terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Bico calado

  • A nova secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu uma indemnização da TAP de cerca de 500 mil euros, por cessação antecipada do cargo de administradora executiva. Alexandra Reis ingressou na TAP em setembro de 2017. Três anos depois foi nomeada administradora da companhia, auferindo um salário de 17.500 euros por mês. Em fevereiro passado, ao fim de dois dos quatro anos de mandato, a agora secretária de Estado renunciou ao cargo, a dois anos de terminar o contrato e a 10 meses de entrar no Governo. Face à sua saída, o acordo entre a TAP e Alexandra Reis terá mantido o valor da rescisão em 500 mil euros, face ao tempo que ainda lhe restava na companhia aérea. Acontece que, quatro meses depois, em junho, a nova secretária de Estado do Tesouro foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal — NAV Portugal (NAV). Tanto a TAP, como a NAV são tuteladas pelos Ministérios das Finanças e das Infraestruturas. Alexandra Reis saiu, entretanto, da Navegação Aérea de Portugal e é, desde o início do mês, secretária de Estado do Tesouro. PortoCanal. «Num país com mais norte, demitia-se a secretária de estado e saía o ministro. Mas em Portugal há duas épocas dos ano em que tudo isto é possível: antes e depois do Natal.» Miguel Szymanski. «(…) Que uma jovem certamente altamente qualificada em contabilidades e planos de curto e médio prazo, de emagrecimento da massa salarial, a gerir uma empresa em falência técnica e a viver dos impostos dos contribuintes, num país de baixos rendimentos, entenda ser natural e legal receber estas escandalosas prendas a título de indemnização revela a degradação de valores desta sociedade e desta geração. Esta senhora envergonha-nos. Envergonha a sociedade democrática, os princípios que fundaram o regime em Abril de 1974. (...) O caso desta senhora deve ter consequências! Quase a fazer 50 anos o 25 de Abril não pode ser assim enxovalhado, ou indemnizado (!).» Carlos Matos Gomes, A Mãe Natal e a Geração do Saque - Medium.
  • ASAE apreende dez toneladas de borrego e cabrito no Pingo Doce num armazém que serve de base àquela cadeia de supermercados em Vila do Conde. A diligência detetou toneladas de carne importadas da Grécia sem a marcação obrigatória com a origem do matadouro. JN, via Agroportal.

  • «(…) A arrogância do poder transformou os EUA num país invasor, fomentador do caos, organizador e financiador de grupos terroristas; um país gatuno, apropriador indevido de bens alheios, sejam empresas, depósitos em dólares, reservas em ouro e território; um país saqueador das riquezas de outros povos, petróleo, metais e até orgãos humanos. Conhece-se a miséria moral das actuais elites ianquis, mentirosas, destruidoras da(s) sociedade(s), criadoras de ignorantes e imbecis políticos, de assassinos dos próprios concidadãos, de drogados; elites que primam por não respeitar as normas do direito internacional e dos direitos humanos básicos. Vem a propósito referir um caso evidente e consumado de arrogância estúpida do poder: quando o capital ianque viu no comércio do petróleo um bom negócio ( fosse para revendê-lo à europa ou refazer as suas reservas estratégicas ) o seu governo mandou emissários à Venezuela na tentativa de obter um acordo de fornecimento desse bem; o contacto só teria êxito, é bom de ver, se a lei de Obama que caracterizou a Venezuela como um perigo inusual para a segurança do império e consequentes ordens administrativas (sanções) fossem derrogadas e dadas sem efeitos e no futuro não fossem reativadas; que os bens roubados (empresas e ouro) fossem devolvidos e fosse assumida por escrito a futura não intervenção nos assuntos internos do país (tentativas de golpe de estado, ataques à moeda, desestabilização do comércio de bens essenciais e medicamentos, apoio a terroristas). Esta posição tão lógica e justa não foi aceite pela administração do governo biden. E o que fez a arrogância norte-americana ? Aprovou uma lei no senado, a que por provocação chamou Lei Bolívar, destinada a impedir que organismos do estado norte-americano tenham relações comerciais, financeiras e de outro género com as empresas que tenham relações de negócio com o estado venezuelano.(...)» Fonte.
  • O Primeiro Ministro israelita Benjamin Netanyahu e o seu aliado de extrema-direita no governo de coligação, Itamar Ben-Gvir, concordaram em despedir e recusar a contratação de professores que criticam a ocupação israelita. MEM.

  • «(...) nem tudo está bem na frente ocidental. Em busca de lucros cada vez maiores, a Big Pharma está a estrangular os cuidados de saúde também nos países mais ricos. Os mesmos mecanismos de monopólio de preços e comércio que impedem o acesso aos cuidados de saúde no Sul Global também estão a consumir o acesso no Norte Global. Entre 2011 e 2017, o custo dos medicamentos para o NHS britânico cresceu de £13 mil milhões para £17,4 mil milhões - um aumento anual e 5%. Em 2020, este valor atingiu 20,9 mil milhões de libras esterlinas. No entanto, o governo pondera acordos comerciais, como mostram documentos divulgados, que irão aumentar ainda mais este custo, forçando o NHS a comprar a monopólios farmacêuticos em vez de comprar medicamentos genéricos. Pelo contrário, a gigante farmacêutica americano Pfizer registou lucros de 21 mil milhões de dólares no ano passado. Este montante poderia cobrir duas vezes a exigência salarial dos enfermeiros - trazendo ao mesmo tempo mais receitas, através de impostos e despesas, do que os lucros das empresas. Isto deveria colocar as exigências dos enfermeiros em perspetiva. Não são os trabalhadores de saúde que apontam as armas ao serviço nacional de saúde - é a ganância empresarial de espremer e sacar. O fim do apartheid médico global exige o fim dos monopólios farmacêuticos. Salvar o Serviço Nacional de Saúde também exige isto. Estes monopólios sugam o dinheiro público para o desenvolvimento de medicamentos e depois sugam-no novamente, vendendo esses mesmos medicamentos de volta ao público a preços elevados. Estudos demonstram que novos medicamentos para doenças raras podem ser desenvolvidos a custos até 1,2 mil milhões de libras mais baratos do que os alegados pelas corporações. Organizações como a Global Justice Now têm assinalado isto repetidamente. Tomemos o desenvolvimento da abiraterona, por exemplo, que trata o cancro avançado da próstata. O seu desenvolvimento foi financiado publicamente, mas uma vez lançado no mercado, o NHS foi forçado a racioná-lo porque era exorbitantemente caro. Entretanto, a empresa que a vendeu, a Janssen, ganhou 7,2 mil milhões de libras em vendas. (...) Este é um sistema que só está interessado em fazer lucros escandalosos. Mesmo que as gigantes farmacêuticas perdessem 20% dos seus lucros, continuariam a ter um desempenho superior a 75% das outras indústrias. Estão também a evitar milhares de milhões em impostos, segundo um relatório de 2018 da Oxfam - dinheiro que poderia expandir o número em declínio dos trabalhadores do sector público da saúde. A propósito, estes lucros estão para além do que é gasto em investigação e marketing. A tributação destes lucros não só reduzirá a sua rentabilidade a níveis menos escandalosos. É a única forma de reduzir os preços dos tratamentos - e trazer dignidade aos trabalhadores do SNS. Os benefícios para as corporações vêm à custa da nossa saúde. E vêm à custa de salários decentes para os trabalhadores do SNS. (…)» Tarun Gidwani, openDemocracy.

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