quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Bico calado

Foto: Shams Qari/Barcroft Images
  • «Já sabíamos, desde setembro, que o caso Tecnoforma tinha sido arquivado pelo Ministério Público (MP). Na altura, Miguel Relvas, prevendo a novíssima tradição nacional, até exigiu um pedido de desculpas. Hoje sabemos que os investigadores antifraude da Comissão Europeia (OLAF) discordavam das conclusões a que chegou o MP. E que os resultados da investigação do OLAF, que foi solicitada pelo próprio DCIAP, foram ignorados pela Justiça. Ou seja, que o nosso Ministério Público pediu apoio a um organismo europeu e depois resolveu ignorar as conclusões e arquivar o caso. (…) não é fácil, olhando para o padrão do que tem sido o comportamento do Ministério Público em casos semelhantes, perceber um arquivamento que ignora acusações tão claras por parte dos investigadores do OLAF. A PGR já fez saber, através de fontes, que o processo deverá ser reaberto. O que ainda torna mais preocupante este arquivamento. Quanto à comunicação, a diferença de comportamento é ainda mais gritante. O órgão lateral do Ministério Público, o “Correio da Manhã”, ignorou o caso. Antes do relatório ser conhecido, não usou as suas fontes no MP para ter acesso a esta informação. E mesmo depois dele ser conhecido, não achou o tema relevante. O “Correio da Manhã” é sempre menos ativo na sua campanha pela moralização do Estado quando os envolvidos são da sua simpatia política. O problema é que o pouco destaque dado a esta notícia nos dias seguintes à publicação do trabalho de José António Cerejo foi generalizado. Um internauta deu-se ao trabalho de fazer as contas às referências nos principais jornais, sites e canais televisivos de informação. Concluiu que, entre 11 e 14 de novembro, houve 171 referências ao jantar no Panteão Nacional contra apenas dez ao caso Tecnoforma. E assim como nasceu, o assunto morreu. (…) Mas não é todos os dias que ficamos a saber que um organismo europeu acusa de fraude uma empresa em que o ex-primeiro-ministro teve um papel ativo importante. Também não é todos os dias que sabemos que o Ministério Público, contrariando o padrão do seu comportamento recente em relação a este tipo de criminalidade, ignora um relatório de uma estrutura europeia por si próprio solicitado e arquiva o processo. Seria natural, sobretudo olhando para os critérios editoriais da nossa comunicação social, que isto fosse tema. Foi quase irrelevante mesmo quando comparado com um “fait divers” requentado como os jantares no Panteão. Torna-se difícil vir com a conversa do “não culpem o mensageiro” quando o mensageiro é tão seletivo nas mensagens que nos traz…» Daniel Oliveira, in A Tecnoforma e o ensurdecedor murmúrio da imprensa - via A estátua de sal. E que dizer do silêncio do ubícuo, prolixo presidente-comentador acerca deste tema?
  • «(…) Hoje, com as acusações ao ex-PM Sócrates, esquece-se a situação deplorável do sistema bancário legado pela direita, o caso dos submarinos, a casa da Coelha, as ações da SLN, a Tecnoforma, as ruinosas privatizações da ANA, CTT, Águas de Portugal, TAP, BPN, BES, Banif, vistos Gold, etc., etc., e os nomes das estrelas ocultas da galáxia cavaquista. É tempo de a esquerda, em vez de se digladiar entre si, desmascarar os coveiros do País e os que se preparam para os substituir numa manhã de nevoeiro onde qualquer cadáver que ressuscite será anunciado como um D. Sebastião e promovido a salvador da Pátria.» Carlos Esperança, FB.
  • Os EUA acabam de assinar acordo de venda de misseis Patriot à Polónia no valor de 10,5 biliões de dólares. Tudo para apoiar o plano da Casa Branca para a Europa central e oriental, sugere um perito citado pela Sputnik News.

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