Devido a
divergências internas, especialmente sobre questões nucleares, os membros da
CGT votaram pela saída do sindicato da Aliança Ecológica e Social.
Nascida em plena
pandemia de Covid-19 em 2020, a Aliança Ecológica e Social pretendia lutar
contra a “falsa oposição” entre a preservação do planeta e a criação de
empregos. Mas a presença da Greenpeace, conhecida pelas suas ações a favor da
eliminação progressiva da energia nuclear, nunca foi bem aceite pela poderosa
Federação Nacional de Minas e Energia. Várias vozes também criticam a gestão
por se envolver sem ter consultado suficientemente as autoridades internas.
A coligação obteve
várias vitórias. Por exemplo, o resgate de uma fábrica de papel de jornal 100%
reciclado em Seine-Maritime, La Chapelle Darblay, após meses de luta liderada
por funcionários e ativistas ambientais, combinando manifestações no local,
defesa e ações de desobediência civil. A Aliança Ecológica e Social também se
opôs à conversão da refinaria TotalÉnergies em Grandpuits-Bailly-Carrois
(Seine-et-Marne), destinada a tornar-se uma plataforma de produção de
“biocombustíveis” e bioplásticos, denunciando tanto o “greenwashing” da
petrolífera e a destruição de 200 empregos diretos no local.
Em diversas ocasiões, ONGs e sindicatos – que marcharam juntos nas manifestações contra a reforma previdenciária – apresentaram propostas de rutura com o sistema capitalista, como a criação de um imposto sobre os superlucros obtidos em detrimento da justiça social e climática. Em maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19, tinham elaborado um plano de saída da crise com trinta e quatro medidas "para responder em conjunto aos desafios sanitários, sociais, económicos e ecológicos que as nossas sociedades enfrentam", incluindo a cessação do apoio público ao desenvolvimento de novos projetos nucleares. Mais tarde, a aliança apresentou propostas concretas para uma transição ecológica que criaria empregos.
Apesar da saída da CGT, as outras 7 organizações, - Greenpeace, Oxfam, Les Amis de la Terre, Attac, Solidaires, FSU e Confédération paysanne -, decidiram continuar juntas: “Esta aliança sem precedentes, que reúne a esperança de combinar emergência social e emergência ambiental, pode e deve avançar, disseram num comunicado. “Fá-lo-á com todas as forças disponíveis, a nível nacional e local, convencidos de que a união do mundo do trabalho e dos ativistas ambientais é a força que pode e deve impor alternativas à catástrofe social e à destruição da vida.”
Para o investigador
Jean-Marie Pernot, do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, a saída da
CGT não mata a cooperação iniciada. Acima de tudo, simboliza as dificuldades do
sindicato em abordar o tema da ecologia, “porque os seus fundamentos históricos
residem em indústrias ameaçadas pela transição ecológica, como a metalurgia”.
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