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segunda-feira, 27 de março de 2023
Bico calado
Militares norte-americanos treinam milícias em África
para derrubar governos que não querem ajoelhar-se perante o Império dos EUA e
entregar os seus recursos naturais. Vejam estes momentos do Congresso dos EUA,
onde Matt Gaetz, Republicano da Florida apoiante de Trump, cilindra o General Langley.
Fonte. Excertos da transcrição: «Matt Gaetz: General Langley, tenho eleitores que estiveram
espalhados por África em missões de treino e equipamento, por isso, na última
década, quantos africanos é que os militares dos Estados Unidos treinaram e
equiparam?Gen. Langley: treinámos um número substancial,
especialmente nos estados do golfo da Guiné (...) Devemos estar a atingir pelo
menos cerca de 50000. Matt Gaetz:E que percentagem das pessoas que treinámos
acabam por participar em insurreições ou golpes de Estado contra o seu próprio
governo?Gen. Langley: Um número muito pequeno. Eu diria provavelmente
menos de um por cento. Matt Gaetz: Que dados tem para se chegar à conclusão de
que menos de um por cento dos cerca de 50 000 que treinámos participaram
em golpes, porque seria cerca de 500. (...) Esta é uma fotografia do Coronel Mamady Doumbouya.
Treinámo-lo e equipámo-lo na Guiné? Gen. Langley: Pelo nome não consigo identificar bem isso. Matt Gaetz: Aquele tipo no meio com o chapéu vermelho
grande, é ele com militares dos EUA à frente da nossa Embaixada. Poucos meses
depois desta foto ter sido tirada em 2021, ele liderou um golpe de Estado na
Guiné, isso diz-lhe respeito? Gen Langley: Congressista, nós inculcamos valores
fundamentais nos programas da IMA. Matt Gaetz: Será que identificamos os nossos valores com o
Coronel Mamady Doumbouya? Gen. Langley: Absolutamente. Matt Gaetz: No Burkina Faso partilhámos valores
fundamentais com o líder que lá treinámos e que liderou um golpe de estado? Gen. Langley: Está no nosso currículo. Enfatizamos os
valores fundamentais, (...) ensinamos valores fundamentais com respeito pela
governação civil apolítica e é isso que se mantém numa percentagem muito
elevada (...) Matt Gaetz:Quantas pessoas serão necessárias para
planear um golpe de Estado, refiro-me inicialmente a si, você não sabia quantos
treinámos e equipámos, depois disse que era um por cento (...). Porque têm os
contribuintes americanos de pagar para formar pessoas que depois lideram golpes
em África? (...) o Sr General pode ter muita confiança no que está a
ensinar, mas quando dois governos foram derrubados pergunto quantos governos
têm de ser derrubados por pessoas que treinamos antes de percebermos que os
nossos valores fundamentais podem não estar a ser assimilados por toda a gente,
serão cinco, dez países? Há pouco disse que partilhávamos valores fundamentais
com o Coronel Mamady Doumbouya (...) e o seu valor fundamental parece estar a
liderar um golpe, por isso não creio que esteja a vingar. Penso que deveríamos
pelo menos saber em quantos países treinamos os golpistas, porque claramente
dois não são muitos e penso que poderíamos utilizar os nossos recursos de forma
muito mais eficaz do que a fazer isto".
«No Estado de Queensland, oficialmente um 'paraíso
turístico', os cemitérios aborígenes estão espalhados, mas são difíceis de
encontrar. O cemitério da Palm Island é um exemplo disso mesmo. Palm é uma das
mais belas ilhas da Grande Barreira de Corais, mas poucos forasteiros fazem o
curto voo a partir de Townsville. Estabelecida em 1918 como campo de detenção
para homens, mulheres e crianças aborígenes condenados por "crimes"
como sem abrigo, rebeldia e embriaguez, Palm Island mudou na superfície. Embora
as pessoas sejam livres de ir e vir, a sobrelotação, a subnutrição, o
alcoolismo e uma plétora de outras doenças permanecem. Quando fui pela primeira
vez a Palm Island em 1980, uma epidemia de gastro-enterite tinha hospitalizado
130 pessoas. Dois anos mais tarde, dois investigadores descobriram nos registos
do Departamento de Saúde de Queensland que as mortes aborígenes por vulgares doenças
infecciosas eram até 300 vezes superiores à média branca e entre as mais
elevadas do mundo.» John Pilger, A secret country– Vintage 1989, pp 45-46.
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