sábado, 8 de junho de 2024

BICO CALADO

  • “(…) Nunca houve liberalismo em Portugal e certamente não vai haver dado o grau de concentração de riqueza em empresas monopólio hoje – 62 famílias detêm metade da riqueza da terra. Em Portugal o liberalismo foi tão inexistente que direitos e liberdades e garantias clássicas foram conquistados pelo movimento operário: foram os arsenalistas operários em 1836/38 que conquistaram o direito de reunião, foram mortos no Rossio por isso, mais de 100 (sim, falta-lhes uma estátua); foram os operários que conquistaram o direito à greve, morrendo e lutando, proibida pelos liberais em 1852 e na verdade sempre restringida até 1974 – o que não impediu greves desde 1852 até 1974; foram os operários que abriram escolas no final do século XIX e publicaram mais de 350 jornais operários onde se respirava a liberdade de imprensa, aliás sistematicamente alvo de leis restritivas pelo liberalismo; foi, até o direito ao voto, o sufrágio universal – medida mínima do liberalismo burguês – conquistada em Portugal com uma dupla revolução (anti colonial e dos cravos, entre 1961 e 1975). A IL não é liberal, é uma fracção do PSD, da sua extrema-direita, que, tal como o neofascismo do Chega, depois de 2008, quando diminui o bolo do aparelho de Estado, saiu do PSD para tentar pelo voto acesso aos recursos públicos, que defendem distribuir por cheques ensino, cheque saúde, sub contratações e PPPs. A campanha que fez para chegar lá, afirmando que Portugal vivia em socialismo, é uma ideia de extrema-direita, criada pelo agora preso por corrupção Steve Bannon; a que se juntam outros apoios da IL a esta ala como o apoio a políticos de extrema direita na Ucrânia (e não apenas apoio ao povo ucraniano) e em Israel, criminosos de guerra perseguidos até pelos tribunais internacionais, mas apoiados pela IL. (…) a IL não é liberal, nem nunca vai ser. É uma organização política com ideias claras de extrema-direita e defesa do aparelho de Estado. Se os media legitimaram a extrema-direita como “liberalismo”, e o Chega como “extrema-direita” nós, como dizia Kant, temos obrigação de pensar por nós mesmos: a IL é de extrema-direita, anticomunista; o Chega é neofascista. Dizê-lo não é repetir chavões, é classificar seriamente a política em vez de seguir a propaganda e o senso comum. Dar o nome certo às coisas é fundamental para as compreender. (…) Não há, nunca houve, liberalismo em Portugal porque Portugal como Estado-nação moderno nasceu (numa longa revolução burguesa de 1820-1930) depois do fim do liberalismo histórico, que estava finado em 1870. Cotrim não é liberal, é a farsa depois da tragédia, o liberalismo depois de nós termos salvo em 2008, sim, nós trabalhadores, salvo dizia eu todos os liberais do mundo e agora trabalhamos 24 dias, 7 dias por semana, sem saúde e educação para pagar a dívida pública que é privada e que a IL defende pagar-se religiosamente. A guerra que hoje se assoma entre EUA, Alemanha, Rússia e China, e cujos campos de batalha são a Ucrânia, a Palestina, entre outros, não é mais do que o espelho monopolista máximo. Os governos portugueses estão do lado de um dos impérios, a IL e o Chega também. Nós temos que escolher a que classe pertencemos, o meu lado é junto a todos os povos contra os Estados-nação e corporações, Estados dispostos à barbárie para manter as taxas de lucro. Isso não é liberalismo, é capitalismo na fase de decadência, ou seja, monopólio e guerra. Raquel Varela, A IL, Monopólio e a Guerra.
  • O Ministério Público nunca desperdiça uma campanha eleitoral. Ana Drago, DN 7jun2024.
  • A atual Secretária de Estado da Mobilidade pediu indemnização à CP sem revelar que ia para a AMT ganhar o dobro. Em apenas 24 horas, Cristina Dias conseguiu enviar o pedido de rescisão, vê-lo aprovado, obter o cálculo da indemnização e ainda teve direito a dispensa do tempo de serviço para a renúncia. Fonte.
  • A RÚSSIA é a culpada pelos golpes de Estado no Sahel africano, segundo uma nova análise do principal investigador africano do Pentágono, que ignora o papel dos EUA no treino dos líderes destes motins - e duas décadas de políticas antiterroristas fracassadas dos EUA na região. Nick Turse, The Intercept.


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