sábado, 14 de outubro de 2017

Bico calado

Foto: Luís Godinho, National Geographic.

«(…) Ele que tanto privou com Oliveira e Costa, Cavaco, Duarte Lima, com Miguel Macedo, com o irrevogável Portas, o homem dos submarinos que nunca foi devidamente investigado pela Justiça,  nunca deu por nada que indiciasse o “mau carácter” destes personagens? Só com Sócrates é que ele conseguiu antever indícios de mau comportamento moral e cívico? Onde andavas Pacheco, quando a escritura da Casa da coelha de Cavaco desapareceu? Não achaste estranho? Onde andavas Pacheco quando o caso dos submarinos foi arquivado tendo sido provada a existência de corruptores na Alemanha e de corrompidos em Portugal? Onde andavas Pacheco quando o BPN distribuía milhões pelos amigos do PSD e pela máfia laranja que o cercava?
E depois vem o Xavier falar dos milhões que circularam entre um determinado grupo dos arguidos acusados. Ó Xavier serias capaz de explicar todos os milhões que durante uma década circularam pelas tuas contas, e da tua família, se fossem passadas a pente fino? Garantes que tudo é limpo, legal e transparente? E as contas do teu patrono e amigo Belmiro de Azevedo? É um empresário “impoluto”, nunca pagou comissões a ninguém, nunca ganhou nenhum negócio “por baixo da mesa”? Talvez os herdeiros do banqueiro Pinto de Magalhães, que se viram espoliados de grande parte da sua fortuna, tenham alguma coisa a dizer sobre os métodos e o carácter desse tão aclamado empresário nortenho.
Como se só o Dr. Ricardo Salgado e Sócrates, a ser verdade aquilo de que os acusam, fossem a demonstração exemplar e única das más práticas do capitalismo, Ó Xavier, ó cínico e vendido comentador: em capitalismo, é raro haver grandes negócios que não sejam atribuídos e adjudicados sem que algo se tenha que atribuir a quem politicamente os decide e adjudica. As multinacionais e os seus gestores de topo, quando aterram num determinado país, têm já o perfil completo de quem vai decidir nas suas áreas de negócio, e até de quanto isso lhes vai custar. As escolas de gestão de topo discutem isto, ainda que de uma forma informal, e escrevem sebentas onde eufemisticamente falam em “práticas de estratégia negocial”. (…)» Estátua de Sal.

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