“(…) na sequência de uma pesquisa do jornalista Tilo Wagner nos arquivos da antiga Alemanha de Leste (Relações Internacionais, n.º 11, 2006), foi possível saber que, a 17 de junho de 1975, Erich Honecker, o líder partidário dos alemães de Leste, escreveu uma carta ao secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Leonid Brejnev, na qual afirmava ser ‘necessário apoiar as forças progressistas em Portugal com todos os meios possíveis […] e impedir a interferência das forças reacionárias’. O apelo para um forte apoio aos comunistas portugueses foi, contudo, rejeitado por Brejnev, tendo este advertido o líder da Alemanha de Leste de que era ‘mais importante abandonar qualquer atividade política em Portugal’ do que pôr em risco a Conferência dos Estados europeus. Dois dias depois, a 19 de junho de 1975, um memorando de Wynfred Joshua, oficial dos serviços secretos militares americanos, relatara informações que iam no mesmo sentido: ‘Alguns oficiais norte americanos acreditam que os soviéticos não querem que o PCP tome o poder, mesmo que isso seja possível, com receio das repercussões à escala mundial. Também não pensam que o líder do Partido Comunista, Álvaro Cunhal, queira adquirir o controlo do governo em Lisboa, por saber que o partido não está preparado para essa tarefa’, escrevia, após uma missão de recolha de informação em Portugal.”
Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 162-163.
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