Bico calado
- Depois de divulgar segredos da guerra afegã, Julian
Assange está a ser condenado a uma pena de prisão de 175 anos por publicar
provas de crimes de guerra e abusos no Afeganistão e não só. Na imagem, Assange
mostra a primeira página do The Guardian de 25 de julho de 2010.
- Julian Assange em 2011: "O objetivo é utilizar o
Afeganistão para lavar dinheiro das bases tributárias dos EUA e da Europa
através do Afeganistão e devolve-lo às mãos de uma elite de segurança
transnacional. O objetivo é uma guerra sem fim, não uma guerra bem
sucedida".
- «(...) o Presidente dos Estados Unidos fez um discurso em
que tentou defender a honra desta guerra - uma defesa que é francamente
ofensiva, e que penso que ofende sobretudo as famílias dos feridos e dos
mortos. O Presidente Biden afirmou que o nosso antigo aliado, Osama bin Laden,
tinha sido levado a tribunal - a nossa nobre mentira. Ele poderia ter sido
levado à justiça, mas em vez disso matámo-lo. Ele nem sequer estava no Afeganistão. Se há lições a
tirar desta trágica sequela de Saigão, podem ter a certeza, não as
aprenderemos. Apenas ficaremos a ver como o povo do Afeganistão (…) a
agarrar-se a vãs esperanças, a agarrar-se a aviões e a cair, perdidos para o
deserto do poder teocrático. Alguns dirão ‘Eles não lutaram. Têm o que
merecem!’ Ao que eu pergunto, ‘E o que é que nós merecemos’?» Edward
Snowden.
- «Domingo passado, o presidente do Afeganistão, Ashraf
Ghani, fugiu de Cabul com quatro veículos de luxo e um helicóptero tão cheio de
dinheiro que uma enorme pilha de dinheiro não cabia e teve que ser abandonada
na pista do aeroporto. 46 anos antes, o cliente americano Nguyen Van Thieu
tentou contrabandear 73 milhões de dólares em ouro do Vietname do Sul. Estes
dois homens simbolizam a corrupção e a ganância que está no cerne do império
dos EUA.» Jeremy
Kuzmarov, CAM.
- «No Reino Unido e nos EUA estão a escrever-se muitas
parvoíces sobre o Afeganistão. A maior parte deste disparate esconde uma série
de verdades importantes. Primeiro, os Talibãs derrotaram os Estados Unidos.
Segundo, os Talibãs venceram porque têm um apoio mais popular. Terceiro, isto
não se deve ao facto de a maioria dos afegãos amar os talibãs. Isto acontece
porque a ocupação americana tem sido insuportavelmente cruel e corrupta.
Quarto, a Guerra ao Terror também tem sido politicamente derrotada nos EUA. A
maioria dos norte-americanos é agora a favor da retirada do Afeganistão e
contra quaisquer outras guerras estrangeiras. Em quinto lugar, este é um ponto
de viragem na história mundial. A maior potência militar do mundo foi derrotada
pelo povo de um país pequeno e pobre. Isto irá enfraquecer o poder do império
norte-americano em todo o mundo. Em sexto lugar, a retórica de salvar as
mulheres afegãs tem sido amplamente utilizada para justificar a ocupação, e
muitas feministas no Afeganistão escolheram o lado do ocupante. O resultado é
uma tragédia para o feminismo.» Nancy Lindisfarne e Jonathan Neale,
Afeganistão: O Fim da Ocupação. Nota: as mulheres no Afeganistão obtiveram o voto em1919, muito antes das mulheres britânicas (1928).
- «Ó senhores comentadores, não vale a pena... Não queiram
saber mais do que o presidente dos EUA. Afinal, o Biden é a pessoa mais honesta
nisto tudo. Ontem, em 30 segundos, explicou claramente que o objectivo dos EUA
na intervenção militar no Afeganistão era a caça ao homem, depois do 11 de
Setembro. Querem os americanos lá saber das mulheres, das crianças, da
democracia, dos direitos humanitários e de outros pormenores.» Ana Margarida
De Carvalho.
- O ministério da Defesa australiano esconde a venda de
armas a Israel no âmbito de uma investigação de crimes de guerra na Palestina.
O Departamento de Defesa aprovou 187 autorizações de exportação militar para
Israel durante os últimos 6 anos. Michelle Fahy,
Michael West Media.
- Depois de proibir as máscaras e ordens de vacionação, o
governador do Texas Greg Abbott apanha a Covid-19. Jessica Corbett, CommonDreams.
- «(…) Na Tanzânia, a PIDE e o Comando Naval português
levaram a cabo uma operação clandestina na região de Mtwara, em Novembro de
1966, visando atingir a Frelimo e em particular o seu dirigente de então,
Lázaro Kavandame. (…) Depois, em Dezembro de 1969, as tropas portuguesas
bombardearam por duas vezes a região de Samine, no Senegal, com a justificação
do general Spínola de que se vinha a assistir à concentração de numerosos
grupos “IN”(inimigos), vindos da República da Guiné-Conacri. (…) mais tarde, terá
sido proposta à DGS, pelos serviços secretos franceses — SDECE —, a realização de
duas operações, para servir quer os interesses portugueses, quer os franceses, ao
desmantelar o PAIGC e actuar contra Sékou Touré, na Guiné-Conacri. Uma delas foi
a Mar Verde, na qual não se sabe ao certo se teve a mão do SDECE, realizada, em
22 de Novembro de 1970. Levada a cabo por 250 militares portugueses, incluindo
commandos e fuzileiros africanos, e por 150 elementos da oposição a Sékou
Touré, a operação teve inúmeros alvos, quase todos falhados. Não só não atingiu
o Presidente guineense, nem Amílcar Cabral e apenas conseguiu libertar 26
prisioneiros portugueses. (…) Quanto à segunda operação, após o assassinato de
Amílcar Cabral, em 1973, o subdirector da então DGS, Agostinho Barbieri Cardoso
conseguirá o apoio da “Piscine” — SDECE —, para nova intervenção franco-portuguesa,
em Conacri, com o nome de código Saphir. De novo, foi programado o assassinato
deste Presidente da Guiné, com o grupo dirigido pelo oposicionista Samba Djalo,
sendo o responsável pela Saphir o francês Foccard, “Senhor África”. Prevista
para Julho de 1974, por razões óbvias não se realizou, mas, no próprio dia 25
de Abril deste ano, Barbieri Cardoso estava precisamente em Paris para finalizar
a Saphir com o conde Alexandre de Marenches, director do SDECE.» Irene Flunser
Pimentel, Quando Portugal invadiu três países, em África – Público 17ago2021.
- «(...) os britânicos começaram a ver-se a si mesmos como
uma raça imperial, como diz P. J. Marshall em "The Cambridge Illustrated
History of the British Empire": ‘para quase todos os imperialistas, a raça
britânica era uma raça exclusivamente branca. Os povos não-brancos do império
eram os seus súbditos. Eram cidadãos do império no sentido de que tinham
direitos, mas não eram considerados como plenos cidadãos, capazes de controlar
os seus próprios destinos’. Houve inúmeras manifestações desta supremacia branca
a partir do século XIX, nomeadamente o que aconteceu na Tasmânia. Kipling
popularizou a ideia em 1899, através do poema 'o fardo do homem branco' -
apresentando a noção de que os brancos tinham o dever moral de governar sobre
os não brancos e encorajar o seu desenvolvimento cultural, social e económico». Sathnam Sanghera, Empireland – Penguin 2021
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