domingo, 31 de março de 2024

BICO CALADO

  • “(…) O voto em Pacheco de Amorim de todos os deputados do PSD é a arma fumegante que prova que Montenegro acha que o seu governo depende de possíveis acordos com o Chega. Só isso pode explicar que, depois do PSD ter sido humilhado pelo Chega com todo o país a assistir em direto, se engula o mínimo de amor-próprio e que se ignore a traição sem pestanejar. Valores mais altos se levantam – o governo de Montenegro ainda acredita que pode vir a apoiar-se no Chega para a implementação do programa ideológico da direita. Desengane-se. Ventura quer o poder. Não quer ‘ajudar o PSD’ ou a fraternidade da direita a implementar um programa e não se contentará com supostos ganhos de causa. Porque ambiciona roubar-lhe a hegemonia no espaço da direita, e porque quer forçar uma reconfiguração política do PSD que lhe permita aceder ao poder, o Chega é a ameaça existencial ao atual PSD. (…) ou o PSD luta pelo seu espaço e pela sua identidade política; ou, parafraseando Mário Henrique Leiria, vem um Ventura e come-o. É que acontece às forças políticas que ‘ficam deitadas, caladas, a esperar o que acontece’.” Ana Drago, Vem um Ventura e come-o - DN 29mar2024.
  • “As cenas de terça e quarta-feira na Assembleia da República evidenciaram o que a extrema-direita pretende. Infiltrar-se o mais possível nesse primordial órgão de soberania para, a partir dele, corroer os outros. Avacalhar o seu funcionamento e, por decorrência, o de todas as instituições do regime. Tudo é instrumental ao serviço de um desígnio: espalhar o caos, para justificar a reclamação da ‘ordem’ e da ‘autoridade’ antidemocrática e fascista.” Manuel Carvalho da Silva, Espalhar o caos – JN 30mar2024.
  • Rishi Sunak é acusado de clientelismo por conferir o título de cavaleiro a um dos maiores doadores do Partido Conservador, que contribuiu com milhões de libras. Mohamed Mansour, tesoureiro sénior do Partido Conservador desde 2022, é um apoiante declarado do primeiro-ministro. No ano passado, ele deu £ 5 milhões aos conservadores, a maior doação que eles receberam em mais de duas décadas. O título de cavaleiro de Mansour foi atribuído por "negócios, caridade e serviço político". Fonte.
  • 1964: não esquecemos, Lula. Remoer o passado é preservar o futuro. Tatiana Dias, Intercept Brasil.
  • “(…) as guerras atuais assentam na operação e gestão de sistemas de armas e de comando e controlo altamente sofisticados, que exigem operadores com elevado nível de preparação, o que apenas é possível com uma exigente formação técnico científica e longo período de treino, o que implica a profissionalização dos militares. Mesmo em teatros de operações de baixa e média intensidade como os do República Centro Africana ou do Mali, os europeus só empregam tropas profissionais. A proposta de serviço militar obrigatório para um conflito de alta intensidade na Europa apenas pode ser racionalmente justificado com a previsão de uma próxima crise social resultante da evolução tecnológica, que criará uma multidão de jovens sem emprego, sem utilidade económica, potenciais elementos perturbadores. Alguém definiu o soldado como um “desempregado armado”. O serviço militar obrigatório servirá, assim, para aliviar tensões sociais e políticas. Mais, o serviço militar obrigatório em ambiente de grande letalidade recupera o conceito maltusiano da utilidade de eliminação de excedentes de população. O modelo social europeu está a atingir o máximo de população que pode suportar. Não há garantia que os jovens e adolescentes nascidos no início do século XXI tenham possibilidade de receber os benefícios sociais instituídos na Europa no pós-Segunda Guerra, há que eliminar uma boa parte desta multidão de futuros beneficiários, de subsídiodependentes: uma guerra de alta tecnologia com militares de serviço militar obrigatório como alvos moles é uma solução que os partidos populistas escondem atrás de uma retórica demagógica de quem não trabalha não come e do vai para a tua terra. Por fim, a discussão das vantagens do serviço militar obrigatório serve objetivos de propaganda e ação psicológica: prepara as opiniões públicas para a situação de guerra, que será mais fácil e naturalmente aceite quando ela for desencadeada, surgirá nos meios de propaganda e na voz dos seus agentes como uma “escola de virtudes” e de nacional-patrioterismo pelas forças políticas de direita, como um instrumento de integração social e étnica, como uma alternativa às políticas restritivas de imigração. A promoção do serviço militar obrigatório, a conscrição napoleónica, serve os poderes instalados e é uma ameaça aos cidadãos em geral. É uma falsa e perigosa solução. Serve para a criação do tal “estado de pré-guerra” de que falou Donald Tusk, um discurso e um ambiente emocional muito parecidos, aliás, com os que antecederam a Primeira Grande Guerra. (…) Alguém consegue imaginar que valores arengarão os políticos europeus e os generais europeus aos contingentes de jovens soldados do serviço militar obrigatório formados e alinhados antes de embarcarem como carne para canhão para mais uma campanha? Os da libertação dos lugares santos, como nas cruzadas? Os da cristianização e da europeização como na expansão europeia que deu origem à ocupação de meio mundo e destruição das suas culturas e povos, que deu origem ao colonialismo? Os valores que na Europa originaram as chacinas ideológicas das guerras santas, da inquisição, da supremacia rácica? Que valores a defender até com sacrifício da própria vida constarão do código pelo qual os jovens europeus serão alistados? (…)” Carlos Matos Gomes, O Serviço Militar ao Serviço de Quem?Medium.
  • Israel mente sobre ser uma vítima para poder vitimizar. CAITLIN JOHNSTONE, Substack.

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