quarta-feira, 10 de julho de 2024

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 20

“Frank Carlucci chegara a Portugal a 18 de janeiro de 1975. Escolha pessoal de Vernon Walters, vice-diretor da CIA, com quem trabalhara no Brasil. Além de conversas «quase diárias» com Mário Soares, dirigentes do PPD e do CDS, e elementos «moderados» do MFA (Melo Antunes, Vítor Alves e Vasco Lourenço), manterá inúmeras reuniões com o cardeal-patriarca D. António Ribeiro, um dos seus bons amigos em Portugal. Como o próprio diplomata irá assumir décadas mais tarde, a sua agenda de atividades estava assente em cinco prioridades, e uma delas passava por manter pontes com a hierarquia católica: «Estabeleci discretamente contactos com a Igreja. Não que alguma vez lhes tenha pedido para fazerem alguma coisa, mas ia falar com o cardeal-patriarca, almoçava com ele, e percebi qual era a visão da Igreja. Pensava que a Igreja era muito importante e na realidade a chamada contrarrevolução começou com os padres das aldeias do Norte de Portugal», referiu (Carlucci vs. Kissinger – Os EUA e a Revolução Portuguesa, de Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá, 2008). (…)
Melo Antunes, do Grupo dos Nove, será cáustico: Soares e o PS «aliaram-se ao que de pior havia nas Forças Armadas» (O Independente, 1998). O ELP e o MDLP, reforçou, tornaram-se os «aliados militares preferenciais do PS».”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, p 160.

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