White Trash - A história não contada de 400 anos de classes na América (3)
“Soldados desmobilizados, também das classes mais baixas, eram enviados para as colónias. Por diversas razões, homens e mulheres solteiros, famílias da baixa nobreza e das classes de artesãos ou camponeses juntaram-se ao enxame migratório em massa. Alguns deixavam as suas casas para fugir a dívidas que poderiam muito bem tê-los levado à prisão; outros (um bom número vindo da Alemanha e da França) viam as colónias como um asilo contra a perseguição da sua fé religiosa; com igual frequência, a mudança representava a fuga às restrições económicas impostas aos seus ofícios.
Outros aventuraram-se na América para deixar para trás reputações manchadas e fracassos económicos. Os escravos acabaram por se tornar um dos maiores grupos de trabalhadores não livres, transportados de África e das Caraíbas para as colónias britânico-americanas do continente. O seu número aumentou para mais de seiscentos mil no final do século XVIII. Havia africanos em todas as colónias, especialmente depois de o governo britânico ter encorajado imenso o comércio de escravos ao conceder um monopólio africano à Company of Royal Adventurers, em 1663. O comércio de escravos cresceu ainda mais depressa após o fim do monopólio, uma vez que os colonos americanos regateavam preços mais baixos e compravam escravos diretamente a vendedores estrangeiros.”
Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, pp 13-14. Trad. OLima 2024.
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