«"Ecofascismo" é um termo cunhado por Pentti
Linkola, um escritor finlandês que defendeu a desindustrialização, a imigração
zero e a redução da população para proteger o planeta. O autor, que morreu em
2020, chamou à democracia a "religião da morte" e defendeu medidas
autoritárias para sustentar a vida humana na Terra.
O pensamento ecofascista é o resultado de uma colagem ideológica que tem as
suas raízes no século XIX. Retoma as análises do economista Thomas Malthus, que
fez da superpopulação a principal causa do problema ecológico. Malthus defendeu
o controlo voluntário da natalidade, especialmente entre as classes
trabalhadoras, e a cessação de toda a ajuda aos necessitados, a fim de
"evitar o fim prematuro da raça humana".
O ecofascismo também tem raízes no folclore do movimento
völkisch na Alemanha, que combinava ambientalismo e nacionalismo xenófobo. Dois
pensadores, Ernst Moritz Arndt e Wilhelm Heinrich Riehl, alimentaram esse
imaginário. Em 1815, pronunciavam-se contra a exploração míope das florestas e
dos solos e, ao mesmo tempo, louvavam a pureza racial do povo teutónico,
alegadamente invadido por judeus e eslavos. O amor pela terra estava ligado ao
anti-semitismo, e o misticismo da natureza ao populismo etnocêntrico.
Ernst Haeckel, o biólogo que cunhou a palavra
"ecologia" em 1866, foi ele próprio um adepto do movimento völkish.
"As raízes do fascismo estão profundamente enraizadas no pensamento ecológico
do século XIX", explica o historiador Paul Guillibert. Em algum momento da
história, estas duas correntes - ecologia e ideologia fascista -
entrelaçaram-se. Na verdade, deram origem à "ala verde" do partido
nazi. Composta principalmente por Walther Darré, Fritz Todt, Alwin Seifert e
Rudolf Hess, esta facção ambientalista conseguiu muitos avanços ambientais
antes da sua expulsão em 1942, incluindo a criação de vários milhares de
explorações agroecológicas na Alemanha. A sua ecologia estava historicamente
ligada à ideia de enraizamento; defendiam o lema nazi "Blut und
Boden" ("Sangue e Solo"), que visava definir uma comunidade
política racialmente homogénea num território delimitado por fronteiras
naturais.
Esta forma de ecologia não desapareceu com o fim do
nazismo, antes pelo contrário: alguns quadros desnazificados, como o Pastor
Werner Georg Haverbeck e Renate Riemeck, medievalista e antiga secretária do SS
Johann von Leers, ressuscitaram-na nos anos 70. Ao mesmo tempo, em França, um
antigo homem das SS, Robert Dun (nome real Maurice Martin), foi um dos
pioneiros desta forma de ecologia.
Desde os anos 80, o pensamento ecofascista tem encontrado
terreno fértil, particularmente em França, com a ajuda da Nova Direita e do
ideólogo Alain de Benoist. Estas correntes lideraram o que chamaram "uma
luta metapolítica", um combate cultural extra-parlamentar que considerava
a transformação ideológica como uma condição prévia para a mudança política.
Segundo a investigadora Lise Benoist, "estes
metapolíticos afirmam ser 'gramscistas de direita', eles esforçam-se por
conquistar mentes e opõem-se ferozmente a uma hegemonia cultural que eles
consideram ser de esquerda". Ao longo dos últimos quarenta anos, estes
ideólogos têm gradualmente traçado o seu próprio caminho e têm conseguido impor
a sua obsessão com a identidade, que têm ligado a questões ecológicas, no
debate público. Em particular, introduziram o tema do decrescimento à extrema
direita e construíram uma nova doutrina em torno da ecologia da fronteira.
Alguns quadros ex-nazis estiveram envolvidos na criação dos
Grünen (Verdes) na Alemanha. Nos Estados Unidos, os ecofascistas também se
infiltraram no movimento bioregionalista. O ideólogo de extrema-direita Alain
de Benoist tinha ligações com Edward 'Teddy' Goldsmith, o fundador da revista
britânica The Ecologist. Um dos teóricos do anti-especiesismo, Maximiani
Portas, mais conhecido como Savitri Devi, foi um fervoroso neonazi e um ativista
ambiental radical que inspirou muitos hippies depois de 1968. O fundador do
grupo Earth First, Dave Foreman, é também uma figura sulfurosa: ele acreditava
que a imigração em massa era a principal causa da deterioração ecológica.
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