"Quando a guerra eclodiu em 1939, o governo
britânico viu-se confrontado com um problema gigantesco e imediato: o que fazer
com os 73.000 alemães e austríacos que viviam na Grã-Bretanha e que se tinham
tornado "estrangeiros inimigos" do dia para a noite. A resposta foi o
confinamento em massa, uma política autorizada por Churchill poucos dias depois
da sua tomada de posse como primeiro-ministro, em maio de 1940. A polícia de
todo o país foi enviada para prender cidadãos do sexo masculino de países do Eixo
- que em breve incluiriam a Itália - com idades compreendidas entre os 16 e os
60 anos e levá-los para a prisão. Alguns destes reclusos seriam enviados em
viagens perigosas para o Canadá e Austrália, mas a maioria era levada para
campos na Ilha de Man. (…)
A política de detenção em massa de civis sem julgamento
representa um capítulo negro na guerra britânica. Cresceu a partir do medo,
alimentado pela imprensa, de que os "quinto colunistas" tivessem sido
enviados para se infiltrarem no país de modo a minarem as defesas britânicas
contra uma eventual invasão alemã. Só em agosto Churchill compreendeu que a
ameaça era exagerada, mas nessa altura as detenções tinham sido feitas, e
muitos dos reclusos, que incluíam mulheres e crianças, não seriam libertados durante
anos. O aspeto mais vergonhoso do confinamento foi o facto de ter apanhado
sobretudo refugiados judeus que tinham fugido para a Grã-Bretanha para escapar
ao terror das tropas de Hitler. (....) o confinamento foi uma experiência
sombria para a maioria, e embora a Grã-Bretanha tenha visto isto como uma
vergonha, o governo britânico nunca pediu desculpas formais. (…)»
Charlie English, The Island of Extraordinary Captives by Simon Parkin review – light amid darkness - The Guardian26fev2022.
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