Bico calado
- Fuga de documentos revela que o Tiktok partilha informações com as autoridades… nos EUA. Mara Hvistendahl, The Intercept.
- «Vou contar-vos rapidamente a estória de como a trapalhada de Trump reforçou o poder a um ditador brutal. A oportunidade apareceu no início de 2019. A reeleição de Maduro foi uma fraude e o mundo sabia disso. O carismático líder da oposição, Juan Guaidó, mostrou-se pronto para capitalizar e restaurar a democracia à nação. A jogada vencedora era evidente - reunir toda a América Latina atrás de uma transição ou novas eleições livres ou deixar o tempo resolver o assunto ou neutralizar os patrocinadores de Maduro (Rússia, Cuba e China). Mas Trump não podia falar com Cuba, Putin tinha Trump controlado, Trump só queria falar com a China sobre o acordo comercial. Portanto, não fizemos nenhum esforço significativo para os convencer, e os três defenderam Maduro. Então, Trump e os seus falcões da América Latina começaram a mexer. Ele reconheceu Guaidó como líder da nação, pensando que isso deslocaria os venezuelanos (e líderes militares amigos de Maduro) para o lado de Guaidó. Mas aconteceu o contrário. Ao colocar Elliot Abrams (o símbolo do "imperialismo americano" na América Latina) no comando da Venezuela, e agindo em grande parte sozinho, Trump ajudou Maduro a unir os militares e grande parte do país contra a América e lançar Guaido como um peão dos EUA. Depois, a situação tornou-se muito embaraçosa. Em abril de 2019, tentámos organizar uma espécie de golpe, mas a coisa descambou num desastre. Todos os que nos disseram que se uniriam a Guaidó ficaram com medo e o plano falhou pública e espetacularmente, fazendo a América parecer tola e fraca. Desde então, tem sido uma comédia de erros contínua. Por exemplo, Bolton evitou negociações de transição lideradas pela Noruega em agosto de 2019, dizendo que "o tempo para negociações acabou!" Depois, em março deste ano, Pompeo revelou um plano de transição que é uma cópia a papel químico do que tínhamos feito. Agora, depois de perder um ano tentando trabalhar num plano de transição, Guaidó está a boicotar as próximas eleições legislativas. Que fazer? Continuar a reconhecendo Guaidó como líder da nação, mesmo que ele não controle os militares, o governo ou mesmo ocupe um cargo? É um desastre total. Passado ano e meio, Maduro está mais forte, a influência americana está mais fraca e não há caminho viável para restaurar a democracia na Venezuela. Um estudo de caso em negligência nas relações internacionais.» Chris Murphy, senador democrata pelo Connecticut desde 2013.
- O poder económico global da China torna o país comunista, de certa forma, um adversário mais difícil de combater do que a União Soviética durante a Guerra Fria, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em visita à República Checa, em 12 de agosto, pedindo à Europa para se unir contra o Partido Comunista Chinês, por ele considerado a alavanca do seu poderio económico para exercer a sua influência no mundo. Robert Muller, Reuters.
- Um relatório recente publicado no jornal sul-africano The Mail and Guardian, lançou luz sobre o mundo opaco da presença militar americana em África. Em 2019, as forças de operações especiais dos EUA estavam ativas em 22 países africanos. Isso representa 14% de todos os comandos americanos implantados no estrangeiro. Os Estados Unidos têm cerca de 6.000 militares espalhados por todo o continente, com adidos militares em número superior a diplomatas em muitas embaixadas em toda a África. No início de 2020 ano, The Intercept relatou que os militares operam em 29 bases no continente. Uma delas concentra drones no Níger, a que The Hill chamou “O maior projeto de construção liderado pela Força Aérea dos EUA de todos os tempos”. Só o custo de construção ultrapassou os US $ 100 milhões, com custos operacionais totais calculados em US $ 280 mil milhões até 2024. Equipados com drones Reaper, os EUA podem agora lançar ataques de bombardeamentos em todo o norte e oeste da África. Alan MacLeod, Strategic Culture Foundation.
- Os media do sistema recorrem quase sempre a colunistas, comentadores e funcionários do governo para a interpretação dos protestos, mais do que aos ativistas que enfrentam o gás lacrimogéneo nas linhas da frente. Assim não se ouvem as vozes dos que mais sofrem a brutalidade policial. Loretta Graceffo, FAIR.
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