domingo, 27 de março de 2022

Bico calado

EUA e Israel votaram contra uma resolução das Nações Unidas para tornar a comida um direito humano. Justificação: ‘não consideramos o direito à alimentação como uma obrigação executória’

  • Fotos do casamento de Julian Assange foram proibidas sob o pretexto de que poriam em risco a segurança na prisão de Belmarsh. Para CraigMurray, o objectivo foi evitar a humanização de alguém tão vilipendiado pelas autoridades britânicas. Chris Hedges sublinha alguns pormenores: «Julian é o alvo porque a sua organização WikiLeaks divulgou os diários de bordo da Guerra do Iraque em outubro de 2010, que documentavam numerosos crimes de guerra nos EUA, incluindo imagens do atentado contra dois jornalistas da Reuters e 10 outros civis desarmados. É alvo porque tornou público o assassinato de quase 700 civis que se tinham aproximado demasiado dos postos de controlo dos EUA.  É alvo porque denunciou as ferramentas de hacking utilizadas pela CIA conhecidas como Vault 7, expondo que a CIA é capaz de comprometer carros, televisores inteligentes, navegadores web e os sistemas operativos da maioria dos telefones inteligentes, bem como sistemas operativos como Microsoft Windows, macOS e Linux. É alvo porque expôs as mais de 15.000 mortes não relatadas de civis iraquianos, a tortura e abuso de cerca de 800 homens e rapazes, com idades entre os 14 e os 89 anos, em Guantánamo. Ele é o alvo porque nos mostrou que Hillary Clinton em 2009 ordenou aos diplomatas dos EUA que espiassem o Secretário-Geral da ONU Ban Ki Moon e outros representantes da ONU da China, França, Rússia, e Reino Unido, espionagem que incluía a obtenção de ADN, varreduras da íris, impressões digitais, e senhas pessoais, parte do longo padrão de vigilância ilegal que incluiu a escuta do Secretário-Geral da ONU Kofi Annan nas semanas anteriores à invasão do Iraque liderada pelos EUA em 2003. Ele é alvo porque denunciou que Barack Obama, Hillary Clinton e a CIA orquestraram o golpe militar de junho de 2009 nas Honduras que derrubou o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya, substituindo-o por um regime militar assassino e corrupto. Ele é alvo porque divulgou documentos que revelavam que os Estados Unidos lançaram secretamente mísseis, bombas e ataques com drones no Iémen, matando dezenas de civis. É alvo porque tornou públicos os $657.000 pagos a Hillary Clinton pela Goldman Sachs para fazer palestras e as suas garantias privadas aos líderes empresariais de que ela faria o seu lance enquanto prometia a regulação e reforma das finanças públicas. É alvo porque revelou a campanha interna para desacreditar e destruir o líder do Partido Trabalhista britânico Jeremy Corbyn por membros do seu próprio partido. Só por estas verdades, ele é culpado.»
  • Os Panfletos desta semana são sobre guerra e paz desde o início da guerra na Ucrânia. Neste episódio temos canções sobre as guerras das Malvinas, Argélia, civil norte-americana, o complexo militar-industrial, e a guerra nuclear. Pedro Tadeu.
  • A BBC apoia-se em Orysia Khimiak para manipular informações sobre o conflito russo-ucraniano. Antes de colaborar com a BBC, Khimiak foi relações públicas de uma startup em Kiev que criou a aplicação Reface, que, segundo o insuspeito Wahington Post, se tornou "uma espécie de ferramenta de mensagens de guerra ucraniana". Segundo aquele diário de referência, "aplicações que distorcem a realidade como o Reface são uma forma de os utilizadores absorverem as mensagens que, de outra forma, poderiam rejeitar". A BBC apoia-se nela para propagandear notícias altamente duvidosas sobre os impactos provocados por bombardeamentos russos. O do teatro é um exemplo. Faz crer que o bombardemento russo matou 300 pessoas dentro do teatro. A única fonte é Petr Andryushchenko, conselheiro do Presidente da Câmara de Mariupol que recentemente saudou o Batalhão neonazi Azov como corajosos "defensores" da sua cidade. O problema é que não há imagens de serviços de socorros a sobreviventes ou de montes de mortos. Mais: Petr Andryushchenko não estava no local, tinha-se afastado para, segundo ele, preserver a rede de informações ucraniana. O próprio presidente da Câmara tinha saído da saído alguns dias antes do bombardeamento anunciado. Mais: um dia depois o incidente, os civis evacuados de Mariupol testemunharam aos media de Donbas que os combatentes Azov fizeram explodir o teatro enquanto se retiravam e que os tinham usado como escudos humanos ao longo dos combates, chegando mesmo a agredi-los sempre que tentavam fugir. Entre os aspetos mais curiosos do incidente do teatro está o desaparecimento de todos os veículos do parque de estacionamento em frente à estrutura horas antes da explosão ocorrer. Não há dúvida de que a BBC desistiu de qualquer pretensão de objetividade ao contratar uma professional de relações públicas ucraniana abertamente nacionalista para moldar a sua cobertura de um dos incidentes mais disputados numa guerra cheia de embustes cínicos. MAX BLUMENTHAL, TheGrayzone.
  • Coitado, inglês, 16 anos, autista, nâo é pirata informático. É 'ciberintruso', o que é mais fino. Vejam o que vale ser súbdito de sua majestade: muito respeitinho por parte dos nossos media. Atitude diferente tem o Gizmodo: 'crime' e 'criminoso' aparecem amiúde na peça sobre o mesmo tema.

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