"A Depressão revelou que a liberdade para alguns - para os escolhidos, os privilegiados - não era a liberdade para todos. Num famoso artigo de 1933, intitulado “The New Deal and the Constitution”, o popular escritor John Corbin questionou as pretensões dos americanos a uma qualidade exclusiva de liberdade. Ele fez uma pergunta retórica: “Pode uma nação dizer-se livre se se encontra periodicamente à beira da falência e da fome, apesar de possuir todos os materiais para uma vida boa?” Ele queria dizer que a liberdade estava comprometida quando uma nação permitia que a maioria do seu povo sofresse uma pobreza devastadora e uma insegurança económica duradoura.
A regulamentação, o planeamento regional e o reajustamento (este último um dos termos favoritos do New Deal) eram necessários para corrigir os abusos do mercado, controlar a exploração dos recursos naturais e ajustar o desequilíbrio das classes, e para o fazer, na frase do Presidente Roosevelt, “não para destruir o individualismo, mas para o proteger”. Wilson, Wallace e Corbin concordavam que as velhas doutrinas do laissez-faire já não podiam ser sustentadas e que a tese da fronteira - que presumia que a migração ocidental havia aliviado a pobreza – já não funcionava. Para Wilson, a ‘grande força desorganizadora da depressão’ era ‘uma grande e mágica mão negra’. Ao contrário da mão invisível do mercado livre de Adam Smith, a mão negra de Wilson representava os perigos de uma economia não regulamentada: mobilidade descendente e a ruína de inúmeras vidas.”
Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, pp 216-217. Trad. OLima, 2024.
Sem comentários:
Enviar um comentário