quinta-feira, 2 de junho de 2022

Bico calado

  • O povo das Canárias reafirma a sua oposição à violência e à guerra, algo que tem vindo a reafirmar desde 12 de Março de 1986, data em que a maioria do povo disse NÃO à NATO. Por esta razão, a Federación Ecologista Canaria não partilha a recente posição do Presidente do Governo das Canárias, Ángel Víctor Torres, a favor da implantação da NATO nas Ilhas Canárias, nem a posição do Governo espanhol, que parece propor tal implantação nasCanárias na próxima cimeira da NATO, a realizar em Madrid. Radio Faro del Noroeste.
  • Agências norte-americanas treinaram e capacitaram direta e indiretamente nazis e ultra-nacionalistas, nos EUA e no estrangeiro, para combaterem os russos na Ucrânia. Este programa segue o plano estabelecido pelas secretas ocidentais no Afeganistão e na Síria. TJ COLES, TheGrayzone.
  • Os EUA estão a ser acusados de continuar a roubar petróleo sírio, uma vez que cerca de 70 petroleiros terão deixado o país através da travessia ilegal de al-Waleed para o vizinho Iraque. O comboio foi visto a sair da província de Hasakah,  no norte da Síria, acompanhado por 15 camiões carregados com equipamento militar e seis veículos blindados na sexta-feira. Tudo isto um dia depois de 46 veículos norte-americanos terem sido vistos a utilizar a mesma passagem fronteiriça com o governo sírio a avisar Washington contra a pilhagem dos seus recursos. O petróleo e o trigo são regularmente retirados da síria e vendidos no estrangeiro, privando milhões de sírios de abastecimentos muito necessários, uma vez que sofrem o efeito de sanções paralisantes dos EUA. The Morning Star.
  • «O principal problema do debate político atual neste Atlântico Norte, onde uns militam e outros vivem, é a dualidade de critérios com que este mundinho turbulento é analisado - e essa parcialidade, essa batota intelectual, começa pela benevolência com que olhamos os Estados Unidos da América. (…) Na prática a América é o país que mais presos tem no mundo, quase um quarto da população prisional mundial (22%, para ser rigoroso), com valores per capita muito superiores às piores ditaduras, autocracias e oligarquias que se espalham pelo planeta. Na prática, a América, o país mais rico do mundo, tem mais de 11,4% da população a viver abaixo do limiar da pobreza (números oficiais do censos de 2020), o que representa 37,2 milhões de pessoas. Na prática, a América é um país violento, onde as pessoas se matam constantemente nas ruas com os 43 milhões de armas que têm nas mãos - a média anual é superior a 40 mil mortes e, este ano, já vamos em 22 mil assassinatos com armas de fogo, como aconteceu a semana passada em Uvalde, no Texas, quando um miúdo de 18 anos matou 19 crianças e 2 professores da sua escola. Na prática, o sistema democrático da América está sempre sob suspeita: ou são eleições cujo resultado, sistematicamente, há já muitos anos, é investigado por alegadas fraudes; ou são congressistas e senadores que atuam como representantes de lobbys que financiaram as suas campanhas, defraudando as populações que votaram neles; ou são paralisações intermitentes do funcionamento do Estado por desentendimentos absurdos entre os dois partidos do poder, que valorizam mais a politiquice mesquinha do que a satisfação das necessidades do povo norte-americano. Na prática, o valor absoluto da liberdade de expressão na América - hipoteticamente a maior contribuição do país para o mundo civilizado, o que todos deveríamos agradecer - está a ser brutalmente torpedeado: a censura política na internet e nas redes sociais, por exemplo, tornou-se corriqueira. Na prática, a América, com ou sem NATO, passa a vida a invadir outros países e a colocar governantes - vários deles ditadores sanguinários - que sirvam os seus interesses: Coreia, Vietname, Haiti, Iraque, Afeganistão, Granada, antiga Jugoslávia são, de memória, algumas das mais conhecidas, mas uma ida rápida à Wikipédia, a citar números oficiais, lista quase 200 intervenções militares norte-americanas no estrangeiro desde 1900 até aos nossos dias - é mais de uma por ano. Ah!, e a América é o país da tortura em Guantánamo, da perseguição desumana e indefensável a Julian Assange, da falsificação de provas na ONU para justificar a segunda invasão do Iraque, da colocação de escutas no gabinete da chanceler alemã Angela Merkel, da prisão dúbia de uma gestora da empresa chinesa Huawei, do assassinato do líder militar do Irão, do apoio à Arábia Saudita, da indiferença face à Palestina, da instigação das Primaveras Árabes que substituíram ditaduras por outras ditaduras ou pela desordem e o caos. A América é o país envolvido no golpe Euromaiden na Ucrânia, em 2014; da expansão da NATO até às portas da Rússia e das ameaças constantes ao seu maior rival económico, a China - tudo ações que poderiam ter muitas boas razões iniciais, mas que estão a lançar-nos numa III Guerra Mundial, com ameaça de armas nucleares. Porque é que a América é um exemplo a seguir? Por que a aceitamos como líder do mundo? Por que a defendemos quando ela faz tantas coisas indefensáveis?...» Pedro Tadeu, A América é um bom líder do mundo?DN 1jun2022.
  • «Em Março de 1999, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) iniciou uma campanha de bombardeamentos contra a Jugoslávia, sem o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, contaminado o país balcânico com pelo menos 15 toneladas de munições de urânio empobrecido, altamente tóxico. Srdjan Aleksic lidera a equipa jurídica que representa as vítimas sérvias dos bombardeamentos e há vários anos que anda a juntar casos com provas materiais. Há alguns dias, a NATO respondeu oficialmente aos processos instaurados contra a aliança no Tribunal Superior de Belgrado, mas alegou «imunidade jurídica» perante a acusação, disse o advogado sérvio a uma agência russa citada pelo Daily Telegraph. Via Abrilabril.
  • "Bosch tinha um parceiro na conspiração do bombardeamento do avião: Luis Posada, um cidadão venezuelano nascido em Cuba. Vive como homem livre nos Estados Unidos. A sua extradição foi solicitada pela Venezuela por vários crimes, incluindo o atentado a um avião, tendo parte da conspiração ocorrido na Venezuela. Mas as administrações Bush e Obama recusaram enviá-lo para a Venezuela, pois, apesar do seu horrível crime, ele é um aliado do império; a Venezuela e Cuba não o são. Nem Washington o julgará nos EUA por este crime. Contudo, a Convenção para a Supressão de Actos Ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil (1973), da qual os Estados Unidos são signatários, não dá a Washington qualquer hipótese. O artigo 7º diz que o Estado em que "o alegado infrator é encontrado, se não o extraditar, será obrigado, sem qualquer excepção e quer a infração tenha ou não sido cometida no seu território, a submeter o caso às suas autoridades competentes para efeitos de acção penal". Extradição ou acusação. Os Estados Unidos também não fazem nenhuma delas». William Blum, America’s deadliest export – Zed Books 2014, p 52.

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