terça-feira, 1 de setembro de 2020

Bico calado

  • «O concerto do Bruno Nogueira na sala fechada de 1.250 m2 do Campo Pequeno foi autorizado para 2.000 pessoas. O Palco 25 de Abril da Festa do Avante, com 16.000 m2 ao ar livre teve apenas autorização para 2.000 lugares sentados. O Palco 1º de Maio, com 5.000 m2 ao ar livre teve apenas autorização para 625 lugares sentados. A discriminação é evidente. (…)» Manuel Gouveia.
  • «A Covid-19 apanhou até mesmo as nações mais ricas impreparadas; os seus enormes armamentos inúteis contra uma pequena agregação irracional de RNA de fita simples, algumas proteínas e um fino envelope lipídico de cerca de 120 nm de diâmetro. Nações que investem somas obscenas em armas nucleares que nunca devem ser usadas têm sido incapazes de fornecer o equipamento de proteção mais básico - capas, luvas e máscaras para os seus profissionais de saúde da linha da frente que se colocam em perigo todos os dias.» Dr Tilman Ruff.
  • A gigante chinesa de telecomunicações Huawei anunciou o fim do patrocínio que prestava há 9 anos à liga australiana de rugby Canberra Raiders, alegando um permanente ambiente de negócios negativo. Simultaneamente, deslocaliza negócios para a Rússia.
  • «(…) Aquilo a que os editores e jornalistas do Ípsilon se têm dedicado — viver numa completa marmelada de interesses, sobretudo lisboetas, importa notar e frisar — enquadra-se na norma existente há décadas em Portugal e, portanto, não inaugura nada de novo. Não estamos assim a falar de uma corrente subterrânea do meio literário, mas de um padrão de comportamento tribalista, onde todos dependem uns dos outros para ganhar prestígio, construir reputações, abrir perspectivas de outros trabalhos, ganhar dinheiro. (…) O Ípsilon está no seu direito de querer divulgar os livros dos jornalistas da casa e dos amigos que publicam nas editoras mais propícias às suas ambições sociais e profissionais. O que quase surpreende é a tranquilidade, o descaramento com que este suplemento continua fazê-lo, indiferente à perda de credibilidade que os rodriguinhos das amizades significam para o jornal como um todo. Quando numa redacção aparecem as novidades editoriais mais delicadas — de nomes blindados pelos chefes e pelos editores da secção de livros ou mais comprometidos com o próprio jornal (escritos por pessoas da casa ou afins da casa) —, é um velho esquema, por exemplo, deixar que delas se ocupe algum jornalista ou colaborador amigo do autor, que por certo não se furtará a esse encargo, por generosidade, por solidariedade, para devolver algum favor ou para que aquele lhe fique a dever um favor. Ou então encarregar o crítico que não costuma colocar demasiadas objecções, que nunca arrisca análises muito contundentes. Ao se colocar tais obras sob uma luz favorável, consegue-se que elas tenham um eco imediatamente positivo na opinião pública, ao mesmo tempo que se contentam facções, que se retribuem e renovam os favores a uns e a outros. (…) os jornais deixaram de ser meios para criar opinião e pôr-nos a pensar, para entendermos criticamente a actualidade e nos entendermos a nós próprios, e passaram a ser objectos comerciais que obedecem, quer aos interesses dos administradores, dos accionistas, dos anunciantes (e, em última análise, dos amigos dos jornalistas), quer a uma imagem uniforme dos consumidores fabricada pelos departamentos de marketing, como se os leitores tivessem todos as mesmas referências, os mesmos horizontes, as mesmas expectativas, as mesmas prioridades e os mesmos interesses. (…)» João Pedro George, Sábado.

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