Bico calado
- «(...) Cerca
de 5 meses depois, o mesmíssimo governo de António Costa designa a
felizarda senhora protagonista de toda esta história como Secretária
de Estado do Tesouro, entidade que tutela, do ponto de vista financeiro, a
empresa de onde saíra 9 meses antes! Tudo isto sem
que então governantes, dirigentes políticos e, já agora, jornalistas
vissem neste autêntico carrossel de cargos qualquer questão digna de
registo, e isto mesmo que ainda não se soubesse que, com a dita saída da
TAP, Alexandra Reis embolsara meio milhão de euros. (...)
É assim para mim absolutamente óbvio que: 1º Alexandra
Reis rigorosamente nada deveria receber a título da
citada “compensação” (devendo mesmo ser intimada a devolvê-la,
e de imediato). 2º Deveria ser muito claro o destino de Madame
Christine:tendo sido uma das responsáveis pela situação
e havendo uma vez mais faltado à verdade, e ainda por
cima depois de todas as demais situações obscuras em que tem estado
envolvida – desde a da contratação de gestores de topo para a
TAP, milionariamente pagos, à da renovação da frota automóvel
(só a dos mesmos gestores de topo, claro…), passando pela do negócio
da mudança de instalações, tudo sempre envolvido na maior das
opacidades –, a CEO deveria ser de imediato demitida,
com mais que justa causa! 3º Idêntico caminho deveriam seguir os dois
ministros da tutela: ou sabiam o que se passava e não só foram
criminosamente cúmplices com tudo isso como até deram consciente e
intencionalmente a Alexandra Reis os “prémios” da Presidência da NAV e do
cargo governamental, ou não sabiam, e sendo absolutamente claro que
deveriam saber, a sua gritante incompetência e
irresponsabilidade são igualmente criminosas. 4º Estando em causa uma
empresa do sector empresarial do Estado e a enorme massa de dinheiros
públicos nela investidos, os basilares princípios da transparência, da
fiscalização e do estrito controlo na respectiva aplicação, impostos por
disposição imperativa da lei que não pode ser afastada por despacho ou cláusula
contratual alguma, deve-se impor a realização imediata de uma rigorosa
auditoria a todos os contratos, acordos e compromissos (de trabalho, de
prestação de serviços, ACMI, leasing, renting, etc.) celebrados, pelo
menos nos últimos 5 anos, por cada uma das empresas do grupo TAP, com
divulgação do respectivo teor, da sua justificação e da indicação
discriminada dos custos que cada um deles representa para a empresa. (...)»
António Garcia Pereira, Os negócios da TAP – a náusea… NotíciasOnline.
- Joias de
ponta, hipnotismo e marketing multinível não são qualificações tipicamente
associadas à diplomacia internacional. Mas estas qualificações são destacadas
no currículo da nova embaixadora da Ucrânia na Bulgária, Olesya Ilashchuk. ALEXANDER RUBINSTEIN, The Grayzone.
- «(…) George
Orwell, um fino observador das perversões que transformam sociedades abertas em
sociedades totalitárias, considerou que os indivíduos são sujeitos a um
persistente trabalho de sedução para que abdiquem do seu direito de pensar. No
Ocidente, esse trabalho de sapa está a ser efetuado por pastores evangélicos,
movimentos restauracionistas, e grandes cadeias de informação. Os discursos no
espaço público têm por finalidade a supressão da dissidência, a imposição do
pensamento único ao “não há alternativa” (TINA), ou mesmo “os outros ainda são
piores.” A função dos comentadores, mesmo quando apresentados como “fontes
especializadas”, é anular a argumentação apesar de acompanhada de evidências
contrárias. O caso recente de maior sucesso na supressão da
contra-argumentação como arma do poder foi o das “armas de destruição em massa”
que e Bush Jr jurou existirem no Iraque. Temos agora o
caso da Ucrânia como exemplo da supressão da crítica e da diferença. Essas
“ferramentas de consciência de massa”, como os especialistas em comunicação as
definem, permitem controlar as opiniões públicas e levá-las a acreditar e
também a ignorar, orientando a atenção para o imaginário e a cegarem perante a
realidade. (...) O conflito na Ucrânia trouxe para a atualidade a utilização
num grau sem precedentes da técnica da “negação e engano”. Os Estados Unidos
estavam decididos a sangrar a Rússia e pagaram a nada menos que 150 empresas de
relações públicas para convencer os líderes europeus e os seus crentes da
possibilidade de sucesso. A estratégia funcionou no mesmo registo do
“Ministério da Verdade” do livro «1984», de George Orwell, tendo por base o
objetivo de conseguir “a unidade mental das multidões” que o professor belga
Mattias Desmet, da Universidade de Ghent, descreveu em «The Psychology of
Totalitarianism». Descobri Mattias Desmet através de citações suas em obras
sobre Hannah Arendt e Gustave Le Bon. Mattias Desmet proporcionou-me uma
explicação para o nazismo e o fascismo diferente das que assentam nas condições
materiais e nas etapas da História. Situou na psicologia de massas a origem do
pensamento totalitário e as razões de adesão ao totalitarismo que estão na
moda. Aborda os novos movimentos que emergem em Portugal, Espanha, França,
Itália, na Bélgica e na Holanda, na Áustria tendo como pano de fundo a psicologia
da negação em massa de realidades evidentes. Identificou os “mecanismos
psicológicos primitivos” para que uma narrativa evolua para uma insidiosa
“formação em massa” que destrói a consciência ética dos indivíduos e anula a
capacidade de pensar criticamente. A condição primária para conseguir esta
anulação dos indivíduos é que haja um segmento da população sem vínculos
comunitários ou sem objetivos para as suas vidas, um segmento que sofra de
“ansiedade e descontentamento flutuantes”, pois são estes segmentos que estão
disponíveis para a agressividade com o sentimento de que “o sistema está
manipulado” contra eles (repare-se na repetição do discurso após as eleições de
Trump e de Bolsonaro), ou o grito “Vergonha” berrado repetidamente por Ventura.
