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- Em 2014, Nelson Évora, campeão olímpico em 2008, acusou a discoteca Urban Beach de preconceito racial. Nas redes sociais contou o sucedido. «Éramos um grupo grande, 16 pessoas e com mesas pré-reservadas. Quando chegámos à porta negaram-nos o acesso. Disseram-nos que haviam demasiados pretos no grupo» NM.
- Curioso: quando a Comissão Europeia apresentou a diretiva contra a fuga aos impostos, o primeiro ministro britânico David Cameron decidiu abandonar a União Europeia. E nisso foi e tem sido apoiado pelos patrões dos media, nomeadamente o The Sun, o Daily Mail, o Sunday Times, o Daily Express e o Telegraph, aliás detidos por ricaços que defendem os interesses de milionários peritos na fuga aos impostos para paraísos fiscais. Nolan Jazimreg.
- A Suécia já tem 65 mil abrigos nucleares para 7 milhões de pessoas. Vai construir mais para poder abrigar mais 3 milhões. A Suíça já tem abrigos suficientes para todos os seus cidadãos. Com uma diferença: foram os próprios cidadãos que os pagaram. WP.
- «(...) quanto mais lamechice, menos reformas e menos mudanças. E de mudanças e reformas é que a nossa vida pública mais precisa. (...)Bem sei que atravessamos uma tragédia e as memórias vivas dessa tragédia estão por todo o lado. Compreende-se a emoção e seria mau que não existisse, e isso fez a diferença que tramou o primeiro-ministro e bem. Mas, passada a primeira e genuína impressão, naturalmente emotiva, há toda uma sobriedade que falta, há todo um momento em que há que dizer chega e passar para aquilo que é mais útil para todos, a começar por aqueles que perderam tudo nos fogos. Essa altura já passou há muito, e continuar no terreno do pathos, entre o genuíno e a exploração sentimental, não ajuda a resolver problema nenhum. Bem pelo contrário, é a melhor receita para uma política de má qualidade. (...) Não é que pense que o Presidente queira ser protagonista de uma política populista que coloque em risco a separação de poderes e pretenda um poder pessoal, mas os efeitos sociais de um estilo populista de fazer política são perigosos, para além do protagonismo pessoal do actual Presidente. Uma das razões desse risco é ajudar a criar um padrão de comportamento dominante que pressione tudo e todos a segui-lo num mesmo “estilo”. (...) A política que se move preferencialmente no terreno das emoções, seja com pretexto na corrupção, seja na reacção à criminalidade, seja nas causas de indignação anti-“sistema”, seja também na sequência de tragédias quer individuais, quer colectivas, tem efeitos devastadores na racionalidade, nas pressões sobre os tribunais e nas “sentenças exemplares”, no justicialismo face ao crime, na falta de uma solução equilibrada para o pagamento que a democracia deve fazer aos seus eleitos ou aos seus custos de financiamento, resultando sempre no alimento que dá ao populismo. O populismo moderno, cujo reservatório são as “redes sociais”, tem hoje uma capacidade de potenciação enorme à medida que as mediações fundamentais para a democracia entram em crise, a começar pelo jornalismo profissional, ou a hierarquia dos saberes, ou as instituições representativas. Uma democracia não pode viver sob uma espécie de ditadura dos afectos, o que não quer dizer que possa viver sem emoções. Mas trata-se de coisas distintas, sendo que, se se abafa o papel da racionalidade, o que acontece depois destes banhos afectivos, são muito más decisões, tomadas à pressa para dar um escape à pressão, mas que ou não mudam nada, ou, pior ainda, inquinam por muito tempo condições que a tragédia proporciona para realizar melhorias. Não é crueldade nenhuma perceber que a dimensão da tragédia facilita reformas reais, porque criou uma tábua rasa a partir da qual muitas medidas de raiz podem ser tomadas, porque o “mundo velho” ardeu e já não existe. Por exemplo, no caso dos incêndios, há medidas imediatas que não podem ser adiadas, e há medidas que devem ser adiadas para serem bem pensadas e decididas com discernimento. É este segundo caso que o populismo afectuoso atinge com a sua pressão do imediato. Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem. Não precisa de grandes inteligências, nem de grandes moralidades públicas, mas sim de bom senso e de honestidade básica. Exige uma enorme parcimónia na exibição pública e, sem dúvida, uma certa capacidade de comunicação aliada a uma severidade na fala pública. E precisa, como pão para a boca, de mais razão, menos soundbites, mais argumentos e menos espelhos em que se ouve, ou lê ou vê apenas aquilo de que se gosta, ou de imagens que nos manipulam o corpo pelos afectos e nos encolhem a cabeça.» José Pacheco Pereira, in Chamem o Antifluffy - Público 4nov2017.
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