem utilizado. Há dois problemas nesta questão. O primeiro é uma palavra maravilhosa do DFID, fungibilidade. Significa a capacidade de trocar de fundos e penso que o significado é claro se pensarmos nela como 'fudge-ability'. Em termos simples, significa que os 100 milhões de libras que o DFID vos deu para a educação são aplicados na educação. Entretanto, colocam os 40 milhões de libras do dinheiro dos vossos próprios contribuintes, que tinham para a educação, no vosso próprio bolso. Ninguém dará por isso no meio da inundação de recursos provenientes dos doadores. Fungibilidade - onde estariam os bancos suíços e o mercado imobiliário de Londres sem ela?”
Craig Murray, The Catholic Orangemen of Togo and Other Conflicts I Have Known (2008) –Atholl 2017, pp 227-228.
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