Os militantes destas organizações correspondem ao lumpenproletariat e
às classes médias em perda de status que serviram de base ao nazismo.
Multidões de jovens sem futuro e sem esperança, independentemente das suas
habilitações, são a matéria-prima para promover uma sociedade totalitária.
Recusar essa submissão acrítica é defender a Liberdade. Estas organizações, com
a lógica das seitas e dos gangues, não dispõem de um programa político a não
ser a intolerância e o ódio aos que se querem livres para pensar, mas são
atrativos porque o vazio de ideias traduzido em frases fortes parecem oferecer
esperança a seres desamparados e disfuncionais. Na Europa, o Chega, o Vox, o
FN, os Fratelli d’Italia, no Brasil os bolsonaristas e nos EUA os trumpistas
repetem as mesmas artimanhas dos seus avós nazis e fascistas. O líder é o
pastor de um aglomerado de carneiros ao qual se misturam alguns lobos
esfomeados de poder. A negação da realidade que foi instituída como doutrina
pelo Ocidente conduziu a este triste resultado. Há que ser dissidente para
defender a Liberdade.» Carlos Matos Gomes, A superação da dissidência, a
desobediência e o regresso dos velhos totalitarismos – Medium.
- Numa
entrevista à Columbia Journalism Review, a direção admitiu que os repórteres do
Washington Post são pressionados a produzir quase quatro vezes mais histórias
do que os seus colegas do The New York Times. Além disso, o Post escreve e
reescreve a mesma história mas de ângulos ligeiramente diferentes e com títulos
diferentes a fim de gerar mais cliques, e assim mais receitas. Graças às novas
tecnologias, os repórteres são monitorizados a cada toque de tecla e estão sob
constante pressão da direção para não ficarem para trás. A técnica de
vigilância constante não é diferente do que têm de suportar os trabalhadores
dos armazéns da Amazon hiper-explorados que usam dispositivos GPS ou relógios
Fitbit. ALAN MACLEOD,
With Bezos at
the helm, Democracy Dies at the Washington Post editorial board - MPN.
- «(…) Há, é
evidente, uma questão ética (falta de) na transumância da administradora da
TAP, a engenheira Alexandra Reis. Ou ela quer ser quadro de topo de empresas
privadas, ou ela quer uma carreira na administração pública. A lógica das
empresas privadas é a do lucro, a das empresas públicas é (devia ser) a do
serviço à sociedade. Mas ela pertence à geração do saque neoliberal, que foi
educada a considerar os valores éticos questões para idiotas e perdedores. Ela
foi educada a ver médicos a garantir uma base financeira segura como
funcionários públicos nos hospitais do SNS e a aproveitarem todas os
interstícios da lei para fazerem o seu chorudo pé-de-meia na medicina privada.
Ela entende as empresas públicas como o chefe da ordem dos médicos e o chefe do
sindicato entendem o Serviço Nacional de Saúde: um local de poiso de curta
duração antes do voo para outras atividades mais lucrativas, ou dos jornalistas
e comentadores avençados que passam das estações públicas para as privadas e
regressam ao público para a administração de uma entidade reguladora, ou um
gabinete do governo. (...) O objetivo intermédio desta campanha era o ministro
das obras públicas, Pedro Nuno Santos (o final é o derrube deste governo). Nuno
Santos morreu atropelado por um comboio de 12,5 mil milhões que pretende
recolher matéria-prima de três minas: O novo aeroporto de Lisboa — as mais
poderosas empresas de construção necessitam de um ministro por conta. Segundo
estimativas publicadas são 5 mil milhões para um aeroporto novo (Alcochete), ou
1,15 mil milhões para a solução Montijo+Lisboa; A TAP. Ao contrário do que as
empresas de lobbying têm feito crer a TAP possui ativos de grande
valor: as rotas para África e para a América do Sul (Brasil e Venezuela) e
desperta o interesse de vários grupos de aviação. Quanto mais desvalorizada
estiver a TAP mais barata será para a Iberia/Air France/ Lufthansa/ British
Airways./KLM. O Estado já lá injetou 3,2 mil milhões e os potenciais
compradores querem uma pechincha! - O TGV — quem irá construir as
infraestruturas do TGV, quem irá fornecer o material circulante? O custo do
projeto TGV tem sido apresentado como sendo da ordem dos 4,5 mil milhões. (...)»
Carlos Matos Gomes, A administradora da TAP e a anedota do jacaré - Medium.
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