quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Bico calado

  • “(...) O desajustamento entre a mensagem do papa e a dos hierarcas tradicionais ficou expresso no esforço dos organizadores da JMJ ao construir uma feira popular com barraquinhas para confissões e vem o papa e garante que está tudo confessado e perdoado! Por obra deste papa, restou o ridículo do dito campo do arrependimento. (...) Historicamente pouco aberta a liberalidades, com a JMJ a hierarquia da Igreja Católica defendeu-se da mensagem do papa criando três ilusões: a de que existia uma consonância entre a mensagem de Francisco e a atitude dos participantes; a de que estes participantes representam uma parte significativa e com potencial de futura liderança da juventude europeia e ocidentalizada; e, por fim, a de que estes jovens irão ser o fermento de uma sociedade mundial mais justa. Não existe nenhuma evidência de que estas centenas de milhares de jovens sejam um detonador de alterações sociais e políticas em qualquer parte do planeta, como o papa lhes solicitou que fossem. As JMJ não são um evento nascido entre os jovens para responder a um espírito do tempo e de uma geração, como foram o Maio de 68, Woodstock, as manifestações de Tiananmen, a marcha pelos direitos cívicos nos Estados Unidos, por exemplo. As JMJ foram e são uma organização da hierarquia da Igreja Católica destinada a congregar jovens em torno dos seus (da Igreja) objetivos. Estes jovens católicos irão integrar-se na ordem geral do modelo político e social dominante, o do capitalismo, o do lucro, o do sucesso individual, irão frequentar MBA em Catholic Business Schools, serão promotores financeiros em bancos e bolsas, médicos de clínicas privadas, advogados de grandes sociedades, jornalistas para reproduzir a ideologia do politicamente correto, como aqueles que os entrevistaram e nos martelaram a cabeça durante horas infindáveis da mais rasteira catequese. Esta jornada da juventude católica é (foi) um evento de uma fação da juventude mundial, certamente da fação que teve mais sorte no lugar e na classe social onde nasceu e vive. Esta juventude quer manter os seus privilégios de nascimento, quer segurança no seu bem-estar e sente-se ameaçada pela concorrência dos evangélicos e pela juventude esquecida mesmo a seu lado, aquela que demonstra de forma violenta o resultado do seu desespero, o ódio à sociedade que gerou os jovens da JMJ. Esta jornada e estes jovens que vieram a Lisboa competem no mundo com os milagres dos evangélicos norte e sul-americanos, com as jornadas de desespero dos jovens palestinianos, com as jornadas de violência de guerra santa dos jovens radicais que fornecem os exércitos islâmicos do ISIS, da Alqaeda, dos talibans, com as jornadas trágicas dos jovens africanos migrantes e dos jovens asiáticos sujeitos ao trabalho escravo para produzir roupas e bens de luxo destinados aos jovens europeus. O busílis destas jornadas é que a Igreja Católica não os prepara para essa competição e este papa ainda lhes enfraquece as defesas. (...) Os jovens da JMJ não parecem dispostos a morrer pelo quer que seja, nem pela sua fé, nem pelo seu hambúrguer com Coca-Cola. A JMJ confirmou que, com o futuro nas mãos destes jovens, a Igreja Católica é e será uma presa mansa. Esta conclusão não é uma boa notícia para quem ama a liberdade. (...)” Carlos Matos Gomes, Ita missa estMedium.

  • “A notícia sobre a adolescente que terá recuperado a visão após a comunhão na manhã de 5 de agosto em Fátima, no Ano da Graça em curso, há de ter surpreendido os incautos pela insistência no que julgavam obsoleto. Pareceu milagre gordo em tempo de escassa fé, mas a informação de que a espanhola participou na JMJ integrada num grupo organizado pelo Opus Dei ajuda a perceber. O Deus dos católicos pode dormir, o Opus Dei não. E pela-se por milagres!Carlos Esperança, Opus Dei, poder e ideologiaPonte Europa.

  • As pessoas estão a espoletar muitos incêndios na costa noroeste dos EUA. O Serviço Florestal reporta 197 acendimentos causadas pelo homem desde o início de junho. Kylie Mohr, High Country News.

  • "A migração filipina em grande escala para os Estados Unidos teve origem na conquista americana das Ilhas Filipinas em 1898. Os Estados Unidos adquiriram as Ilhas Filipinas, juntamente com Porto Rico e Guam, como resultado da sua vitória na Guerra Hispano-Americana em 1898. Os Estados Unidos tinham anexado o Havaí no início daquele ano e, com estas novas possessões, tornaram-se uma potência imperial. O estatuto colonial filipino distinguiu-se do de outros imigrantes e moldou todos os aspetos da sua migração e vida nos Estados Unidos. A conquista das Filipinas foi violenta, e a resistência ao colonialismo americano foi forte nas ilhas. No entanto, as autoridades americanas viam o papel dos EUA nas Filipinas como uma’assimilação benevolente’. O presidente William McKinley declarou que era papel dos Estados Unidos educar, civilizar e elevar os filipinos para que um dia pudessem governar-se a si mesmos. O colonialismo americano nas Filipinas trouxe escolas de estilo americano, a língua inglesa, professores americanos e um sistema de saúde pública ao estilo americano. Os ideais, a história, a cultura e os valores americanos foram enfatizados nas escolas, e a geração de filipinos que atingiu a maioridade durante o início do período colonial americano veio para a América como uma ‘terra do Paraíso’". Erika Lee & Judy Yung, Angel Island, immigrant gateway to America – Oxford University Press 2010, p 275. Trad. OLima.

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