A UE vai
permitir que os fundos de recuperação pós-Covid sejam gastos em projetos
"urgentes" de infra-estruturas energéticas em todo o continente. A
medida, que poderá ver dezenas de projetos de gás natural liquefeito receberem
financiamento, foi considerada desastrosa pelos defensores do clima, que receiam
que esses projetos aumentem a dependência da Europa dos combustíveis fósseis
importados.
Segundo o Global Energy Monitor, estão neste momento previstos na Europa pelo menos 34 projetos de gás natural liquefeito e 7 projetos de gasodutos em 10 países. A Alemanha lidera com 11 projectos, 5 dos quais são terminais fixos e 6 terminais flutuantes. Seguem-se a Itália, com 6 projetos, a Grécia com 5 e a Estónia, Letónia e Países Baixos com 2 cada. A estes juntam-se mega projetos de novos gasodutos, como a ligação submarina entre Barcelona e Marselha, a tão chamada H2MED, uma vez que os governos de Espanha, França e Portugal prometem que apenas transportarão hidrogénio verde. Não estará operacional até 2030 e não há certeza de que o mercado do hidrogénio verde - por enquanto responsável por apenas 5% de todo o hidrogénio produzido - possa justificar um tal investimento.
Se for avante,
a Europa terá construído milhares de quilómetros de gasodutos. A espanhola
Enagas e a italiana Snam estão a realizar um estudo de viabilidade para
construir uma ligação submarina para transportar gás (que chega em navios como
GNL) para Livorno em Itália e para o resto da Europa. A expansão do gasoduto
Trans-Adriático que liga o Azerbaijão à Turquia, é outro projecto da Grécia e
da Itália. O financiamento da Repower EU poderá ataé estender-se a África e
financiar parte do projeto de Gasoduto Trans-Sahariano planeado entre a
Argélia, o Níger e a Nigéria.
Em maio
passado, Marie Toussaint, deputada francesa pelos Verdes, juntamente com 48
representantes do Parlamento Europeu e do Congresso dos EUA, incluindo
Alexandria Ocasio-Cortez e Bernie Sanders, dos Democratas, escreveu uma carta
conjunta ao Presidente Joe Biden e Ursula von der Leyen, pedindo a elaboração
de um plano que garanta a ausência de qualquer novo financiamento, qualquer
nova licença de exploração ou qualquer nova licença para a extração,
exportação, importação e infra-estruturas de carvão, petróleo ou gás. Nenhum
respondeu à carta até ao momento.
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