sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Bico calado


  • A embaixadora de Israel em Paris, Aliza Bin-Noun, pressionou um canal de televisão para retirar da sua programação uma reportagem sobre os palestinianos baleados pelo exército israelita na Faixa de Gaza ocupada, conta a YNet. O documentário intitulado "Adolescentes com deficiência de Gaza" foi passado na France 2. Nele se discutia as estórias de vários jovens palestinianos que perderam as pernas depois de serem baleados por atiradores da FDI e que falavam dos seus sonhos desfeitos. Um dos adolescentes disse que o seu sonho era ser ciclista.
  • «Os políticos não são especialistas. Não o devem ser. Os especialistas têm o saber técnico, aos políticos são exigidas outras qualidades: imaginação, capacidade de negociar e de mobilizar vontades, conhecimento do aparelho de Estado, capacidade de lidar com a incerteza e com as forças que se movem na sociedade. Tudo coisas que a esmagadora maioria dos técnicos não conseguiria fazer. Os cemitérios políticos estão pejados de extraordinários académicos. E não faltaram pessoas com pouco ou nada a ver com as áreas a marcar pontos nas suas pastas: António Costa foi um excelente ministro da Justiça (e ser jurista não faz dele um especialista), Paulo Macedo foi elogiado como ministro da Saúde e o fundador do SNS foi um advogado. Para onde devem ser escolhidos especialistas é para lugares técnicos. O facto de ministros e secretários de Estado se rodearem de boys partidários em vez de serem assessorados por especialistas é que deve merecer crítica. E ainda mais quando enchem o Estado, em lugares que são de confiança política mas não correspondem a cargos políticos, pessoas que não são da área. Ou, caso mais ainda grave, quando escolhem para entidades reguladoras deputados. A regulação, sendo uma função política do Estado, depende de conhecimento técnico. Mas a competência técnica de ministros e secretários de Estado é a política. E devem rodear-se de técnicos para tomar boas decisões políticas. Sempre assim foi e qualquer debate que desqualifique um governante apenas por não ter currículo técnico na área é tonto e ignorante em relação à longa história de excelentes ministros que o foram apenas por serem excelentes políticos. Não me recordo de alguém alguma vez se ter perguntado quais eram as qualificações de Assunção Cristas para a Agricultura ou de Aguiar Branco para a Defesa. (…)» Daniel Oliveira, in Expresso.
  • Investigações da ProPublica e da WNYC revelam que Trump enganou investidores e compradores em negócios em todo o mundo. Aliás as trapaças deste «tipo» parecem infinitas. «As relações financeiras de Donald Trump com a Arábia Saudita acabaram de ser denunciadas... por ele mesmo. O presidente dos EUA afirmou recentemente num tweet que não tinha interesses financeiros no país. Mas isso não parece ser toda a verdade. Porque num vídeo de há alguns anos, Trump orgulha-se das suas relações financeiras com cidadãos sauditas ricos.» Via The Canary.
  • Os Ismail pai e filho, rei dos camarões-tigre de Madagascar, recorrem a circuitos financeiros offshore para rentabilizar os milhões de dólares obtidos na exportação de crustáceos. Ilhas Virgens britânicas, Mónaco e Luxemburgo fazem parte do seu circuito de «otimização» financeira. Le Monde.
  • Como durante 70 anos o NYTimes descreveu os reis sauditas medievais e brutais como progressistas e reformadores. Jaddaliyya.

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