quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Bico calado

  • «(...) mesmo que se dê aos defensores do Brexit o benefício da dúvida, admitindo que a sua sagacidade histórica tem mais a ver com a nostalgia da proeza do comércio livre do século XIX do que com a nostalgia do império em si, ignora-se o facto de que o comércio livre naquela época era realmente imperial. Também se ignora que algumas das calamidades mais mortíferas da história do império britânico, algumas que deixaram milhões de mortos, aconteceram em nome do comércio livre. É certo que se tornou um cliché pensar que o Brexit é um exercício de nostalgia do império, mas os clichés existem muitas vezes por uma razão. (...) a obsessão Brexit de substituir a adesão à UE por novas alianças 'anglosféricas' com o Canadá, Austrália e Nova Zelândia remonta a um tempo durante o império em que as pessoas preferiam a sua ligação com estas nações. (...) Não é difícil destrinçar a lógica básica por detrás desta nostalgia imperial: quando a Grã-Bretanha aderiu à CEE em 1973, tinha acabado de emergir da experiência determinante de governar um império sobre o qual o sol nunca se punha, e a adesão parecia uma despromoção. No extremo, soava a colonização, porque a colonização era o prisma através do qual a Grã-Bretanha tinha visto o mundo durante séculos. Além disso, os interesses da Grã-Bretanha tinham estado historicamente fora da Europa. Assim, à medida que a nossa relação com a Europa se aprofundou e se tornou inevitavelmente mais complicada, os defensores do Brexit começaram a ansiar, consciente e inconscientemente, por uma espécie de renascimento do império.» Sathnam Sanghera, Empireland – Penguin 2021.
  • O Governador de Nova Iorque Andrew Cuomo demitiu-se, uma semana depois de ter sido acusado de assédio sexual a várias mulheres, incluindo antigos e actuais funcionárias do Estado. The Irish Times.

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