terça-feira, 22 de maio de 2018

Bico calado

Imagem colhida aqui.
  • O Suddeutsche Zeitung pediu desculpas públicas e dispensou o seu cartoonista de 85 anos, Dieter Hanitzsch. Tudo porque publicara um cartoon com o primeiro-ministro israelita, com um míssil na mão, no palco do festival da Eurovisão, a dizer «Em Jerusalém, no próximo ano». MEM.
  • «(…) Sabe-se que a história se repete sempre como farsa. E, se recordarmos, a carreira de Benito Mussolini começou em Itália quando conquistou os adeptos dos estádios de futebol. Berlusconi aprendeu a lição. E agora o Estado democrático defronta-se, pela primeira vez, com um populista a sério: Bruno de Carvalho. Isto porque o problema já deixou de ser clubístico: é político. As ameaças de Bruno de Carvalho (processar o presidente da Assembleia da República e criticar Marcelo) mostram o caminho minado por onde se corre. Sem nada a perder, tem uma estratégia: a culpa é dos outros, dos inimigos internos e dos políticos. Desde o início que o seu discurso era claramente populista, mas só se aplicava ao futebol. Agora chegou ao nível seguinte: ao disparar sobre os políticos, Carvalho está a criar o primeiro movimento populista de características futebolístico/políticas de que há memória em Portugal. (…)» Fernando Sobral, in A idade do populismoJNegócios.
  • «(…) Há ainda uma terceira responsabilidade e não é menor. É a mão comunicacional, a mobilização pelo negócio do futebol da colonização do espaço público através de uma estratégia obsessiva. O futebol tem que ocupar toda a fantasia, tem que dominar a imaginação, tem que ser viciante como uma droga, tem que ser omnipresente. Há nesse processo um ganho de escala: quanto mais presente está, mais é necessário o futebol. Por isso, a televisão, e não o estádio, passa a ser o lugar da exibição, revivida em comentários ad nauseam, que é alimentada por uma casta de atores que representam um papel, o do comovido ou o do furibundo adepto. O último é o que tem mais sucesso. Talvez o melhor exemplo, um caso de estudo, é o de Pedro Guerra. Ele vem do “Independente”, onde aprendeu as manhas da comunicação, foi depois assessor ministerial na Defesa, com Portas, fez notícia porque o seu salário era maior do que o do ministro, passou a assessor parlamentar do CDS e é agora diretor da Benfica TV e comentador de um canal cabo. O estilo é o personagem: levanta-se, ameaça, gesticula, grita — e faz escola. É assim que se quer um puxador de audiências, é o enfático que vale, não é o argumento. O ‘pedroguerreirismo’ da televisão do futebol é o carimbo para a violência no futebol. (…)» Francisco Louçã, in A chatice é só saber-se – Expresso 20mai2018 – via A estátua de sal.
  • O Washington Examiner publicou um artigo de Tom Rogan a defender o bombardeamento da ponte de 11,2 milhas que liga a península de Taman de Krasnodar Krai com a península de Kerch. Já imaginaram um jornal russo publicar um artigo a defender o bombardeamento de uma ponte como a de San Francisco?
  • «(…) Apenas corroborar que, conhecendo a intenção de António Costa em ali comparecer, Marcelo tudo faria para não lhe dar a oportunidade de ficar com o palanque das personalidades vip só para si. Ele sabe que o seu protagonismo pode vir a ser suplantado pelo do primeiro-ministro conquanto os cidadãos se apercebam que um planeia, executa e consegue resultados, enquanto o outro apenas replica a função de corta-fitas, que já era a do distante antecessor de quem o pai foi obsequioso ministro. A preocupação em estar sempre no centro do palco é tão notória, que a criação da dúvida sobre se iria ou não ao Jamor só serviria para potenciar as vantagens de ter em si concentrados os focos das objetivas dos fotógrafos ou dos operadores de câmara das várias televisões. Porque estas alimentariam até ao último momento a dúvida sobre a sua opção nunca deixando de o ter como prioridade no alinhamento das suas notícias. (…)» Jorge Rocha, in Quem duvidava que o homem das selfies iria mesmo lá?Ventos Semeados.

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