Bico calado
- O povo das Canárias reafirma a sua oposição à violência e
à guerra, algo que tem vindo a reafirmar desde 12 de Março de 1986, data em que
a maioria do povo disse NÃO à NATO. Por esta razão, a Federación Ecologista
Canaria não partilha a recente posição do Presidente do Governo das Canárias,
Ángel Víctor Torres, a favor da implantação da NATO nas Ilhas Canárias, nem a
posição do Governo espanhol, que parece propor tal implantação nasCanárias na
próxima cimeira da NATO, a realizar em Madrid. Radio Faro del Noroeste.
- Agências norte-americanas treinaram e capacitaram direta
e indiretamente nazis e ultra-nacionalistas, nos EUA e no estrangeiro, para
combaterem os russos na Ucrânia. Este programa segue o plano estabelecido pelas
secretas ocidentais no Afeganistão e na Síria. TJ COLES, TheGrayzone.
- Os EUA estão a ser acusados de continuar a roubar
petróleo sírio, uma vez que cerca de 70 petroleiros terão deixado o país
através da travessia ilegal de al-Waleed para o vizinho Iraque. O comboio foi
visto a sair da província de Hasakah, no
norte da Síria, acompanhado por 15 camiões carregados com equipamento militar e
seis veículos blindados na sexta-feira. Tudo isto um dia depois de 46 veículos
norte-americanos terem sido vistos a utilizar a mesma passagem fronteiriça com
o governo sírio a avisar Washington contra a pilhagem dos seus recursos. O
petróleo e o trigo são regularmente retirados da síria e vendidos no
estrangeiro, privando milhões de sírios de abastecimentos muito necessários,
uma vez que sofrem o efeito de sanções paralisantes dos EUA. The Morning Star.
- «O principal problema do debate político atual neste
Atlântico Norte, onde uns militam e outros vivem, é a dualidade de critérios
com que este mundinho turbulento é analisado - e essa parcialidade, essa batota
intelectual, começa pela benevolência com que olhamos os Estados Unidos da América.
(…) Na prática a América é o país que mais presos tem no mundo, quase um quarto
da população prisional mundial (22%, para ser rigoroso), com valores per
capita muito superiores às piores ditaduras, autocracias e oligarquias que
se espalham pelo planeta. Na prática, a América, o país mais rico do mundo, tem
mais de 11,4% da população a viver abaixo do limiar da pobreza (números
oficiais do censos de 2020), o que representa 37,2 milhões de pessoas. Na
prática, a América é um país violento, onde as pessoas se matam constantemente
nas ruas com os 43 milhões de armas que têm nas mãos - a média anual é superior
a 40 mil mortes e, este ano, já vamos em 22 mil assassinatos com armas de fogo,
como aconteceu a semana passada em Uvalde, no Texas, quando um miúdo de 18 anos
matou 19 crianças e 2 professores da sua escola. Na prática, o sistema
democrático da América está sempre sob suspeita: ou são eleições cujo
resultado, sistematicamente, há já muitos anos, é investigado por alegadas
fraudes; ou são congressistas e senadores que atuam como representantes
de lobbys que financiaram as suas campanhas, defraudando as
populações que votaram neles; ou são paralisações intermitentes do
funcionamento do Estado por desentendimentos absurdos entre os dois partidos do
poder, que valorizam mais a politiquice mesquinha do que a satisfação das
necessidades do povo norte-americano. Na prática, o valor absoluto da liberdade
de expressão na América - hipoteticamente a maior contribuição do país para o
mundo civilizado, o que todos deveríamos agradecer - está a ser brutalmente
torpedeado: a censura política na internet e nas redes sociais, por exemplo,
tornou-se corriqueira. Na prática, a América, com ou sem NATO, passa a vida a
invadir outros países e a colocar governantes - vários deles ditadores
sanguinários - que sirvam os seus interesses: Coreia, Vietname, Haiti, Iraque,
Afeganistão, Granada, antiga Jugoslávia são, de memória, algumas das mais
conhecidas, mas uma ida rápida à Wikipédia, a citar números oficiais, lista
quase 200 intervenções militares norte-americanas no estrangeiro desde 1900 até
aos nossos dias - é mais de uma por ano. Ah!, e a América é o país da tortura
em Guantánamo, da perseguição desumana e indefensável a Julian Assange, da
falsificação de provas na ONU para justificar a segunda invasão do Iraque, da
colocação de escutas no gabinete da chanceler alemã Angela Merkel, da prisão
dúbia de uma gestora da empresa chinesa Huawei, do assassinato do líder militar
do Irão, do apoio à Arábia Saudita, da indiferença face à Palestina, da
instigação das Primaveras Árabes que substituíram ditaduras por outras
ditaduras ou pela desordem e o caos. A América é o país envolvido no golpe
Euromaiden na Ucrânia, em 2014; da expansão da NATO até às portas da Rússia e
das ameaças constantes ao seu maior rival económico, a China - tudo ações que
poderiam ter muitas boas razões iniciais, mas que estão a lançar-nos numa III
Guerra Mundial, com ameaça de armas nucleares. Porque é que a América é um
exemplo a seguir? Por que a aceitamos como líder do mundo? Por que a defendemos
quando ela faz tantas coisas indefensáveis?...» Pedro Tadeu, A América é um bom
líder do mundo? – DN 1jun2022.
- «Em Março de 1999, a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (NATO) iniciou uma campanha de bombardeamentos contra a Jugoslávia, sem o
apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, contaminado o país balcânico
com pelo menos 15 toneladas de munições de urânio empobrecido, altamente
tóxico. Srdjan Aleksic lidera a equipa jurídica que representa as vítimas
sérvias dos bombardeamentos e há vários anos que anda a juntar casos com provas
materiais. Há alguns dias, a NATO respondeu oficialmente aos processos
instaurados contra a aliança no Tribunal Superior de Belgrado, mas alegou
«imunidade jurídica» perante a acusação, disse o advogado sérvio a uma agência
russa citada pelo Daily Telegraph. Via Abrilabril.
- "Bosch tinha um parceiro na conspiração do
bombardeamento do avião: Luis Posada, um cidadão venezuelano nascido em Cuba. Vive como homem
livre nos Estados Unidos. A sua extradição foi solicitada pela Venezuela por
vários crimes, incluindo o atentado a um avião, tendo parte da conspiração ocorrido na Venezuela. Mas as
administrações Bush e Obama recusaram enviá-lo para a Venezuela, pois, apesar
do seu horrível crime, ele é um aliado do império; a Venezuela e Cuba não o
são. Nem Washington o julgará nos EUA por este crime. Contudo, a Convenção para
a Supressão de Actos Ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil (1973), da qual
os Estados Unidos são signatários, não dá a Washington qualquer hipótese. O
artigo 7º diz que o Estado em que "o alegado infrator é encontrado, se não
o extraditar, será obrigado, sem qualquer excepção e quer a infração tenha ou
não sido cometida no seu território, a submeter o caso às suas autoridades
competentes para efeitos de acção penal". Extradição ou acusação. Os
Estados Unidos também não fazem nenhuma delas». William Blum, America’s deadliest export – Zed Books
2014, p 52.
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