Bico calado
- «(…) o alarme está lançado porque as vacinas vendidas na
Europa e nos EUA não foram realizadas com investigação pública, os seus
accionistas ganharam milhões quando o número de miseráveis não para de
aumentar; não contentes ainda escolherem para divulgá-las o homem que invadiu o
Iraque dizendo que havia armas de destruição massiva, e saiu da UE para a
direcção de um Banco. De facto, foi tudo tão mal conduzido que o estranho é que
haja ainda taxas de confiança que em alguns países – e são os mais democráticos
e desenvolvidos – não cheguem aos 50% (…) É preciso explicar porque a aliança
global para as vacinas não é uma organização não lucrativa de cientistas e
academias públicas, mas um think tank dirigido por um tipo licenciado em
direito, líder da Goldam Sachs, que apadrinhou uma guerra com milhões de
mortos. (…) os CEOs ou responsáveis das farmacêuticas nem deviam ser ouvidos
pelos media. Há aqui um óbvio conflito de interesses, e há uns anos era
proibido que entrassem num debate sendo parte interessada no sector comercial.
Vou precisar de ouvir cientistas sérios e não Carlos Moedas ou Durão Barroso
para decidir o que vou fazer. (…)» Raquel Varela, A minha médica ea Vacina.
- João Ferreira esfrangalha argumentos políticos de um
adversário do CDS, aqui e aqui.
- «(…) O que está em jogo é o aprofundamento da crise
política que as forças políticas de direita tanto querem porque sabem que vão
ganhar com ela. E querem a crise tanto mais avidamente quanto sabem que o que verdadeiramente conta não é o Orçamento
2021, mas os dinheiros europeus no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência
(2021-2026). Se conseguirem os seus objectivos, serão elas, mais uma vez, e tal
como no tempo de Cavaco Silva, a gerir os dinheiros da abundância, do
desperdício e da corrupção. Em suma, a gestão do atraso a que pela segunda vez
o país será condenado. (…)». Boaventura Sousa Santos, Lenine e nós – Público
7dez2020.
- «Quando o governo aprova uma lei, em nome do interesse
público, que possa prejudicar um investidor privado (reforçar exigências
ambientais, a protecção dos consumidores, a protecção dos trabalhadores numa
determinada indústria, etc.), o investidor pode sentir-se injustiçado.
Ele pode recorrer aos Tribunais que irão aferir se tem ou não direito a
ser compensado de acordo com as leis do país em questão. Quanto mais
democrático for o país, maior a relação entre a vontade da população e essas
leis. Os tratados internacionais com mecanismos de protecção do
investimento contornam
este “incómodo” que é a Democracia. O investidor
estrangeiro que os possa usar está num patamar superior aos outros investidores
e aos outros cidadãos desse país. Ele pode usar um sistema de
justiça privada enviesado em
seu benefício e as suas queixas não serão
avaliadas à luz da lei nacional, mas sim à luz de um tratado internacional que
a população em geral desconhece e sobre o qual a sociedade civil teve pouca ou
nenhuma capacidade de escrutínio. Tecendo uma teia de acordos deste tipo é
possível esvaziar a Democracia, reforçar os aspectos mais
nefastos do processo de “hiperglobalização”, incluindo
a insustentabilidade ambiental e o acentuar das desigualdades de rendimento e património. Quando o Tribunal de
Justiça da União Europeia concluiu (e bem) que
este tipo de acordos entre países da União Europeia é inconsistente com os
Tratados Europeus, tratou-se de uma vitória para a Democracia (uma pela qual a
rede europeia que a TROCA integra muito se bateu). Quase duas
centenas de acordos deste tipo deixaram de ser
válidos, fazendo com que os investidores europeus estejam efectivamente
sujeitos às leis dos países onde investem, em vez de terem acesso a um sistema
de justiça ao seu serviço. No entanto, há quem queira voltar a dar privilégios
especiais aos investidores europeus. Em 2015, das 100 entidades com maior
receita, 69 já eram
empresas multinacionais e apenas 31 eram governos. Há
quem defenda que os processos que tiveram lugar nas últimas décadas, de aumento
das desigualdades, da insegurança laboral, do impacto ambiental da actividade
económica, de aumento do poder das empresas multinacionais devem ser
reforçados, e nada como aumentar a protecção aos investidores face ao
“incómodo” da Democracia. Dois países se destacaram no apoio ao reforço dos
direitos dos investidores, pela declaração que fizeram em favor do reforço da
protecção do investimento na União Europeia. Um foi o Luxemburgo, que nos deve
surpreender pouco pelo seu papel de quasi Paraíso Fiscal,
hospedando muitas empresas multinacionais que têm tudo a ganhar com este tipo
de privilégios. O outro foi Portugal. Porque é que o governo português defendeu, no palco
europeu, a importância
de reforçar este tipo de privilégios injustos e desequilibrados?
Apenas o governo português pode dar essa resposta. A verdade é que neste
momento a Comissão Europeia está a procurar realizar este
reforço das protecções ao investimento e seria
melhor que o nosso governo não assumisse um papel tão entusiasta de algo que
tem contribuído substancialmente para tantas injustiças e desequilíbrios nas
últimas décadas.» Plataforma Troca.
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