terça-feira, 6 de setembro de 2022

Bico calado

 
  • Em 23 de agosto, numa sessão de esclarecimento na Câmara Municipal de Birmingham, Liz Truss declarou estar pronta a dar início à guerra termonuclear caso fosse eleita primeira-ministra. Perguntaram-lhe como se sentiria ao ordenar a "aniquilação global" no caso de um impasse nuclear com um adversário estrangeiro. "Não lhe perguntarei se carregaria no botão, dirá que sim, mas face a essa tarefa sentir-me-ia fisicamente doente", disse o anfitrião John Pienaar, que prosseguiu perguntando: "Como é que esse pensamento a faz sentir? "Acho que é um dever importante do primeiro-ministro e estou pronta para o fazer", respondeu Truss, recebendo aplausos da audiência. Quando Pienaar perguntou novamente como é que essa decisão a faria "sentir-se", limitou-se a dizer: "Estou pronta para o fazer". Muito mais preocupante foi ver e ouvir a audiência de Conservadores aplaudir freneticamente. E, para memória futura: apenas 0,3% do eleitorado britânico votou na próxima primeira-ministra; só votaram os seus correlegionários.

  • O chefe da NATO admite que os aliados da NATO têm treinado e armado a Ucrânia desde 2014.
  • Chile rejeita nova Constituição com ampla maioria, titula o Público de 5 de setembro. Pudera! Um editorial do todo-poderoso WashingtonPost de 31 de agosto avisava: ‘Chile should send its proposed constitution back for a rewrite’ (O Chile deve devolver a proposta de Constituição para ser reescrita). O seu primeiro parágrafo é muito claro - os EUA estão ávidos pelas reservas de lítio do país: ‘O lítio é um produto essencial para as baterias que funcionam em milhões de computadores portáteis e nas quais os Estados Unidos estão a basear o seu futuro automóvel eletrificado. O Chile está no topo das maiores reservas mundiais de lítio, tendo produzido cerca de 25% da oferta comercial mundial em 2020. É motivo suficiente para prestar atenção ao iminente referendo do Chile de 4 de setembro sobre uma proposta de nova Constituição que poderia reformular o quadro legal para a exploração mineira naquele país sul-americano, que tem um acordo de comércio livre de 18 anos com os Estados Unidos.’
  • Os aprendizes de super-ricos preparam-se para se salvar do apocalipse. Bilionários técnicos estão a comprar bunkers luxuosos e a contratar segurança militar para sobreviver a um colapso social que ajudaram a criar, mas como tudo o que fazem, há efeitos colaterais. Douglas Rushkoff, The Guardian.
  • Centenas de colaboradores da Google e da Amazon vão realizar três vigílias a 8 de Setembro em frente das sedes das duas empresas em São Francisco, Nova Iorque e Seattle, exigindo o cancelamento do projecto Nimbus com Israel para lhe fornecer serviços de armazenamento de dados na nuvem e ferramentas de inteligência artificial para aplicar contra o povo palestiniano. MEM.
  • «(...) Esta desconexão de décadas extinguiu a democracia americana. A constante erosão do poder económico e político foi ignorado por uma imprensa hiperventiladora que trovejou contra os bárbaros à porta - Osama bin Laden, Saddam Hussein, os Talibãs, ISIS, Vladimir Putin - enquanto ignorava os bárbaros dentro da nossa casa. O golpe em câmara lenta terminou. As corporações e a classe bilionária ganharam. Não há instituições, incluindo a imprensa, um sistema eleitoral que pouco mais é do que suborno legalizado, a presidência imperial, os tribunais ou o sistema penal, que possa ser definido como democrático. Resta apenas a ficção de democracia. (...)» Chris Hedges, Let’s Stop Pretending America Is a Functioning Democracy - Sheerpost.

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