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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Bico calado

  • “Recorde-se, mais uma vez, que o Ministério da Saúde está a fazer todos os esforços para manter secretos os contratos das vacinas contra a covid-19, onde constam os preços unitários. Desde o final do ano passado decorre um processo de intimação do PÁGINA UM no Tribunal Administrativo de Lisboa, quase kafkiano, para acesso aos contratos de compra das vacinas. Ainda esta semana, a juíza do processo exigiu que o Ministério da Saúde provasse, com documentação, que os contratos entre a Direcção-Geral da Saúde e as farmacêuticas, solicitados pelo PÁGINA UM, se encontravam no site da Comissão Europeia. Aguarda-se essa “prova”, até porque, na verdade, aquilo que consta no site da Comissão Europeia são apenas os acordos, barbaramente rasurados, entre a Comissão von der Leyen e as diversas farmacêuticas, algumas das quais nem sequer venderam qualquer dose a Portugal. O actual director-geral interino da Saúde, André Peralta-Santos – um dos principais candidatos a substituir Graça Freitas como Autoridade de Saúde Nacional –, e que colaborou no ano passado por quatro vezes com a farmacêutica Pfizer, defendeu em Julho passado, junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, que o Ministério da Saúde deveria, “para efeitos de contestação” à intimação do PÁGINA UM para acesso aos contratos de compras de vacinas e outros documentos associado às aquisições, “questionar, mesmo nesta fase do processo, se os Tribunais nacionais serão os competentes para julgar esta matéria”. A Pfizer foi a empresa farmacêutica que mais vendas terá efetuado a Portugal.” Página Um.
  • Organizações de defesa judaica criticaram fortemente o parlamento canadiano por aplaudir Yaroslav Hunka, um veterano ucraniano de 98 anos que lutou na Waffen SS nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Hunka foi convidado a comparecer ao parlamento como um “herói ucraniano e canadiano”, durante uma visita do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, na semana passada. RT/ANR.
  • A CAP (...) vem hoje a público manifestar o seu veemente desacordo com a possibilidade de decisão do PSD-Madeira, mas também do CDS seu parceiro de coligação, de se apoiarem no PAN para se manterem no poder naquela Região Autónoma.” CAP, via Agrooportal.
  • “Quando um partido se sente órfão do ora catedrático Passos Coelho e não permitiu que o economista Rui Rio ficasse, talvez porque pagou sempre o que devia à Segurança Social e ao Fisco, não arrecadou fundos europeus para uso fraudulento e não tem títulos académicos oferecidos, é porque é infecto o ar da Rua de S. Caetano, à Lapa, e suspeitas as lideranças. Não são políticos que defendam causas, são piratas ávidos do poder.Carlos Esperança.

  • "Antes de sair de Inglaterra, tinha visto uma curta-metragem feita pelo Alto Comissariado para ajudar as pessoas que iam ser deportadas. Retirar uma pessoa da sua casa e deportá-la para um país do outro lado do mundo é um dos actos mais brutais que o Estado pode infligir a um indivíduo, por isso é preciso um pouco de descaramento para fazer publicidade e apresentar a deportação como uma oportunidade de viagem exótica. É este o contorcionismo tentado no ‘Guia de Regresso à Jamaica’ – uma peça de propaganda excecionalmente dissimulada. Destinado a ser mostrado aos reclusos nos centros de detenção de imigrantes britânicos antes de um voo para casa, o filme é feito no estilo otimista e sedutor de um programa de férias televisivo diurno, em que os espectadores são seduzidos com visões de uma estância longínqua e glamorosa que provavelmente nunca irão visitar. Todos os anos, um grande número de jamaicanos é repatriado para o seu país de origem contra a sua vontade", diz uma voz brilhante, enquanto o filme começa e as imagens de um local com palmeiras e mares azuis cintilantes aparecem no ecrã. Só podemos imaginar os seus sentimentos quando olham pela janela do avião na aproximação final a uma terra onde talvez tenham passado apenas uma pequena parte das suas vidas - uma sensação de admiração pelas cores vibrantes e belas da terra e do mar..." Aparecem imagens de crianças a brincar na praia. O desafio de retomar uma vida na Jamaica após uma ausência de vinte ou trinta anos pode ser superado! Os dirigentes britânicos que encomendaram o filme parecem decididos a apresentar a experiência da deportação apenas como um obstáculo incómodo a ultrapassar. (...) Para além disso, foi publicada uma brochura com conselhos sobre como se adaptar à vida na Jamaica. A saúde mental merece destaque como uma das principais áreas de preocupação. (...) O folheto sugere que, se uma pessoa deportada começar a ter problemas de saúde mental, deve "desenvolver um estilo de vida saudável: comer bem, gerir o stress, dormir bem e fazer exercício". Particularmente estranha é a lista de verificação do que fazer e do que não fazer, que aconselha os repatriados a, para sua própria segurança, ocultarem a sua identidade britânica e a adoptarem um sotaque jamaicano: "Tentem ser "jamaicanos" - usem sotaques e dialectos locais (os sotaques estrangeiros podem atrair atenções indesejadas). Amelia Gentleman, The Windrush betrayal – Guardian Faber 2019, pp 253-255. Trad. OLima.

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