quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Bico calado

Animação de FrédéricVayssouze-Faure.
  • A Polícia Judiciária investiga alteração ao PDM de Cascais suspeita de beneficiar fundo imobiliário, conta o DN.
  • «(…) Que algumas das vítimas se prestem a encenar pequenos sketches perante as câmaras da TV, quase convertendo em paródia aspetos trágicos da sua existência, é, na verdade, lastimável. Mas é lastimável sobretudo para os profissionais da comunicação que a isso as incentivam e delas se aproveitam, transformando o seu desespero real em pobre arte circense, para gáudio e uso e abuso político de uns tantos. O despudor imoral de toda esta mistificação deveria provocar a mais gritante indignação de todos quantos têm da intervenção cívica uma visão, não digo elevada, mas decente. A situação de anomia pública a que chegámos nem sequer permite que essa necessária indignação se expresse. Muitos – e de todos os quadrantes– a quem verdadeiramente caberia transmiti-la parecem ter-se demitido de o fazer. Os poucos que o tentam ou são silenciados pelos meios de comunicação ou, pior, são por eles enxovalhados na arena mediática. Alguns, raros, ainda tentam resistir; outros, vexados, claudicam e deixam, quais “prima donnas” inexperientes, o espaço público àqueles que justamente tentaram denunciar. As instituições públicas, mais do que criticadas pelo seu desempenho, são mediaticamente achincalhadas, sem dó nem piedade, pelos “cães que ladram pelas vozes dos seus donos”, como dizia o poeta catalão Fèlix Cucurull. O que releva é desautorizá-las, pois, em algum momento, elas podem, ainda assim, resistir à demagogia e refletir a verdade que incomoda. Perante o óbvio desmascaramento de falsas situações noticiadas com estrondo, nenhum órgão de comunicação social que delas se fez eco se autocritica e nenhum profissional dos media que delas fez alarde parece sentir qualquer vergonha pelo papel que, nessa artimanha, lhe coube desempenhar. Preferem, por isso, entrevistar-se uns aos outros, justificando-se mutuamente com uma indulgência que não aplicam àqueles que lhes ordenaram enxovalhar. Talvez por isso, como em artigo recente do “El País” se dava conta, o jornalismo comece hoje a ser olhado, mais do que como um instrumento necessário da democracia, como um instrumento de dominação, apenas útil à manutenção do statu quo.» António Cluny in Necrofilia, incêndios e falta de decência – A vida e a lei, via Clube de Jornalistas.
  • «O populista não ouve o povo — põe palavras na boca do povo. O populista não quer unir o povo, mas dividi-lo. O populista não quer, aliás, saber do povo para nada. Quer saber apenas de si mesmo e do seu sucesso. A palavra “povo” como raiz do termo “populista”, na sua acepção contemporânea, é apenas uma triste coincidência e um dano colateral à partida. Na verdade, nós nem deveríamos chamar populistas a estes demagogos. Chamar-lhes apenas mentirosos e desonestos seria analiticamente mais rigoroso.» Rui Tavares in Os populistas não querem saber do povoPúblico 9ago2017.
  • Ari Harow, braço direito de Benjamin Netanyahu, está a depor contra o primeiro-ministro israelita. Tudo relacionado com investigações sobre alegados subornos recebidos por Natanyhau. Público.

Sem comentários: