terça-feira, 17 de setembro de 2024

LEITURAS À MARGEM

White Trash - A história não contada de 400 anos de classes na América (18)


"Depois de Nova Orleães, Jackson conduziu o seu exército para a Florida espanhola em 1818. Começou por reunir tropas no Tennessee sem esperar pela aprovação do governador e depois invadiu a Florida Oriental com o pretexto de prender um punhado de índios seminole acusados de atacar colonos americanos. Quando atacou a fortificação espanhola de Pensacola, o que tinha começado como uma incursão para capturar índios rapidamente se transformou numa guerra e ocupação em grande escala.

Jackson não se limitou a ocupar o território espanhol. Violou as suas ordens e ignorou o direito internacional. Depois de ter invadido várias cidades da Florida e de ter prendido o governador espanhol, executou dois cidadãos britânicos sem motivo real. A imprensa britânica teve um dia em cheio, chamando ao major-general americano um “feroz pirata ianque com sangue nas mãos”. Numa caricatura devastadora, Jackson apareceu como um bandido moreno e arrogante, ladeado por um corpo de milicianos que não passavam de brutos esfarrapados e sem sapatos, batendo tambores com ossos e usando caveiras em vez de chapéus. (...)

Críticos proeminentes insistiram numa investigação do Congresso. O poderoso Presidente da Câmara, Henry Clay, exigiu a censura do general desonesto. Jackson foi a Washington, arrasou as autoridades legais estabelecidas e disse ao Secretário de Estado John Quincy Adams que toda a questão da Florida era entre o Presidente Monroe e ele próprio - e mais ninguém. Circularam rumores confirmados de que Jackson tinha ameaçado cortar as orelhas a alguns senadores por se terem atrevido a investigá-lo - e a humilhá-lo - no palco nacional."

Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, pp 121-122. Trad. OLima 2024.

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