sábado, 30 de dezembro de 2023

BICO CALADO

Foto: LEONARDO NEGRAO, 28 junho 2006

  • Odete Santos, a mulher que personificava a verticalidade revolucionária. Abril, Abril.
  • “Wolfgang Schäuble (1942-2023) foi a personificação do projeto político de reforçar uma união monetária na qual ele próprio não acreditava. Para o fazer, teve de impor uma austeridade violenta mesmo na Alemanha e desmantelar instituições democráticas em países como a Grécia. Por outras palavras, Schäuble personificou a contradição explosiva que deu origem tanto à crise do euro como às políticas para a combater – políticas que levaram, por um lado, ao empobrecimento da Grécia e, por outro, à atual des- industrialização da Alemanha e à descida da Europa para a insignificância geopolítica. A história irá julgá-lo com severidade, mas não com mais severidade do que aqueles que sucumbiram ao seu projeto e às suas políticas desastrosas.” Yanis Varoufakis.

  • "Escrever e fotografar em tempo de guerra são atos de resistência, atos de fé. Afirmam a crença de que um dia - um dia que os escritores, jornalistas e fotógrafos talvez nunca vejam - as palavras e as imagens evocarão empatia, compreensão, indignação e sabedoria. Relatam não apenas os factos, embora os factos sejam importantes, mas a textura, a sacralidade e a dor das vidas e comunidades perdidas. Contam ao mundo como é a guerra, como resistem os que são apanhados na sua voragem de morte, como há quem se sacrifique pelos outros e quem não o faça, como é o medo e a fome, como é a morte. Transmitem os gritos das crianças, os lamentos de dor das mães, a luta quotidiana perante a violência industrial selvagem, o triunfo da sua humanidade através da miséria, da doença, da humilhação e do medo. É por isso que escritores, fotógrafos e jornalistas são alvo dos agressores em guerra - incluindo os israelitas - para serem eliminados. Eles são testemunhas do mal, um mal que os agressores querem enterrar e esquecer. Expõem as mentiras. Condenam, mesmo a partir do túmulo, os seus assassinos. Desde 7 de outubro, Israel matou pelo menos 13 poetas e escritores palestinianos e pelo menos 67 jornalistas e trabalhadores dos media em Gaza e três no Líbano. Senti a futilidade e a indignação quando cobri a guerra. Questionei-me se tinha feito o suficiente, ou se valia a pena o risco. Mas continuamos porque não fazer nada é ser cúmplice. Fazemos reportagens porque nos preocupamos. Será difícil para os assassinos negarem os seus crimes. (...)" Chris Hedges: The Cost of Bearing Witness.
  • A África do Sul apresentou instaurou um processo contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça pelo genocídio que aquele país está a fazer na Faixa de Gaza. MEM.

  • “A Depressão foi particularmente devastadora para os mexicanos nos Estados Unidos. Com o agravamento da economia, os governos estaduais e locais com grandes populações estrangeiras apressaram-se a aprovar leis nativistas que restringiam o emprego a cidadãos nascidos nos EUA ou naturalizados. O governador do Colorado, Edwin C. Johnson, liderou a cruzada ao limitar as possibilidades de emprego apenas aos "filhos nativos". Outros estados seguiram o exemplo. No Arizona, uma nova lei exigia que todos os funcionários públicos fossem cidadãos americanos. Os empregadores que violassem a lei enfrentavam uma multa de 500 dólares ou uma pena de prisão de seis meses. O governo federal também exigiu que todas as empresas que lhe fornecessem bens e serviços contratassem apenas cidadãos americanos. Os principais empregadores e empreiteiros cumpriram a lei. Na altura em que o New Deal entrou em vigor, os estrangeiros também estavam proibidos de trabalhar nos projetos da Works Progress Administration.” Erika Lee, America for Americans – a history of xenophobia in the United States. Basic Books/Hachette 2021, pp 164-165.

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