quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Bico calado

  • «Há pessoas que, em vez de exibirem o currículo feito ao sabor dos seus desejos, deviam esconder o cadastro que tropeça nos factos. (…) Cavaco Silva descansou eventuais leitores, ao afirmar que termina a prestação de contas aos portugueses, contas que ninguém lhe pediu, onde é copioso nas acusações que faz e omisso nas explicações que deve. O ex-PR sabe que a Constituição o protege de qualquer prestação de contas e da mínima investigação no Conselho de Estado, razão por que devia dar as explicações que não se podem confirmar, em vez de fazer acusações que ninguém pode desmentir. Ele sabe que o grande colar da Ordem da Liberdade não o faz democrata, como a oferta de uma cátedra não transforma Passos Coelho em académico. Cavaco tem memória seletiva, apesar de ter um gabinete vitalício, eficaz a guardar-lhe os papéis e a registar-lhe as intrigas. Não escreve sobre o que os portugueses pretendem, divaga sobre o que gostaria que acreditassem. Não esclarece como foi parar à vivenda de Ricardo Salgado, e com quem, a preparar a primeira candidatura vitoriosa a Belém, mas diz que adivinhou que este governo duraria toda a legislatura. (…) O parolo de Boliqueime descai-se a dizer que o PSD ofereceu o ministério das Finanças ao CDS, dada a alegada incompetência de Maria Luís, e foi Paulo Portas que recusou, deixando Cavaco e o Opus Dei sem o ministro óbvio, Bagão Félix. (…)» Carlos Esperança, FB.
  • Há anos que os sauditas sequestram dissidentes no estrangeiro e os devolvem ao Reino para serem mortos secretamente, escreve Craig Murray*. Em 14 agosto de 2017, a BBC referia o rapto e «desaparecimento» de 3 príncipes sauditas entre 2015 e 2017. Mas enquanto o «desaoarecimento dos 3 príncipes não provocou qualquer alarido mediático, o de Khashoggi conseguiu-o por ele ser ocidental e jornalista do norte-americano Washington Post. «É extraordinário que os crimes de guerra sauditas no Iémen, a sua repressão militar à democracia no Bahrein, as suas frequentes execuções de dissidentes, defensores dos direitos humanos e figuras xiitas, até mesmo a prisão de feministas, tenham tido pouco impacto no Ocidente. Mas o horrível assassinato de Khashoggi atraiu a imaginação do público e forçou os políticos ocidentais a pelo menos fingir que querem fazer algo sobre os sauditas, cuja riqueza anseiam. Espero que qualquer sanção seja fumaça e espelhos.» É que o Reino Unido vai continuar a vender armas à Arábia Saudita… *Embaixador britânico no Uzbequistão (2002-2004) 


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