quarta-feira, 28 de abril de 2021

Bico calado

  • «Jaime Pinho, vereador da Câmara da Maia eleito pelo partido Juntos Pelo Povo (JPP), chamou “filho da pu**” a um deputado municipal e “cabra do cara***” a outra. Aconteceu no domingo nas celebrações municipais do 25 de Abril, que decorreram via internet. O vereador não se terá apercebido que tinha o microfone ligado. Ontem, o JPP emitiu um comunicado a repudiar as palavras de Jaime Pinho e a dar conta que o vereador renunciou à militância do partido.» JN 27abr2021.
  • «Lamento mas, se chegou a haver alguma unanimidade quanto ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 25 de Abril, eu não me junto a ela. (…) Quando Marcelo nos pede para não “[exigir] aos que viveram esse passado que pudessem antecipar valores (...) agora tidos por evidentes, intemporais e universais”, persiste num dos mais velhos erros metodológicos da leitura reacionária do passado: o de inventar um tempo em que os valores dominantes seriam tão consensuais que nenhuns outros teriam sido enunciados. Em todas as épocas, os valores dominantes tiveram alternativas; todas as ordens tiveram resistência; todas as verdades do tempo tiveram quem as denunciasse. (…) Com toda a razão, o Presidente diz que “o 25 de Abril foi feito para libertar, sem esquecer nem esconder”. Deveria, contudo, lembrar-se como o seu partido e todo o universe conservador da sociedade portuguesa, que, logo desde 1974, amaldiçoaram a Revolução e descreveram a descolonização como uma traição, não simplesmente procuraram “esconder”, mas pura e simplesmente negaram a natureza intrínseca da dominação colonial e toda a violência que ela significou. Se hoje, como Presidente da República, pretende que se faça uma História “sem álibis nem omissões”, pode desde já ajudar à desclassificação de muita documentação militar que continua inacessível. Pela minha parte, eu e muitos investigadores estamos disponíveis para “estudar o passado e nele dissecar tudo”. Mas “tudo” é tudo mesmo, e é importante que inclua, de uma vez por todas, aquilo que, por envolver crimes nunca julgados, atos inaceitáveis à luz da moral e do Direito (não apenas os de hoje, mas também os do momento em que foram praticados), o Estado e a maioria da sociedade nunca quis assumir e não quer que se investigue. Era bom que o Presidente esclarecesse se “dissecar tudo” abriria, afinal, essas discussões que ele entende não serem “prioritárias para os portugueses”, e que é “duvidoso que o sejam alguma vez”. Se assim fosse, teríamos de duvidar da sinceridade do discurso. É que só esclarecendo essas “omissões” seria verdade que, enquanto sociedade, “nos responsabilizamos” pelos nossos “fracassos” históricos da mesma forma como “assumimos as glórias que nos honram”.» Manuel Loff, Público 27abr2021.
  • As guerras de drones de Biden. Brian Terrell, RiseupTimes.

  • Cresce o consenso de que Israel é um Estado do apartheid, com o Human Rights Watch a acrescentar agora a sua voz. No seu relatório recente, que insta à investigação de funcionários israelitas por "crimes contra a humanidade", aumenta a pressão sobre o tribunal de crimes de guerra do TPI para que este atue.

  • «Sou a primeira mulher a presidir à Comissão Europeia. Sou a presidente da Comissão Europeia e é assim que esperava ser tratada quando visitei a Turquia há duas semanas: como presidente da Comissão. Mas não fui. Não posso encontrar nos Tratados da UE qualquer justificação para a forma como fui tratada, pelo que tenho de con cluir que aconteceu porque sou uma mulher (…). Senti-me magoada, sozinha, como mulher e como europeiaUrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
  • «A EDP acaba de fazer a maior distribuição de lucros de sempre. São 754 milhões de euros, direitinhos para os bolsos dos acionistas. (…) De onde vem tanto lucro? Em Portugal, a EDP gere infraestruturas e recursos que lhe foram entregues quando ainda era detentora do monopólio da produção e distribuição de energia no país. Foi depois a maior beneficiária das rendas fixas criadas no processo de liberalização, para tornar o mercado “atrativo” para os operadores privados. Tudo, quase sempre, com pouco ou nenhum escrutínio. E foi assim que a EDP conseguiu tornar-se uma multinacional. (…) Mas estas não são as únicas justificações que Matos Fernandes deve ao país. O ministro podia aproveitar o embalo e explicar porque ainda não começou a cobrar a taxa sobre as grandes empresas de celulose que o Parlamento criou há um ano e que o Governo prometeu regulamentar em 2020. (…)» Mariana Mortágua, O cinto deles nunca aperta – JN 27abr2021.

1 comentário:

OLima disse...

Comentário de Miguel Szymanski ao texto da Mariana Mortágua:
«É importante lembrar: foi esta a razão que levou a China a oferecer cargos na administração da EDP a oito ex-ministros do PS, do PSD e do CDS/PP.
A China comprou a eléctrica portuguesa, por tuta e meia, e, para geri-la de acordo com os seus interesses, contratou ex-ministros de todos os partidos do 'arco da governação".
O único governante - um secretário de estado - que tentou fazer frente a Beijing foi 'remodelado' pelo actual primeiro-ministro que colocou no seu lugar uma marioneta da EDP.
As migalhas que o investidor chinês deixou em Portugal foram a Fundação EDP e um museu para pacóvios junto ao Tejo.»
https://www.facebook.com/miguelszymanski/posts/10226323054891581