sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Bico calado

  • «A primeira página do Público de hoje merece ser vista e revista, lida e relida, pensada e repensada. Os jornalistas do Público dizem num único título o Estado a que a democracia portuguesa chegou, dizem-no de forma espontânea (…) “Partidos aprovaram bónus de milhões sem dizer nada a Marcelo”, ao que isto chegou! Quem poderia imaginar que um dia os partidos deste país tivessem a coragem de alguma vez fazerem a este Marcelo o que a ANP, nem mesmo os deputados da ala liberal, alguma vez ousaram fazer ao outro Marcelo, por coincidência o padrinho deste. Ao que isso chegou, os partidos andarem a decidir coisas no parlamento sem dizerem, isto é, sem pedirem autorização a Marcelo! (…)» O Jumento.
  • «Excelentíssimo Senhor Presidente (do Conselho), Excelência, Pedindo desculpa do tempo que tomo a Vossa Excelência, vinha solicitar alguns minutos de audiência (…). Seria possível, Senhor Presidente, conceder-me os escassos minutos que solicito? (…) Acompanhei de perto (como Vossa Excelência calcula), as vicissitudes relacionadas com o Congresso de Aveiro, e pude, de facto, tomar conhecimento de características de estrutura, funcionamento e ligações, que marcam nitidamente um controle (inesperado antes da efectuação) pelo PCP. Aliás, ao que parece, a actividade iniciada em Aveiro tem-se prolongado com deslocações no país e para fora dele, e com reuniões com meios mais jovens. Como Vossa Excelência apontou, Aveiro representou, um pouco mais do que seria legítimo esperar, uma expressão política da posição do PC e o esbatimento das veleidades «soaristas». O discurso de Vossa Excelência antecipou-se ao rescaldo de Aveiro e às futuras manobras pré-eleitorais, e penso que caiu muito bem em vários sectores da opinião pública. Com os mais respeitosos e gratos cumprimentos, Marcelo Rebelo de Sousa». in «Cartas Particulares a Marcello Caetano», organização e seleção de José Freire Antunes, vol. 2, Lisboa, 1985, p. 353 - Via Abril de Novo Magazine.
  • «(,,,) Come-se muito melhor no Norte do que no resto do país. Uma das razões é que as pessoas do Norte estão sempre atentas ao que comem. Exigem comer bem e sempre que isso não acontece queixam-se, primeiro com a boca, atacando a aldrabice e depois com os pés, nunca mais lá voltando. (…) Aqui em Lisboa a cultura da queixa directa está há décadas em declínio, à medida que grassa a queixinha cobarde e desonesta de quem se quer vingar dum restaurante só porque não arranjou mais uma mesinha para sentar os priminhos que apareceram do nada. (…) Aqui somos cúmplices nas aldrabices, preparando-nos de antemão para sermos aldrabados. Sabemos tanto!» Miguel Esteves Cardoso, in Bem podes esperar – Público 28dez2017.

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