sexta-feira, 12 de julho de 2024

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 22

“(…) na sequência de uma pesquisa do jornalista Tilo Wagner nos arquivos da antiga Alemanha de Leste (Relações Internacionais, n.º 11, 2006), foi possível saber que, a 17 de junho de 1975, Erich Honecker, o líder partidário dos alemães de Leste, escreveu uma carta ao secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Leonid Brejnev, na qual afirmava ser ‘necessário apoiar as forças progressistas em Portugal com todos os meios possíveis […] e impedir a interferência das forças reacionárias’. O apelo para um forte apoio aos comunistas portugueses foi, contudo, rejeitado por Brejnev, tendo este advertido o líder da Alemanha de Leste de que era ‘mais importante abandonar qualquer atividade política em Portugal’ do que pôr em risco a Conferência dos Estados europeus. Dois dias depois, a 19 de junho de 1975, um memorando de Wynfred Joshua, oficial dos serviços secretos militares americanos, relatara informações que iam no mesmo sentido: ‘Alguns oficiais norte americanos acreditam que os soviéticos não querem que o PCP tome o poder, mesmo que isso seja possível, com receio das repercussões à escala mundial. Também não pensam que o líder do Partido Comunista, Álvaro Cunhal, queira adquirir o controlo do governo em Lisboa, por saber que o partido não está preparado para essa tarefa’, escrevia, após uma missão de recolha de informação em Portugal.”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 162-163.

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