sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Bico calado

  • «(…) Apareceu há cerca de dois anos uma nova espécie de eucalipto, o eucalyptus belenensis, que rivaliza com as outras seiscentas espécies, sendo a predominante o eucalyptus globulus. Apesar da chegada tardia desta nova espécie, o certo é que refinou as características de todas as outras; numa visão darwiniana dir-se-á que concentrou em si todas as capacidades de se impor seja qual for o tipo de solo. (…) O eucalipto de novo tipo está a secar toda a floresta que cobria o país de Norte a Sul. Na verdade, a enfermidade (segundo os serviços florestais) é a infiltração na paisagem política de tal modo que há previsões de asfixia do ambiente político, embora de modo gradual. Isto porque o eucalipto de Belém atrai para si todas as antenas responsáveis por captar a seiva de que se alimentam as diversas árvores que compõem a paisagem política portuguesa. As mutações genéticas na nova árvore têm efeitos prodigiosos comparáveis às dos humanos; é o caso da espantosa capacidade de aparecer em todo o lado através dos seus múltiplos ramos fluorescentes. O eucalipto de Belém é tão fluorescente que atrai multidões de jornalistas e similar à da luz em relação aos insectos. Trump irá em breve tuitar que o eucalyptus belenensis é uma prova que não há alterações climáticas, pois a seca se deve a este tipo de árvores.(…)» Domingos Lopes, in Eucalyptus belenensis, o eucalipto de Belém - Público 3jan2017.
  • «(…) isso significa que 30 mil militantes pagaram a quota anual de 12 euros no último dia do prazo, o que é pouco menos de metade daqueles que poderão votar no dia 13 de Janeiro (70 385, segundo a secretaria-geral do PSD. (…) em pouco mais de um mês os militantes com direito de voto quase triplicaram. Isto deveria levar qualquer agremiação decente a concluir que tem um problema grave entre mãos, e que tudo aponta para a constituição de sindicatos de voto. Infelizmente, não estamos a falar de agremiações decentes. É verdade que o regulamento de quotizações aprovado em 2014 proíbe “o agrupamento de quotas de diversos militantes num mesmo pagamento”, mas isso só obriga quem paga quotas alheias a ter de se deslocar mais vezes ao multibanco ou a passar mais horas a introduzir dados no computador. A trafulhice é mais trabalhosa, mas não deixa de ser praticada. E a questão é: estará realmente o PSD interessado em acabar com ela? Tudo indica que não. Do débito directo às eleições primárias com simpatizantes (como fez o PS em 2014), não faltam alternativas para aumentar o número de eleitores e tentar combater o caciquismo. Só que os caciques têm muita força: quanto mais quotas pagarem e mais militantes transportarem, mais favores recolhem junto dos líderes que ajudaram a eleger. A caça ao militante de última hora é uma prática vergonhosa e cada vez menos admissível num tempo em que a denúncia da pequena trafulhice está ao alcance de um clique. Infelizmente, o PSD tarda a perceber isso. Resultado: qualquer líder do PSD começa sempre mal. Ninguém consegue pegar na laranja sem primeiro sujar as mãos.» João Miguel Tavares, in O PSD tem um problema com o débito directoPúblico 4jan2017.
  • «(…) Para quem a ditadura não constitui problema, o financiamento dos partidos pelo Estado é sempre um crime, ao contrário do que acontece com as IPSS, bombeiros, fundações e comissões fabriqueiras paroquiais. Permite-se destinar 0,5% a instituições de interesse duvidoso e impossibilidade de escrutínio, mas não se permite aos partidos beneficiar do mesmo privilégio. A Fundação Sousa Cintra, por exemplo, é de interesse público, mas os partidos políticos são a lepra que corrói a União Nacional, de saudosa memória. Combater os partidos e os políticos é uma obrigação nacional, tão ingénua ou crapulosa como admitir que todas as IPSS são sempre beneméritas, todos os sacerdotes incapazes de fazerem mão baixa da arte sacra e todos os bombeiros incapazes de atearem fogos. Mas há partidos beneficiados! No financiamento partidário, independentemente da solução que vier a ser encontrada, o pior que pode suceder é deixá-lo à mercê do poder económico e financeiro. Sempre me assustaram os seráficos líderes partidários que se indignam com a isenção de impostos à Festa do Avante e reivindicam apoios governamentais aos colégios privados.» Carlos Esperança, FB.
  • «(…) mas quanto a Delgado, de onde vêem os milhões? É um excêntrico dos da Santa Casa a quem saiu o euromilhões? É que, segundo os registos da tal Acredite na notícia, Delgado é o único proprietário da empresa, que é, portanto, uma Unipessoal. Os milhões em contado são dele, as responsabilidades por empréstimos também. Ele possui bens para os garantir, ou vai tudo para o saco do mal-parado? Há bancos metidos ao barulho? Trata-se de uma habilidade burocrática para com, esta venda aparentemente difícil de acreditar, transferir dinheiro para Balsemão? Enfim, em que acreditar numa empresa que nos propõe acreditar e só nos cria dúvidas e dá motivos para desconfianças?» - Carlos Matos Gomes, FB.
  • Israel pondera aprovar a pena de morte… apenas para prisioneiros palestinianos, escreve o Middle East Monitor.
  • Soldado israelita suicida-se na sua base, conta o The Jerusalem Post. Aliás, 16 soldados israelitas suicidaram-se em 2017.

Sem comentários: