quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Bico calado

  • Como Israel passou de ajudar a criar o Hamas para o bombardear. As autoridades israelitas admitem que ajudaram a lançar o grupo. Esta não é uma teoria da conspiração. O Brig. General Yitzhak Segev, governador militar israelita em Gaza no início dos anos 1980 afirmou ao New York Times que ajudara a financiar o movimento islâmico palestino como um “contrapeso” aos secularistas e esquerdistas da Organização para a Libertação da Palestina e do partido Fatah, liderado por Yasser Arafat. “O governo israelita deu-me um orçamento”, confessou o general reformado, “e o governo militar dá-o às mesquitas”. “O Hamas, para meu grande pesar, é uma criação de Israel”, disse Avner Cohen, um ex-funcionário de assuntos religiosos israelitas que trabalhou em Gaza durante mais de duas décadas, ao Wall Street Journal em 2009. Em meados da década de 1980, Cohen chegou a escrever um relatório oficial aos seus superiores alertando-os para não brincarem ao divider para reinar nos Territórios Ocupados, apoiando os islamistas palestinianos contra os secularistas palestinianos. “Eu… sugiro concentrar nossos esforços em encontrar maneiras de acabar com esse monstro antes que essa realidade estoure na nossa cara”, escreveu ele. Mehdi Hasan, Dina Sayedahmed, The Intercept.
  • Os americanos raramente vêem a verdadeira face do bombardeamento de Israel a Gaza. Ao evitar imagens gráficas de morte, os media higienizam a violência da agressão israelita contra os palestinianos. Elise Swain, Alice Speri, The Intercept.
  • Cada vez mais surgem alegações de que a inteligência de Israel pode ter permitido os ataques para garantir que poderiam iniciar uma guerra. Jamie McIntyre, ANR.
  • Israel usou armas dos EUA para destruir ativos e projetos de ajuda dos EUA em Gaza. Documentos mostram que, em 2021, armas fabricadas e financiadas pelos EUA destruíram escolas da UNRWA, projetos da USAID e uma fábrica da Coca-Cola. Daniel Boguslaw, The Intercept.
  • Documentos da Wikileaks revelam produtores de Hollywood colaborando com Israel para defender os seus crimes de guerra. Alan Macleod, MPN.
  • Há dois anos, 1/3 do governo do Reino Unido tinha sido financiado pelo governo de Israel ou por grupos de lóbi afiliados. Esta situação mantém-se hoje. Pouco mais de um terço do gabinete de Rishi Sunak foi financiado por Amigos Conservadores de Israel ou grupos de lóbi. Declassified UK.
  • Ex-espiões israelitas colocados em postos-chave na Google, Facebook e Microsoft. Alan Macleod, MPN.
  • Como Israel usa o veganismo para dourar a opressão palestina. Alan Macleod, MPN.
  • Sunak está correto. O governo do Reino Unido apoia Israel vendendo-lhe armas, mantendo acordo militar secreto, opondo-se a sanções, não reconhecendo as armas nucleares de Israel, não conseguindo o fim da ocupação e negociando acordo de livre comércio. Ler: Reino Unido permite que o Qatar, o financiador principal do Hamas, tenha uma base militar em Leeming, Yorkshire, norte de Inglaterra, por Mark Curtis.
  • «Imagine o leitor que, lá por 1998, dois países do Sudeste asiático – a Tailândia e a Malásia, por exemplo – tinham ganho a competição para organizarem o campeonato do mundo de futebol. Imagine que ambos decidiam incluir na sua candidatura conjunta um terceiro país, a Indonésia. Imagine, enfim, que a então potência ocupante de Timor-Leste projetava a construção de um grande estádio de futebol em Dili, anunciando que ali se realizaria um dos jogos desse mundial. (...) menos de um quarto de século depois desse imaginado 1998, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa tecem hinos e louvores à organização – essa sim, verdadeira – de um campeonato do mundo de futebol que envolve um Estado (Marrocos) que ocupa ilegalmente o território do Sara Ocidental, no qual anuncia que vai construir um grande estádio para a realização de um dos jogos da competição. O Presidente da República lavou a história com o discurso tradicional da direita e falou de “uma candidatura europeia, africana e sul-americana, ligando países que têm uma História em comum". E António Costa não a lavou menos, esquecendo tudo o que um socialista devia lembrar e escondendo a gravidade desta iniciativa atrás de uma assética “parceria com Espanha e Marrocos” e insistindo no estafado autocomprazimento de que “temos capacidade e provas dadas na organização de grandes eventos" (…)” José Manuel Pureza, A falta atacante de Marcelo e Costa – Público 7out2023.

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