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- «A futebolização da vida política e social portuguesa, transformou a formação cívica numa mera futebolada entre duas equipas de bairro. Talvez por isso os tugas não consigam descortinar a diferença entre uma fulana que utilizou em proveito pessoal uns milhares de euros, mas criou uma instituição que faz um trabalho meritório e um burlão brasileiro que explora a crendice de milhares para enriquecer e não tem qualquer pejo em usar crianças para prazer pessoal.» Carlos Barbosa de Oliveira, in Crónicas do Rochedo.
- «(…) Como 75% dos recursos da Raríssimas não são públicos, não é o Estado que anda a ver se gastam o dinheiro em gambas e vestidos. Isso cabe aos órgãos da própria associação. (…) O que a Assembleia Geral aprova são as contas, conhecendo as grandes rubricas. Não estão lá as gambas e os vestidos. Desde que as IPSS foram dispensadas de ter revisores oficiais de contas, que teriam deveres diferentes, a Assembleia Geral só poderia conhecer esses abusos se o tesoureiro os reportasse. Esperou seis anos, em que colaborou com a trafulhice, para o dizer. Não à Assembleia Geral, como era seu dever, mas à TVI. Atribuir a cargo de vice-presidente da Assembleia Geral um papel de cúmplice deste tipo de irregularidades só pode resultar de má-fé ou ignorância. (…) Penso que uma das coisas a que estamos obrigados a fazer, como cidadãos, depois desta indignação, é a apelar para que haja uma direção que transmita credibilidade, para que os apoios regressem e para que os utentes continuem a ter o ajuda que precisam. (…) A tentativa de transformar este caso numa espécie BPN do PS, que alguns comentadores mais ativistas e imaginativos tentam ensaiar, diz tudo da má-fé com que algumas pessoas estão a lidar com este caso. Mas é natural que o debate acabe sempre assim. A maioria dos portugueses sabe o que são os partidos mas nunca meteu os pés numa associação. E essa anemia da nossa sociedade civil ajuda a explicar muito do que deveríamos estar a discutir com este caso: porque temos uma sociedade civil tão frágil, totalmente dependente do Estado e que todos esperam que seja tutelada por ele.» Daniel Oliveira, in Raríssimas: como todos os debates acabam - Expresso Diário 14dez2017, via Estátua de sal.
- «(…) Longe, como o caso Raríssimas demonstra, de serem entidades inocentes, as IPSS não são todas iguais nem o único problema. A situação verifica-se em muitas associações e é bem visível, por exemplo, no desporto, onde os clubes procuram, e conseguem-no, frequentemente, ter nas suas direções políticos e outras personalidades influentes junto de quem gere os dinheiros públicos. Claro que esta relação, tantas vezes promíscua, é fomentada pelas duas partes. Basta recuar um pouco e olhar para o que se passou na última campanha autárquica para perceber que se, por um lado, as associações procuram chegar perto do poder, também os políticos as procuram, sobretudo quando estão em campanha, prometendo, até, aquilo que não podem cumprir, num simples exercício de caça ao voto.(…)» Vitor Santos, in Caráter raríssimo - JN 14dez2017.
- A direita, os escândalos e a memória, por Carlos Esperança, FB.
- «(…) Se Paulo Azevedo e o Grupo Sonae quiserem fazer um exercício de “responsabilidade social” podem começar por pagar melhor aos produtores agrícolas, aos funcionários dos hipermercados e, porque não, passarem a pagar todos os impostos em Portugal? Há pobres que retiram daqui algum benefício? Claro que há! Mas o benefício da SONAE e da Jerónimo Martins é muito maior. O benefício da TVI idem e o mesmo se diga das referidas “caras” que participam nos anúncios de produções milionárias. Todos ganham… até os pobres, eventualmente. Uns poucos ganham muito. Os pobres, que são muitos, ganham pouco. Esta é até uma boa maneira de os manter sossegadinhos não vão lembrar-se de roubar um shampoo e um pacote de fiambre. (…)» João de Sousa, in Os milionários negócios da pobreza – Missão Continente - Jornal Tornado.
- «(…) A SCML tem o monopólio dos jogos que financiam as suas nucleares actividades sociais e prestativas. Pegar não numa minudência, mas em 200 milhões dos resultados desse privilégio legal para entrar no capital de um banco nestas condições viola todos os princípios inerentes à SCML: o da proporcionalidade dos fins estatutários, o da probidade institucional, o do equilíbrio estrutural de balanço (os 200 M são cerca de 1/3 dos seus “capitais próprios”), o da matriz cristã que a enforma (ou deveria enformar) e o do respeito pela opção preferencial no apoio aos mais desprotegidos. Em suma, dar à banca, em desfavor dos necessitados. Ou será que as necessidades sociais de Lisboa já estão tão exaustivamente cobertas que os 200 M são puro excedente? Como o saco mutualista já foi espremido, agora a solução está no saco da SCML. Sabe-se que o MG vem realizando um trabalho meritório para ultrapassar problemas, mas como é público, nas contas do seu accionista, o valor contabilístico do MG está claramente inchado. Dar 200 milhões por 10% do MG significa que o capital valerá 2.000 milhões, mais do que o valor cotado do BPI ou mais de metade do BCP. E o que dizem as autoridades sobre tudo isto? Fingem que nada se passa para tudo avançar entre festejos natalícios? E o Banco de Portugal nada acautela? E esta forma de, através da SCML, se injectarem dinheiros públicos (sim, públicos) sem afectar o défice ou a dívida pública, é politicamente legítima? (…) António Bagão Félix, in Santa Casa da Misericórdia? Chega de hipocrisia. - Público 14dez2017.
- Rui Rio, candidato à liderança do PSD, recebe 21 mil euros anuais como vice-presidente da Assembleia Geral da Ordem dos Contabilistas Certificados. Sábado.
- «O artigo do PÚBLICO que noticiou a queda de fragmentos do Templo Romano de Évora teve menos de sessenta partilhas no site deste jornal. Uma ínfima fração das dezenas de milhares de partilhas que teve o famoso caso do jantar no Panteão Nacional. Para um monumento que está naquele lugar há dois mil anos não houve petições com milhares de assinaturas, debates apressados na Assembleia da República, intervenções de líderes partidários, comentários nos programas de fim-de-semana. Nada. E trata-se, se é possível comparar, de um monumento de maior importância. A que quase ninguém deu importância. Quando estava cair aos pedaços. Porquê? É simples: não havia ninguém para odiar. Pelo contrário, há gente para elogiar: a Direção Regional de Cultura do Alentejo e a Universidade de Évora agiram rápido e o monumento foi restaurado em seis meses. (…)» Rui Tavares, in Será a nossa necessidade de ódio impossível de satisfazer? - Público 15dez2017.
- «Today they took my son (Hoje levaram o meu filho) mostra o “cruel, desumano e degradante tratamento e punição de crianças palestinianas por parte do sistema de detenção do exército israelita, que parece estar difundido e institucionalizado”, lê-se no relatório da UNICEF. As crianças são detidas, geralmente, entre a meia-noite e as 5h. Soldados armados atam-lhes as suas mãos, tapam-lhes os olhos. Os meninos são vítimas de abusos físicos e verbais durante a detenção e o interrogatório. Não têm acesso a água, comida, casa de banho ou cuidados médicos. São coagidos a confessar coisas que não fizeram e ficam sem acesso às suas famílias e advogados. Desde 2000, estima-se que dez mil crianças palestinianas tenham sido detidas pelo exército israelita. A cada 12 horas, uma será detida, interrogada, processada e/ou presa, diz o relatório de 2013 da UNICEF.
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