sábado, 1 de junho de 2019

Bico calado

  • Os ex-lideres catalães Puigdemont e Toni Comín foram eleitos pelos cidadãos para o Parlamento Europeu. Este veda-lhes a entrada alegando ainda não ter recebido a lista espanhola dos eleitos. Politico. Uma vergonha. E escancaram as suas portas a eleitos britânicos que votaram pela saída do Reino Unido da União Europeia.
  • Quase 100 milhões de libras foram gastas em firmas privadas de consultoria recrutadas pelo governo britânico de Theresa May para fornecer conselhos ao Brexit, incluindo o plano sem acordos, revela uma fuga de informação obtida pelo The Guardian.
  • O governo neozelandês de Jacinda Ardern está prestes a tornar-se o primeiro grande país a abandonar o crescimento como prioridade política em favor do bem-estar. O novo orçamento dá prioridade ao combate contra a pobreza infantil, a violência doméstica e apoio à saúde mental. The Guardian.
  • No curto espaço de um ano, um autointitulado lobista-advogado deixou de trabalhar para uma empresa acusada de envenenar a água subterrânea para redigir uma lei que poderia «flexibilizar» os padrões do estado do Michigan em termos de limpeza de locais contaminados. Bridge Magazine.
  • A Amnistia Internacional não está a fazer nada para tentar defender Assange porque não o considera um prisioneiro de consciência. Aliás já tinha tomado a mesma posição em relação a Chelsea Manning. Pelos vistos, a Aministia Internacional está a borrifar-se para as implicações que o caso tem para o jornalismo e a liberdade de expressão.
  • «Os jornalistas recorrem a especialistas para apoiar a mensagem pretendida ao discutir aspetos da política internacional, e o resultado é geralmente muito uniforme. De onde vêm os especialistas? escreve Rafael Poch na CTXT. - «(…) A maioria dos laboratórios de ideias está ligada a interesses particulares. Nos Estados Unidos, isso já vem de muito longe, com instituições de pensamento ligadas aos nomes da modernização de hidrocarbonetos e aço, como Rockefeller ou Carnegie, mas nos anos setenta houve um enorme investimento em formadores de opinião que prepararam o terreno ideológico à involução neoliberal. (…) O seu objetivo não é a investigação da verdade, ou das verdades, mas "o marketing político das ideias defendidas pelos seus patrocinadores", explica Stephen Walt. Os norteamericanos (…) criaram a relação incestuosa de poder com jornalistas baseada em fugas de informação a partir de jornalistas da corte e de empresas jornalísticas controladas pelo poder corporativo que se rotulam de "liberdade de imprensa" e o “quarto poder ", quando se trata precisamente da sua perversão. A atual relação entre media e poder que vemos em toda parte foi uma invenção americana, como as relações públicas e o complexo de Hollywood, que, como diz Laurent Dauré, é "a continuação da política de Washington por outros meios". Por sua vez, os jornalistas recorrem aos "especialistas" para apoiar a mensagem pretendida ao discutir aspetos da política internacional. O resultado é geralmente muito uniforme, uma vez que são raras as vozes que discordam das abordagens estabelecidas. O resultado de instituições que tendem a perder de vista a realidade - porque a sacrificam para disciplinar - é uma enorme cegueira sistémica. (…) Vimo-la na URSS, mas o fenómeno tornou-se universal (…). Stephen Walt explica como a maioria dos especialistas é formatada pelo consenso ideológico-militar de Washington (…). Ele menciona o percurso profissional dos 33 investigadores de relações internacionais que em setembro de 2002 alertaram contra a guerra no Iraque. "Nenhum deles foi proposto desde então para um cargo no governo ou em qualquer um dos grupos mais prestigiados dedicados à investigação estrangeira", diz. É muito raro ver-se um especialista numa televisão nos Estados Unidos defender a posição do Irão ou ver num canal europeu um crítico da NATO (…). Eles não são pagos por isso. Todos os anos, governos e indústrias contribuem com dezenas de milhões para as instituições encarregadas de chegar a um consenso. Nos Estados Unidos, os laboratórios de ideias são considerados instituições "sem fins lucrativos", pelo que não são obrigados a declarar os nomes dos seus patronos ou o valor dos seus subsídios anuais. Apesar disso, é sabe-se que a maioria dos laboratórios de ideias recebe doações milionárias de empresas do setor militar, como a Lockheed-Martin ou a Boeing, dos próprios militares, do setor aeroespacial e de países do Médio Oriente, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar, Israel ou outros, como a Coreia do Sul ou o Japão. (…) A maioria dos grandes laboratórios de ideias dos Estados Unidos e da Europa tem entre os seus associados notórios ex-líderes dos seus territórios. Pessoas como Henry Kissinger, Brent Scowcroft, Stephen Hadley, nos Estados Unidos, ou companheiros de viagem, como o ex-chanceler sueco Carl Bildt ou José María Aznar, são listados como diretores e conselheiros do Atlantic Council, o laboratório de ideias ligado à NATO. O mesmo se aplica aos grandes laboratórios de ideias europeus, ao Conselho Europeu de Relações Externas ou à DGAP alemã. O CIDOB de Barcelona, teve como presidente o ex-ministro da Defesa Narcís Serra, e como presidente de honra Javier Solana (…)»


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