quarta-feira, 26 de junho de 2024

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 10


“Através de Miguel Gentil Quina, administrador do Banco Borges & Irmão, os serviços de inteligência franceses compraram 16 pistolas-metralhadoras e entregaram-nas ao MDLP. Em Paris, Miguel Quina coordenava o apoio financeiro à Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), armada e financiada pela CIA e pelo Departamento de Estado norte-americano. Dirigidos a partir de Espanha, ELP e MDLP cruzaram meios, homens, dinheiro, armas. Duas mil espingardas Mauser, de repetição, e 500 mil munições foram oferecidas por Holden Roberto a Alpoim Calvão. O arsenal de 26 toneladas entrou em Espanha, viajando de Tunes para Cádis. A parcela mais importante transportou-se até Tuy, na Galiza, com a cumplicidade da polícia política espanhola. As armas nunca foram usadas, pois o 25 de Novembro chegou a tempo de arrefecer os ânimos. Destinadas a milícias populares que participariam num golpe previsto para 1 de dezembro de 1975, Dia da Restauração, seriam atiradas ao mar, no cabo Silleiro, em Baiona, na Galiza.”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 78-79.

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