Bico calado
- “O presidente Marcelo adora ridicularizar, mas detesta ser gozado. (...) Marcelo tem por si a mais gigantesca das considerações e não gosta que o apouquem, com receio que se perceba o seu tamanho real - e com 'tamanho real' não me refiro ao seu abandono da causa monárquica ou da Casa de Bragança para se candidatar à presidência da República ou de qualquer outra das suas maquiavelices pindéricas. Marcelo é um cata-vento vingativo, um viciado na própria imagem que projecta de forma patológica. Segue e manda seguir com empenho obsessivo o que se diz e escreve sobre ele, regista tudo, nada perdoa. O meu castigo, até à data, coisa pouca: desde a primeira 'Festa do Livro em Belém', em 2016, publiquei quatro livros em Portugal e escritos em português, três deles nas principais editoras, apesar disso, nunca fui convidado para a 'Festa do Livro' do presidente em Belém. (...) Consta que não terá gostado também de um artigo num semanário alemão com o título "Dé-me lá um beijinho", o subtítulo, "Marcelo Rebelo de Sousa, popular como nenhum presidente antes dele. Mas há quem o considere um doido", seguido de uma análise à sua ligação com o regime de Salazar, Ricardo Salgado e o Grupo Espírito Santo. Não é por mim. A 'Festa do Livro de Belém' está para uma feira do livro séria como uma frigideira de bifanas para um rodízio no centro de Buenos Aires. O problema menor seriam o orgulho e o ego eventualmente beliscados de um jornalista ou escritor. O problema maior é que o presidente Marcelo, o manipulador da imprensa, defensor dos interesses de uma elite conservadora ligada ao antigo regime, o homem dos cordelinhos e dos bastidores, dos tentáculos em todo o lado é, desde o início do seu primeiro mandato, um perigo para um espírito democrático tão frágil e incipiente como o nosso." Miguel Szymanski, A 'Festa do Livro de Belém'. FB 3set2023.
- 10% dos soldados profissionais a tempo inteiro no exército britânico não são cidadãos do Reino Unido, incluindo pelo menos 1.350 soldados africanos. PHIL MILLER, Declassified UK.
- "A
Grã-Bretanha tinha uma grave escassez de mão de obra no pós-guerra e
desesperava por trabalhadores estrangeiros que viessem ajudar a reconstruir o
país. (...) Os governantes esperavam sobretudo europeus brancos e sentiam-se
muito menos à vontade com a ideia de trabalhadores negros das Índias Ocidentais.
Em 1946, o governo calculou que o país precisava de mais 1.346.000
trabalhadores. Com a ajuda do governo, mais de cem mil membros das forças
armadas polacas que tinham lutado contra os alemães receberam autorização para
se instalarem com as suas famílias no Reino Unido e outros oitenta mil
ucranianos, letões e polacos foram recrutados ao abrigo do programa de
Trabalhadores Voluntários Europeus. Entre 1946 e 1962, cerca de cinquenta mil
trabalhadores irlandeses chegaram a Inglaterra todos os anos, sem que se tenha
discutido praticamente as potenciais consequências sociais do afluxo. Em 1949,
chegaram cerca de 6.500 italianos e, em cada ano da década seguinte, foram
admitidos cerca de oito mil. Mas a ideia de
que os jamaicanos pudessem também avançar para ajudar era tão incómoda que os
responsáveis tomaram medidas enérgicas para os desencorajar. Em 1947, o
Colonial Office enviou um oficial à Jamaica para dissuadir as pessoas de irem
para lá, tentando sugerir que não havia muitos empregos disponíveis". Amelia Gentleman, The Windrush betrayal – Guardian Faber
2019, p 99
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