sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Bico calado

  • José Silvano, deputado e secretário-geral do PSD, faltou a duas reuniões no Parlamento mas alguém usou a sua senha para registar a sua presença. Uma das reuniões era sobre Transparência. Questionado sobre este problema, Rui Rio deu música ao repórter do CM em alemão. Parece que, em língua portuguesa, já não tem mais nada para dizer. Refira-se que Silvano é Comendador da Ordem de Mérito, título atribuído pelo presidente da República Cavaco Silva. Premonitoriamente, João Quadros já escrevera o seguinte, no Jornal de Negócios de 23mar2018, o seguinte: «O meu único receio é o facto de José Silvano ter sido condecorado por Cavaco Silva, e nós sabemos como acabaram a maioria das pessoas que foram condecoradas pelo velho Aníbal.» 
  • «Não é preciso conhecer a fundo o pensamento de Rui Rio para se perceber que ele não expressa com precisão o que pensa quando resume o caso que envolve o seu secretário-geral, José Silvano, a uma banal “questiúncula”. O Rui Rio presidente da Câmara do Porto olharia o comportamento de Silvano como mais um sinal de decadência da política partidária. O Rui Rio que existiu fora dos altos cargos partidários invocaria logo a mais alta exigência ética de quem representa os cidadãos para desancar o deputado que fez o registo na plataforma electrónica do Parlamento e depois se evaporou. O Rui Rio que se fez eleger para o cargo de presidente do PSD prometendo um “banho de ética” condenaria qualquer deputado que desse um salto a correr ao Parlamento para sair logo após com o desgastado pretexto do “trabalho político” em que tudo cabe. Rui Rio diz que o que se passou não é bonito, mas, na sua nova visão da política, a latitude da exigência ética passou do rigor extremo a uma misteriosa complacência. Convém perguntar porquê. (…) ao manter por exclusivas razões de sobrevivência política uma tolerância para com comportamentos que envergonham a política e arrasam a credibilidade do Parlamento, Rui Rio afunda o PSD e acaba por destruir o capital político que acumulou nos últimos anos: o de um homem de valores inflexíveis, movido exclusivamente por princípios. A política de casos sucessivos tem o condão de lavar mais branco e é provável que daqui a um mês ou dois já ninguém se lembre da desfaçatez (para ser simpático) de José Silvano. Mas este episódio serve para reforçar a ideia de que o discurso moralista que Rui Rio usou na prática política, tantas vezes reforçado com farpas contra os magistrados ou os jornalistas, começa a soar a falso. (…)» Manuel Carvalho, in Público 8nov2018.
  • «Em Lisboa, brasileiros em amena cavaqueira encostados ao balcão do café a falarem com orgulho de Salazar. Diziam que no tempo dele existia ordem e respeito. Respeito há agora, porque, tanto eu como o empregado do café, não os mandamos à merda.» Pedro Tomás, Twitter.

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