sábado, 26 de março de 2022

Bico calado

  • «(…) Durante o governo Carter, Madeleine ajudou a articular as ações militares conduzidas pelos Estados Unidos, como o financiamento aos mercenários que lutaram contra os sandinistas na Nicarágua e a criação da força de combate mujahidin no Afeganistão. (…) Em 1992, após a eleição de Bill Clinton, Madeleine Albright foi nomeada Embaixadora dos EUA na ONU. Sua gestão foi marcada pelo recrudescimento do intervencionismo belicista e pela imposição agressiva dos interesses estadunidenses no tabuleiro global. Como chefe da delegação estadunidense da ONU, Madeleine atuou para impedir a intervenção da comunidade internacional na guerra civil travada entre tutsis e hutus no Ruanda e buscou neutralizar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. O conflito logo escalonou para um genocídio perpetrado contra os tutsis. Os Estados Unidos, entretanto, permitiram que o genocídio continuasse, pois tinham preferências comerciais pelo domínio político dos hutus. O Genocídio de Ruanda deixou mais de um milhão de mortos. Madeleine Albright também articulou a aprovação de sanções económicas brutais contra o Iraque, alegando falsamente que o governo de Saddam Hussein estaria produzindo armas de destruição em massa. O embargo ao Iraque incluía até mesmo proibição de adquirir alimentos e remédios. Estima-se que mais de 1,5 milhão de iraquianos morreram em função das sanções, incluindo 500 mil crianças - a maioria de fome e doenças relacionadas com desnutrição. Ao ser questionada no programa 60 Minutes se acreditava que as sanções tinham valido a pena, mesmo custando a morte de 500 mil crianças, Madeleine respondeu que sim. (…) Num debate com Colin Powell, Madeleine chegou a questionar "qual o sentido de ter esse magnífico aparato militar e não usá-lo". A falsa alegação de Madeleine de que o Iraque tinha armas de destruição em massa foi requentada para justificar a invasão do país em 2003. Em 1997, Madeleine foi nomeada por Clinton como Secretária de Estado. À frente da pasta, intensificou o assédio às nações do Oriente Médio, preparando o terreno para as guerras de Bush. Buscou isolar e sancionar governos não alinhados e atuou para ampliar a  NATO. Madeleine foi responsável por articular a intervenção da NATO na Guerra do Kosovo, alegando que o governo jugoslavo estava conduzindo um genocídio. Embora não possuísse defesas antiaéreas, a Jugoslávia foi violentamente bombardeada durante 78 dias seguidos. Verificou-se posteriormente que as alegações de limpeza étnica contra a população albanesa haviam sido enormemente exageradas. O alegado genocídio de 100 mil pessoas jamais foi comprovado. Foram registradas 5 mil mortes de albaneses, a maioria após a intervenção da NATO. A intervenção militar deixou quase 20 mil mortos. Após o conflito, o governo do Kosovo foi obrigado a privatizar os seus sistemas de telecomunicações e os correios. Um fundo de investimentos pertencente a Madeleine - Albright Capital Management - beneficiou da transação. A Guerra do Kosovo e a fragmentação da Jugoslávia criaram diversas oportunidades de negócios para empresários estadunidenses, beneficiados em privatizações, concessões e contratos lucrativos. Muitos eram parentes ou pessoas diretamente vinculadas a Madeleine. Após o governo Clinton, Madeleine dedicou-se aos negócios, assumindo um assento no conselho gestor da Bolsa de Valores de Nova York e tornando-se sócia de Jacob Rothschild e George Soros em investimentos em África. (…) Foi condecorada por Barack Obama por "seus esforços em prol da paz". (…) Madeleine Albright publicou em 2018 o livro "Fascismo - Um Alerta", que lhe rendeu o inacreditável título de "militante antifascista" nos Estados UnidosPensar a História.
  • "(...) Nos anos que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial, Madeleine Albright, então conhecida como Jana Korbelova, e a sua família refugiaram-se no Reino da Jugoslávia para escapar à perseguição étnica e à morte quase certa num campo de concentração nazi, enquanto a Alemanha ocupava a Checoslováquia. A família de refugiados Korbel foi amigavelmente acolhida e generosamente alojada na cidade turística sérvia de Vrnjačka Banja, onde Jana frequentou a escola e terá aprendido a língua sérvia. Mais tarde, depois da guerra, quando Jana aterrou na América, tornando-se Madeleine, e a ambição de progresso pessoal começou a orientar a sua vida, não foi possível detetar um vestígio de gratidão ou empatia pelas pessoas que lhe salvaram a vida. (…) Ao longo dos anos noventa, ela defendeu a difamação das próprias pessoas que muito provavelmente a protegeram de uma morte horrível em Auschwitz, denunciando-as caluniosamente como nazis reencarnados e saudando com júbilo o caos e a destruição que a NATO lhes infligiu. (…)» Stephen Karganovic, Strategic Culture.
  • Domenico Lucano foi o presidente da Câmara de Riace, uma aldeia de 2.000 residentes no sul de Itália, de 2004 a 2018. Durante o seu mandato, ele ajudou a acolher 450 refugiados africanos e do Médio Oriente e a instalá-los na pequena cidade. Após décadas de despovoamento do pós-guerra, quando os jovens italianos emigraram, o chamado modelo Riace tornou-se um exemplo de integração multi-étnica e de vida urbana renovada. Mas foi considerado intolerável por poderosos elementos de direita do governo italiano, responsáveis pelo endurecimento das políticas anti-imigrantes em Itália e em toda a Europa. Lucano foi colocado sob prisão domiciliária em 2018, todo o financiamento público foi cortado aos seus programas, e foi alvo de uma série de acusações falsas. Em setembro passado, foi condenado por fraude, desvio de fundos, e cumplicidade na imigração "ilegal". A par da pena de prisão extraordinariamente pesada, - 13 anos -, Lucano enfrenta multas de mais de meio milhão de euros. Salvini e o seu partido fascista da Liga do Norte viram uma profunda ameaça no sucesso do modelo Riace. Na altura da prisão, Salvini acusou Lucano de "colonizar a Itália com migrantes". Centenas de migrantes que se tinham estabelecido em Riace foram transferidos da cidade para centros de refugiados em todo o país, e o governo suspendeu mesmo a produção de uma série televisiva sobre a "cidade de acolhimento", como Riace foi apelidada. Natasha Lennard, The Intercept.
  • A Bolsa de Valores de Moscovo, que encerrara a 25 de fevereiro, data da "operação militar especial" na Ucrânia, reabriu um mês depois. Ao contrário do colapso esperado, o índice IMOEX subiu 4,43%. As consequências das sanções afetam actividades terciárias orientadas para o estrangeiro, tais como bancos internacionais, mas não a produção doméstica, especialmente de energia. Réseau Voltaire.
  • A sinistra eminência parda da secreta britânica Hamish de Bretton-Gordon esteve na vanguarda dos embustes relacionados com armas químicas na Síria. Agora, na Ucrânia, ele está novamente à altura dos seus velhos truques. KIT KLARENBERG, The Grayzone.

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