Bico calado
- «(…) Durante o governo Carter, Madeleine ajudou a
articular as ações militares conduzidas pelos Estados Unidos, como o
financiamento aos mercenários que lutaram contra os sandinistas na Nicarágua e
a criação da força de combate mujahidin no Afeganistão. (…) Em 1992, após a
eleição de Bill Clinton, Madeleine Albright foi nomeada Embaixadora dos EUA na
ONU. Sua gestão foi marcada pelo recrudescimento do intervencionismo belicista
e pela imposição agressiva dos interesses estadunidenses no tabuleiro global. Como
chefe da delegação estadunidense da ONU, Madeleine atuou para impedir a
intervenção da comunidade internacional na guerra civil travada entre tutsis e
hutus no Ruanda e buscou neutralizar as resoluções do Conselho de Segurança da
ONU. O conflito logo escalonou para um genocídio perpetrado contra os tutsis.
Os Estados Unidos, entretanto, permitiram que o genocídio continuasse, pois
tinham preferências comerciais pelo domínio político dos hutus. O Genocídio de
Ruanda deixou mais de um milhão de mortos. Madeleine Albright também articulou
a aprovação de sanções económicas brutais contra o Iraque, alegando falsamente
que o governo de Saddam Hussein estaria produzindo armas de destruição em
massa. O embargo ao Iraque incluía até mesmo proibição de adquirir alimentos e
remédios. Estima-se que mais de 1,5 milhão de iraquianos morreram em função das
sanções, incluindo 500 mil crianças - a maioria de fome e doenças relacionadas com
desnutrição. Ao ser questionada no programa 60 Minutes se acreditava que as
sanções tinham valido a pena, mesmo custando a morte de 500 mil crianças,
Madeleine respondeu que sim. (…) Num debate com Colin Powell, Madeleine chegou
a questionar "qual o sentido de ter esse magnífico aparato militar e não
usá-lo". A falsa alegação de Madeleine de que o Iraque tinha armas de
destruição em massa foi requentada para justificar a invasão do país em 2003. Em
1997, Madeleine foi nomeada por Clinton como Secretária de Estado. À frente da
pasta, intensificou o assédio às nações do Oriente Médio, preparando o terreno
para as guerras de Bush. Buscou isolar e sancionar governos não alinhados e
atuou para ampliar a NATO. Madeleine foi
responsável por articular a intervenção da NATO na Guerra do Kosovo, alegando
que o governo jugoslavo estava conduzindo um genocídio. Embora não possuísse
defesas antiaéreas, a Jugoslávia foi violentamente bombardeada durante 78 dias
seguidos. Verificou-se posteriormente que as alegações de limpeza
étnica contra a população albanesa haviam sido enormemente exageradas. O
alegado genocídio de 100 mil pessoas jamais foi comprovado. Foram registradas 5
mil mortes de albaneses, a maioria após a intervenção da NATO. A intervenção
militar deixou quase 20 mil mortos. Após o conflito, o governo do Kosovo foi
obrigado a privatizar os seus sistemas de telecomunicações e os correios. Um
fundo de investimentos pertencente a Madeleine - Albright Capital Management -
beneficiou da transação. A Guerra do Kosovo e a fragmentação da Jugoslávia
criaram diversas oportunidades de negócios para empresários estadunidenses,
beneficiados em privatizações, concessões e contratos lucrativos. Muitos eram
parentes ou pessoas diretamente vinculadas a Madeleine. Após o governo Clinton,
Madeleine dedicou-se aos negócios, assumindo um assento no conselho gestor da
Bolsa de Valores de Nova York e tornando-se sócia de Jacob Rothschild e George
Soros em investimentos em África. (…) Foi condecorada por Barack Obama por "seus
esforços em prol da paz". (…) Madeleine Albright publicou em 2018 o livro
"Fascismo - Um Alerta", que lhe rendeu o inacreditável título de
"militante antifascista" nos Estados Unidos.» Pensar a História.
- "(...) Nos anos que antecederam o início da Segunda
Guerra Mundial, Madeleine Albright, então conhecida como Jana Korbelova, e a
sua família refugiaram-se no Reino da Jugoslávia para escapar à perseguição
étnica e à morte quase certa num campo de concentração nazi, enquanto a
Alemanha ocupava a Checoslováquia. A família de refugiados Korbel foi
amigavelmente acolhida e generosamente alojada na cidade turística sérvia de
Vrnjačka Banja, onde Jana frequentou a escola e terá aprendido a língua sérvia.
Mais tarde, depois da guerra, quando Jana aterrou na América, tornando-se
Madeleine, e a ambição de progresso pessoal começou a orientar a sua vida, não
foi possível detetar um vestígio de gratidão ou empatia pelas pessoas que lhe
salvaram a vida. (…) Ao longo dos anos noventa, ela defendeu a difamação das
próprias pessoas que muito provavelmente a protegeram de uma morte horrível em
Auschwitz, denunciando-as caluniosamente como nazis reencarnados e saudando com
júbilo o caos e a destruição que a NATO lhes infligiu. (…)» Stephen Karganovic,
Strategic Culture.
- Domenico Lucano foi o presidente da Câmara de Riace, uma
aldeia de 2.000 residentes no sul de Itália, de 2004 a 2018. Durante o seu
mandato, ele ajudou a acolher 450 refugiados africanos e do Médio Oriente e a
instalá-los na pequena cidade. Após décadas de despovoamento do pós-guerra,
quando os jovens italianos emigraram, o chamado modelo Riace tornou-se um
exemplo de integração multi-étnica e de vida urbana renovada. Mas foi
considerado intolerável por poderosos elementos de direita do governo italiano,
responsáveis pelo endurecimento das políticas anti-imigrantes em Itália e em
toda a Europa. Lucano foi colocado sob prisão domiciliária em 2018, todo o
financiamento público foi cortado aos seus programas, e foi alvo de uma série
de acusações falsas. Em setembro passado, foi condenado por fraude, desvio de
fundos, e cumplicidade na imigração "ilegal". A par da pena de prisão
extraordinariamente pesada, - 13 anos -, Lucano enfrenta multas de mais de meio
milhão de euros. Salvini e o seu partido fascista da Liga do Norte viram
uma profunda ameaça no sucesso do modelo Riace. Na altura da prisão, Salvini
acusou Lucano de "colonizar a Itália com migrantes". Centenas de
migrantes que se tinham estabelecido em Riace foram transferidos da cidade para
centros de refugiados em todo o país, e o governo suspendeu mesmo a produção de
uma série televisiva sobre a "cidade de acolhimento", como Riace foi
apelidada. Natasha Lennard, The Intercept.
- A Bolsa de Valores de Moscovo, que encerrara a 25 de
fevereiro, data da "operação militar especial" na Ucrânia, reabriu um
mês depois. Ao contrário do colapso esperado, o índice IMOEX subiu 4,43%. As consequências das sanções afetam actividades
terciárias orientadas para o estrangeiro, tais como bancos internacionais, mas
não a produção doméstica, especialmente de energia. Réseau Voltaire.
- A sinistra eminência parda da secreta britânica Hamish de Bretton-Gordon esteve na vanguarda dos embustes relacionados com armas químicas
na Síria. Agora, na Ucrânia, ele está novamente à altura dos seus velhos
truques. KIT KLARENBERG, The Grayzone.
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