domingo, 21 de abril de 2019

Bico calado


«O advogado que é vice-presidente do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas tem pelo menos um processo por burla a correr contra ele no DIAP de Lisboa. O processo foi posto por um investidor francês em Portugal que se queixa de que Pedro Pardal Henriques lhe terá "ficado" com 85 mil euros que seriam para comprar uma propriedade no centro do país - além de outras quantias, mais pequenas, por serviços de consultadoria jurídica que não terão sido realizados, embora pagos. (…)O empresário francês que agora fez a queixa ao DIAP é reformado, vive entre Portugal e em França (Toulon), tem negócios em plásticos decorativos, não achou exagerado quando o advogado lhe pediu 2500 euros para criar uma empresa, mais 500 de registo, ou 5000 para estabelecer uma empresa na zona franca da Madeira. Ou 1400 euros simplesmente para obter um NIF português. Ou ainda quando lhe passou 85 mil euros para uma conta no Deutsche Bank - no dia 3 de junho do ano passado - para a compra de uma propriedade na zona centro. (…) O DN ouviu muitas outras queixas semelhantes. Uma, no valor de 140 mil euros. "Era tudo uma confusão", diz a francesa L., ela própria uma das vítimas da alegada má prática. No caso dela, segundo conta, foi a constituição de duas empresas de que ela e o marido, luso-francês, precisavam para começar a trabalhar no ramo de ginásios e do imobiliário quando se mudaram para Portugal, em 2017. "Eu queria desempenhar legalmente a minha atividade, ele propôs fazermos duas empresas, uma no offshore de Cabo Verde e outra na Madeira. Dizia que era mais fácil para quem trabalhava com estrangeiros. Levou-nos dez mil euros e desapareceu por uns meses. De fevereiro a setembro." Todas as relações com Pedro Pardal Henriques eram feitas através da empresa Pelicanus Corporate Advisors - com sede na morada da atual empresa de advocacia International Lawyers Associated, nas Avenidas Novas, em Lisboa, que é a mesma do sindicato. Empresa onde L. foi com o marido pedir contas. Esta empresa está registada como Pelicano Expedito, consultadoria para gestão e negócios, em 2016, ou seja, antes de o advogado ter cédula profissional (com o número 57078P), o que só aconteceu em junho de 2017. "Ou seja, quando o conheci ainda não era advogado", diz L. As empresas que Pedro Pardal Henriques iria constituir não chegaram a ser aprovadas pela Zona Franca da Madeira. "Nem conseguimos abrir uma conta bancária", diz. E ainda está, com outro advogado, a tentar resolver a situação, nomeadamente a tentar liquidar a empresa, porque o advogado não lhe deu os documentos necessários. "Segundo ele nos contou, teria criado mais de 17 empresas na mesma morada da Madeira", na Rua Câmara Pestana, segundo documentos consultados pelo DN.» Catarina Carvalho, in Advogado líder de camionistas com queixa-crime por burla - DN. Entretanto, as quotas pagas pelos 800 sócios do sindicato já deverão contribuído para pagar o Maserati. 

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