terça-feira, 30 de abril de 2024

BICO CALADO

  • O atual Presidente da República defende que Portugal devia assumir os custos da colonização e da escravatura. Marcelo Rebelo de Sousa, filho de Baltazar Rebelo de Sousa, - ministro das colónias e governador-geral de Moçambique -, deveria avançar e dar o exemplo. Podia, por exemplo, copiar o Conde de Ferreira que, para ganhar um cantinho no céu, converteu-se em filantropo e mandou fazer escolas que ostentam o seu nome.
  • “(…) As instituições dominantes - o Estado, a imprensa, a Igreja, os tribunais, as universidades - falam a linguagem da moralidade, mas servem as estruturas de poder, por mais venais que sejam, que lhes dão dinheiro, estatuto e autoridade. Todas estas instituições (…) são cúmplices através do seu silêncio ou da sua colaboração ativa com o mal radical. Foi o que aconteceu durante o genocídio que cometemos contra os índios americanos, a escravatura, a caça às bruxas durante a era McCarthy, os direitos civis e os movimentos anti-guerra e a luta contra o regime do apartheid na África do Sul. Os mais corajosos são expurgados e transformados em párias. (…)” Chris Hedges, Sermon for Gaza – ScheerPost.
  • Militares de Burkina Faso executaram sumariamente mais de 220 civis, incluindo pelo menos 56 crianças, em duas aldeias no final de fevereiro, denuncia relatório da HumanRights Watch.

Jorge Carvalho. Foto: Francisco Azevedo/Defesa de Espinho

  • “Depois do 25 de abril, colocaram-me à frente da Comissão de Extinção da PIDE em Moçambique. O meu primeiro grande espanto foi encontrar um dossiê sobre o Marcelo Caetano. Achei muito curioso a PIDE investigar o primeiro-ministro. Não só investigava como dizia mal dele, sobretudo sobre o seu aspeto moral. Naquele dossiê havia uma fotografia dele com uma mulher, que não sabia quem era, mas que aparentemente seria amante dele, tal como correspondência que eles trocavam. Fiquei muito espantado. Se até o primeiro-ministro era vigiado, que seria do resto da população? (…) Os presos diziam que eram torturados numa cave, que eram pendurados em ganchos no teto e chicoteados. Decidi então ir à dita cave e levei um PIDE. Perguntei-lhe se era verdade que tinha havido tortura e ele disse que não e que até nunca tinha visto aquela cave. (…) Quando tiraram os móveis do deparei-me com as paredes cheias de sangue. O PIDE fez-se de surpreendido e disse-me que nunca visto aquilo. Os tais ganchos do teto onde eles penduravam as pessoas tinham sido cortados, mas aquilo era um cenário de horror”. Jorge Carvalho, entrevistado por Lisandra Valquaresma, in Defesa de Espinho 25abr2024.

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