quarta-feira, 12 de junho de 2024

'QUANDO PORTUGAL ARDEU' 2

“Mesmo depois de ilegalizado na sequência do fracasso do golpe de 28 de setembro, o Partido do Progresso manteve os financiamentos do BESCL (antecessor do BES). Além de pagamentos destinados à organização da operação «maioria silenciosa», o banco liderado pela família Espírito Santo canalizou, com autorização de topo, vários montantes para a sua atividade, através de uma conta titulada por Costa Deitado. Nesse período, o BESCL também financiou o PPD, o CDS e o Partido Liberal, sempre através de contas caucionadas. O banqueiro Manuel Ricardo Espírito Santo e o empresário Jorge de Brito compraram os bilhetes para a tourada do Campo Pequeno, planeada para ovacionar o general Spínola e desencadear o golpe de 28 de setembro. (…)

As entradas para a corrida tauromáquica de tons políticos foram entregues a simpatizantes do Partido Liberal, de José Harry de Almeida Araújo, homem relacionado com compras ilegais de armamento. Na casa lisboeta deste dirigente político viria a encontrar-se um recado urgente, com data anterior à manifestação da «maioria silenciosa»: o banqueiro Ricardo Salgado telefonara à sua procura. Para que seria?”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 56-57.

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