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Glen Conlan.
- «Mas não pensem que Rio é um estudioso de dossiês. Não. Conhece-os pela rama. Mas tem uma enorme capacidade de apreender o essencial dos mesmos e de construir um discurso, normalmente básico e lógico, capaz de convencer (ou iludir!) aqueles que o ouvem. E, embora criticando o populismo, constrói muito do seu discurso à custa desse mesmo populismo - a erradicação de arrumadores, a demolição do Aleixo "para acabar com a droga", o combate aos "subsídio-dependentes" da cultura, a tese do político antipolítico (que bebeu em Cavaco, que é muito mais o seu referencial do que Sá Carneiro). Rio é um interlocutor de confiança. Com quem se pode negociar sabendo-se que cumprirá o acordado e que os pormenores da negociação não sairão da sala onde decorreram. Move-se, para além das suas convicções, por ódios de estimação (o que o faz perder racionalidade). Menezes será o caso mais evidente, mas muitos mais existem. Quem entrar para o seu índex (que inclui potenciais adversários internos ou externos) sabe que o terá à perna, muitas vezes com tentativas de assassinato de caráter, sendo que frequentemente atirará as pedras por intermédio dos seus próximos, escondendo a mão. Se arranca numa direção, dificilmente se afastará da mesma, nem que ganhe a consciência de que está num beco sem saída. Preferirá, nesse caso, criar uma manobra de diversão a reconhecer o erro. O caso do Bolhão, em que o seu modelo de privatização fracassou, é um exemplo, não reconhecendo razão a quem o tinha avisado do mau caminho, preferindo sacar um coelho da cartola (ia avançar as obras a custas da Câmara) que depois (como se sabia) não concretizou. Adora a sua imagem (ou a imagem que de si procura construir) e sofre dolorosamente com tudo (e com todos) o(s) que a possa(m) pôr em causa. O que o faz disparar, fazendo exatamente aquilo que critica aos outros (mas que, sendo feito por si, é justificável...). Critica a falta de isenção da Comunicação Social, mas foi tudo menos isento na utilização dos meios de comunicação da Câmara. Critica as fugas ao segredo de justiça, mas não se coíbe de promover fugas para a Comunicação Social de processos em segredo de justiça. Põe em causa a honestidade de Elisa Ferreira por ser apoiada por promotores de empreendimentos no Parque da Cidade, mas não vê problemas em fazer, no bairro do Aleixo, parcerias com o sócio de Duarte Lima...(…)» Rui Sá, in O Rui Rio que eu conheço - JN 21fev2018.
- «Juncker sentiu necessidade de nos dizer que "Barroso não é um gangster". E tem toda a razão. Os gangsters vão para a prisão, os Barrosos vão para as Goldman-sachs.» Filipe Tourais, FB. A propósito, vale a pena ouvir Barroso, o meloso, in Mata-bicho de 21fev2018.
- «(…) Luis de Guindos foi apresentado esta segunda-feira como o sucessor de Vítor Costâncio na vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE). (…) o homem era o chefe do Lehman Brothers para Portugal e Espanha em 2008. O banco faliu em setembro desse ano, e foi esse o momento de viragem a partir do colapso do subprime: o mercado desbancou, o efeito dominó varreu o mundo e mergulhámos na recessão. (…) já ministro de Rajoy, foi um dos operadores dos resgates bancários que custaram 122 mil milhões de euros em Espanha, 60 dos quais injetados no capital de diversos bancos, com sucesso variado: o CAM foi engolido pelo Sabadell, o Banco de Valencia pelo CaixaBank, o Catalunya Banc pelo BBVA, e o Bankia foi consolidado, como se dizia antigamente. (…) E depois veio o Banco Popular, vendido do dia para a noite ao Santander pela quantia mágica de um euro, na base de uma avaliação da Deloitte que ainda hoje é secreta. A vida sorri quando se joga com milhares de milhões de euros de dinheiro público e quando se consegue uma concentração bancária que nem a ditadura nem a democracia tinham alcançado. Guindos merece o BCE por saber conduzir as coisas. Merece ainda a vicegovernatura por uma outra razão. (…) Amigo e temente do Opus Dei, sabe que obedece quem deve e manda quem pode. Ei-lo, cinco dias depois do referendo da Catalunha, a decretar como as empresas podem mudar a sede social e a anunciar uma fuga de capitais, para defender mais o rei e a grei do que a economia. Guindos merece o BCE porque é disto que Frankfurt precisa, um expedito decisor, um excelso banqueiro e um político arrematado. Com amigos assim, que ninguém nos pergunte se a Europa tem futuro, ou sequer algum tino.» Franciasco Louçã, in Com amigos assim, bem o merecemos – Expresso Diário 20fev2018 – via A estátua de sal.
- «Caiu muito mal no PSD a escolha de Elina Fraga para vice-presidente. Especialmente entre os adversários de Rui Rio, a escolha representou uma afronta para o governo Pafioso. No dia seguinte a comunicação social fez jus ao seu papel de apoiante do governo Passos/ Portas e divulgou a notícia de que a ex-bastonária dos advogados está sob investigação. A celeridade em inquinar a escolha de Rui Rio, não explica apenas o estado a que chegou a justiça. Mostra também como a comunicação social assume, sem complexos, que a sua missão não é apenas informar. Tem uma agenda que passa, indubitavelmente, pelo apoio à direita mais retrógrada que governou o pais desde 1974. E se para isso for necessário recorrer à "vendetta", há media e jornalistas que não hesitam fazê-lo.» Carlos Barbosa de Oliveira.
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