“No dia seguinte, fiz a minha primeira visita ao Presidente Gnassingbé Eyadéma, apresentando-me como representante britânico para as conversações. Eyadéma não era apenas um ditador brutal, era pessoalmente um homem extremamente duro. Alistado no exército francês, combateu nos conflitos brutais da Argélia e do Vietname, chegando a ser sargento. Regressado ao Togo, foi guarda-costas presidencial e, em 1963, assassinou o Presidente Sylvanus Olympio no âmbito de um golpe de Estado que levou Nicolas Grunitzky a assumir a presidência. Em 1967, Eyadéma liderou um novo golpe de Estado contra Grunitzky e instalou-se como Presidente. Trinta e dois anos depois ainda estava no poder.
Mantivera-se no poder através da brutalidade. Assassinara e torturara milhares de figuras da oposição. Ainda no ano anterior, em 1998, tinha conseguido a sua reeleição contra o líder da oposição Gilchrist Olympio - o filho do Presidente que tinha assassinado. O escrutínio - que Eyadéma “ganhou” por 52% a 48% - foi fortemente manipulado, como Iain Orr testemunhara em primeira mão. Centenas de adeptos de Olympio foram massacradas durante a campanha. Os corpos continuavam a ser encontrados no mato. Ainda na semana anterior à minha chegada, um lote de corpos de vítimas políticas mais recentes tinha dado à costa na praia de Lomé. Ninguém se podia considerar seguro no Togo - em 1996, um diplomata alemão foi morto a tiro pelos serviços secretos togoleses”.
Craig Murray, The Catholic Orangemen of Togo and Other Conflicts I Have Known (2008) –Atholl 2017, pp 126-127.
Sem comentários:
Enviar um comentário